O paradoxo do CLA200
Eduardo Rocha
O paradoxo do CLA200

Contradição conceitual

Cupê da Mercedes tem ótima estabilidade, mas é caro e pouco potente

por Jorge Beher

Autocosmos.com/Chile

Exclusivo no Brasil para Auto Press

O face-lift promovido pela o Mercedes-Benz em 2023 não mudou em nada o destino do CLA. As linhas seguiram o mesmo estilo apresentado anteriormente no Classe A. A função é a mesma: ser um modelo de entrada com algum glamour. No Brasil, a gama do cupê de quatro portas é bem curta. A versão de entrada é a CLA 200, modelo com o qual foi feita a avaliação. E dela para a versão AMG 35 4Matic há um verdadeiro abismo. A CLA 200 custa R$ 336.900, tanto na nova versão com acabamento mais sóbrio, Progressive, que chegou para a linha 2025, quanto na configuração de visual esportivo, AMG Line, que foi mantida. Já a versão verdadeiramente AMG custa espantosos: R$ 496.900 A linha vendeu em média 60 unidades por mês em 2024, 88% delas da CLA 200.

Nas dimensões, a reestilização não modificou as dimensões externas. O CLA tem comprimento de 4,69 metros, com largura de 1,83 m, altura de 1,44 m e entre eixos de 2.73 m. O porta-malas comporta 440 litros. Já o estilo segue o conceito original da primeira geração do cupê, com ousadas e atraente. No entanto, houve uma certa rejeição ao conjunto traseiro, com um caimento muito acentuado. essa foi a principal modificação para esta segunda geração, lançada em 2019, com traseira mais arrebitada e lanternas alongadas. Como o carro também ficou maior e se tornou um pouco mais habitável por dentro.

Para este face-lift, foram utilizados na parte frontal os mesmos códigos de design do Classe A – até porque, tecnicamente, é o mesmo carro com uma distância entre eixos maior. A grade do modelo tem um padrão cromado estrela, com uma grande logo da marca ao centro ladeados por dois frisos simples. O para-choque é igual ao do Classe A, com a parte inferior em onda com dois cluster grandes nas extremidades. As lanternas traseiras mantiveram o formado externo, mas a distribuição das luzes foi revisada.

Por dentro, as principais mudanças são duas são a adoção do novo volante dos modelos da Mercedes-Benz e a eliminação dos controles centrais físicos para o sistema MBUX. A falta de botões dificulta a utilização da central pelo motorista durante a condução, embora a marca tente compensar com uma interface mais amigável e funcional, com espelhamento sem fio. São duas telas de 10,25 polegadas aglutinadas em um mesmo console – desenho copiado ad nauseam por outras marcas.

Apesar de a montagem se tipicamente Mercedes, sempre de boa qualidade, há detalhes importantes que mancham toda a experiência de dirigir um carro da marca alemã. Caso das patilhas de plástico no volante, os comandos satélites, os puxadores integrados nas portas e o excesso de guarnições em preto brilhante, que deixam o lado mais econômico deste carro em evidência. Também faltam equipamentos que são considerados padrão nesse segmento, como climatização com duas temperaturas e áudio premium.

Em termos de espaço, como já foi dito, o CLA 200 é maior que na geração anterior, mas ainda é um carro para quatro adultos. Apesar de ter um porta-malas muito decente, não é um carro de família. Quem compra está de olho na silhueta e na qualidade do passeio.

Em termos de segurança, a estrutura e a engenharia do Mercedes-Benz CLA são inegáveis. E ele traz o pacote básico de ADAS, com exceção do assistente de faixa. Ele tem ainda nove airbags, incluindo airbags de joelho, um central para que os ocupantes dianteiros não se chicoteiem durante uma colisão e airbags laterais traseiros, que não são comuns. Possui ainda espelhos fotossensíveis, assistente ativo de vento cruzado como subfunção do sistema ESP, alarme volumétrico, acesso Keyless e monitor de fadiga.

O CLA 200 é um carro em que tem o (alto) preço definido pela engenharia. Mesmo que o motor não seja lá muito impressionante. Trata-se de um 1.33 litro turbo, que rende 163 cv e 27,5 kgfm – com pequenas mudanças, o mesmo usado pela Renault no Brasil. Quem consome um modelo da Mercedes-Benz procura design e o prestígio da marca, mas também uma certa esportividade, que nesta versão não é possível de encontrar na dose desejada. No caso do cupê de entrada da marca alemã, para juntar cara e coração, é preciso desembolsar 50% a mais para alcançar a configuração preparada pela AMG (Fotos de divulgação).

Impressões ao dirigir

Muito chassi, pouco motor

Uma das coisas positivas do CLA 200, e se pode constatar a personalidade de um Mercedes-Benz, está na engenharia. Tudo funciona muito bem: o câmbio é muito inteligente e ajusta rapidamente as marchas de acordo com a rota ou com a solicitação do pé direito. Ele não fica preso a uma programação padrão. Ele segura a marcha onde ele tem de segurar e avança quando isso é necessário. Essa caraterística é essencial para extrair o máximo deste motor de 163 cv e 27.5 kgfm.

A potência e o torque são suficientes para o uso diário e para encarar uma estrada, mas que nem remotamente entrega o nível de empuxo que se gostaria de experimentar em um carro com uma estrela de três pontas na frente. Na verdade, se a caixa não parece tão rápida quanto se espera, a culpa é que falta um pouco de energia. Esse é o principal problema da troca da versão 250, vendida até 2023, e a atual 200. A Mercedes queria alvejar o preço e acabou vitimando o desempenho.

Esse sentimento é ainda exacerbado quando confrontado com a melhor coisa do CLA: o chassi. Simplesmente requintado, e com a ajuda da suspensão traseira multilink, o carro denota uma qualidade de condução impressionante. É firme o suficiente para combinar com a personalidade deste carro, mas com amortecimento que não quica, não parece seco e oferece equilíbrio e comunicação na condução. A isso deve ser adicionado o bom poder de frenagem e direção precisa, comunicativa, ágil e de boa dirigibilidade. A maior dificuldade em relação ao CLA 200 é contar com um motor incapaz de entregar a adrenalina que a plataforma do modelo é capaz de encarar.

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