A urgência da BYD
Eduardo Rocha
A urgência da BYD

Pré-estreia nacional

Song Pro, SUV híbrido que será feito no Brasil, tem preço e visual agressivos

por Eduardo Rocha

Auto Press

A chinesa BYD tem pressa em montar a gama de modelos mais completa possível no Brasil. A ideia é já ter uma posição consolidada no mercado antes mesmo de inaugurar a fábrica por aqui, em Camaçari – construída a partir da reconstrução da planta que a Ford deixou para traz quando abandonou produção no país. O início de produção deve ocorrer no final de 2024 ou início de 2025 e um dos modelos confirmados para ser montado é o SUV médio Song Pro, modelo híbrido plug-in que chega agora ao Brasil. Ele será vendido em duas versões de equipamentos, GL e GS, ambas com preço bastante agressivo: respectivamente R$ 189.800 e R$ 199.800. Esse preço vale para as 3 mil primeiras unidades e a previsão é que se esgotem entre dois e quatro meses.

Em relação às dimensões externas, o novo utilitário esportivo é até um pouco maior que o bem-sucedido Song Plus, com 4,74 metros de comprimento, ou 3 cm a mais. A altura, de 1,71 m, é também 3 cm maior. Onde realmente faz diferença, o Pro é menor. Caso da largura e do entre-eixos, que interferem no conforto interno, com 1,86 m (contra 1,89 m) e 2,71 m (contra 2,77 m). Mas o item que realmente vai separar os dois modelos é a tabela de preço. A única versão disponível para o Song Plus custa R$ 229.800, ou R$ 40 mil a mais que a versão GL do Pro e R$ 30 mil acima da GS.

Esta diferença acentuada faz com que a BYD tenha uma preocupação natural com a migração de vendas do Song Plus para o Pro. Ainda mais porque os dois modelos trazem muitas semelhanças na parte mecânica. Ambas trabalham com o motor 1.5 de quatro cilindros, mas no Pro ele rende 98 cv e 12,4 kgfm enquanto no Plus chega a 105 cv e 13,8 kgfm. Por outro lado, o motor elétrico praticamente iguala as coisas: ambos têm 235 cv, com 40,5 kgfm no Plus e 43 kgfm no Pro.

Essas especificações fazem com que o rendimento do Pro também seja ligeiramente superior, com aceleração de zero a 100 km/h em 7,9 segundos no Pro e 8,5 s no Plus. Ambos trazem tração dianteira e o mesmo câmbio epicicloidal de uma marcha. Por tudo isso, a expectativa é que parte das 1.700 unidades médias que o Plus vem emplacando mensalmente sofra autofagia do Pro, mas a soma dos dois modelos deve ultrapassar as 2.500 unidades.

Apesar das semelhanças, seguiram o mesmo conceito Ocean de design e de brigarem no mesmo segmento, o visual do Song Pro tem bastante personalidade. O SUV busca um ar jovial e traz um acabamento mais detalhado e fragmentado, principalmente na composição do para-choque dianteiro. A grade ocupa apenas a parte central da frente e chama a atenção a guarnição em alumínio que corre como um friso toda a base dos vidros e finaliza como uma cobertura da coluna traseira. Na traseira, as lanternas trazem leds horizontais e são conectadas por uma linha em led que sublinha o vidro traseiro.

Entre as duas versões do Song Pro, as diferenças são poucas. A GS traz a mais banco do motorista com ajuste elétrico, carregador de celular por indução e uma bateria maior, de 18,3 kWh (contra 12,9 kWh do GL). Com isso, a autonomia elétrica pelo InMetro do GS é de 68 km e do GL é de 49 km. A autonomia total chega, respectivamente, a 780 km e 760 km. A capacidade de recarga de ambos é de 6,6 kWh e para recuperar de zero a 100% da energia da bateria são necessárias três horas no GS e duas horas no GL.

No mais, ambos trazem acesso por aproximação com cartão ou celular, câmera panorâmica 3D de 360º, central multimídia com tela giratória de 12,8 polegadas sensível ao toque, conexão com internet, GPS integrado, controle automático de climatização de duas zonas, painel de instrumentos LCD de 8,8 polegadas, atualizações do sistema por internet, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, chave presencial, trio elétrico, volante multifuncional, direção elétrica, abertura elétrica do porta-malas, iluminação em led, faróis de neblina, sensor de luminosidade e de chuva. freio de estacionamento elétrico e ar-condicionado de duas zonas.

Esse pacote de equipamentos é bem semelhante ao do sedã King, que acaba de chegar ao mercado. É parecido inclusive em relação aos equipamentos de segurança. Ele conta com seis airbags, assistência de partida em rampas, controle de cruzeiro, monitoramento de pressão dos pneus. Mas estão ausentes os recursos ADAS para condução autônoma, já bastante popularizados no Brasil, como controle de cruzeiro adaptativo, monitoramento de faixa, alerta de colisão com frenagem autônoma, sensor de ponto cego etc. (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press)

Primeiras impressões

Versatilidade lógica

Os modelos híbridos são, certamente, os mais versáteis oferecidos atualmente pela indústria automotiva. E entre eles, os híbridos plug-ins oferecem ainda a possibilidade de funcionarem no dia a dia como 100% elétricos para uma grande base de consumidores e também permitirem viagens de qualquer tamanho, sem as limitações dos elétricos e os gastos dos motores a explosão. É nessa adaptabilidade que a chinesa BYD aposta para cavar um lugar no mercado brasileiro. O Song Pro é apenas o mais recente modelo dessa linhagem.

Dinamicamente, o Song Pro funciona preferencialmente como elétrico. E como tal, tem acelerações e retomadas vigorosas. Ainda mais nesse caso, em que se dispõe de 235 cv e nada menos que 43 kgfm. E tudo sob um silêncio de catedral. É possível também optar pela condução híbrida, mas com uma autonomia de 78 km, segundo o InMetro, mas ajustada no computador de bordo como sendo de 110 km, dificilmente o motor a explosão entra em ação se a bateria está carregada. No trajeto proposta, pelas ruas de São Paulo, o propulsor não deu sinal de vida.

O interior é muito bem desenhado, com linhas sinuosas, acompanhando o design externo no carro. A combinação de cores, quase um tom sur tom, é muito elegante. Os bancos, parte inferior do console e painéis de porta são em creme, um revestimento macio em beje cobre uma camada do console frontal e uma guarnição em preto brilhante se sobrepõe no tablier. Em relação a equipamentos, faltam os recursos ADAS e também teto solar panorâmico, itens que estão virando presença quase obrigatórias nos segmentos intermediários.

Um ponto negativo é a textura do revestimento em couro sintético, excessivamente plástica. Mas de positivo há os comandos. Para um modelo com tantos ajustes possíveis e variedades de funcionamento, ele é muito fácil de entender e manipular. O preço competitivo e as qualidades dinâmicas e estéticas do Song Pro certamente vão criar dificuldades para o Song Plus, terceiro SUV médio mais vendido no país, atrás apenas de Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. Mas deve trazer ainda mais problemas para os rivais.

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