Ganho de território
Eduardo Rocha
Ganho de território

Pequenas conquistas

Novo Ford Territory melhora a dinâmica, fica mais competitivo e aumenta as vendas

por Eduardo Rocha

Auto Press

A reestilização do SUV médio Territory acabou dando um bom resultado para a Ford no Brasil. Até meados do ano passado, o modelo vinha perdendo vendas de forma consistente e chegou a apresentar uma média de apenas 80 emplacamentos mensais em 2022. Foi quando a JMC ‑ Jiangling Motors Corporation, que produz o modelo na China – atualizou o Yucheng 330S, modelo que serve de base para o Territory. Com isso, a Ford atualizou o visual e a mecânica do Territory. Resultado: o SUV médio voltou a apresentar vendas em torno de 300 unidades mensais, média semelhante à de 2020, primeiro ano do modelo no Brasil, época em que a Ford ainda era fabricante nacional.

Esse resultado tem a ver também com uma política de mercado mais agressiva da Ford. O SUV da marca estadunidense custa R$ 209.990 na versão única Titanium e a Ford não mexe nesse valor há cerca de um ano. Nesse tempo, no entanto, os rivais diretos andaram atualizando as tabelas. Com isso, o Territory ganhou competitividade e ainda ganhou o atrativo das novas linhas e do ganho de potência.

O visual manteve o mesmo padrão estético, mas passou por alterações que deram um ar mais atual ao modelo. Caso dos faróis principais foram deslocados para o para-choque, logo abaixo da assinatura em led, na linha do capô. A grade ficou bem maior e tem uma trama com elos cromados. Na traseira, as lanternas se mantiveram elevadas, mas ganharam um desenho horizontal mais elegante. De perfil, o teto ganhou um caimento mais sutil em direção à traseira e a coluna traseira ficou mais grossa, na cor da carroceria. As rodas de liga leve têm 19 polegadas.

Sob o capô, o motor 1.5 turbo EcoBoost do Territory passou por uma reengenharia. Com isso, ganhou 13% de potência e 8% de torque, para chegar a 169 cv e 25,5 kgfm – no lugar dos 150 cv e 22,9 kgfm anteriores. Aparentemente, a Ford superou o trauma com o famigerado câmbio Powershift, que tanto problema apresentou no Fiesta e no Focus. A marca volta a adotar uma transmissão com dupla embreagem, com sete marchas. Estas mudanças se refletiram diretamente no comportamento do SUV, que agora tem um zero a 100 km/h de 10,3 segundos ou 1,5 s mais rápido que antes. A máxima se manteve em 180 km/h. Um problema é que o SUV engordou bastante, passando de 1.632 para 1.705 kg. O problema é que a suspensão não foi reformulada para essa nova condição e a carga máxima suportada é de apenas 320 kg (ou seja, quatro adultos mais encorpados já estouram o limite).

O Territory manteve também um bom arsenal tecnológico. O SUV médio traz teto solar panorâmico, iluminação full led, ar-condicionado automático de duas zonas, seis airbags, sensores e câmera de ré, chave presencial para travas e ignição, controle de cruzeiro adaptativo, multimídia e painel com tela de 12,3 polegadas, revestimento em couro sintético, bancos dianteiros com ajuste elétrico, alerta de colisão com frenagem autônoma, sensor de ponto cego, controle de cruzeiro adaptativo, alerta de mudança de faixa, câmera 360º, rebatimento elétrico dos retrovisores, carregador de celular por indução, sensor de luz e chuva e luz ambiente com cores configuráveis (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press) .

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.5 EcoBoost turbo com injeção direta passou por uma melhora significativa e passou a movimentar o Territory com mais agilidade. O que pode ser constatado no zero a 100 km/h 1,5 segundo mais rápido. Ainda assim, o tempo de 10,3 segundos para a tarefa mostra que o modelo tem uma esportividade bem comedida. Este ganho vem não só da potência, mas também do novo câmbio de dupla embreagem, bem mais responsivo que o antigo CVT. No fim, o Territory é agradável de conduzir, mas não é uma fonte de emoções. Nota 7.

Estabilidade – O esquema de suspensão do Territory é o McPherson/Multilink na frente e atrás e o conjunto é muito bem afinado. Consegue controlar bem a carroceria e só apresenta um pouco de rolagem lateral nas curvas mais forçadas. Em retas, a estabilidade é muito boa, sem qualquer exigência de correções de trajetória. Nota 8.

Interatividade – O novo SUV médio da Ford tem um ótimo pacote eletrônico. Ele conta com sistema de câmeras 360º, que simula vista aérea, sistema multimídia com espelhamento sem fio, com uma tela de 12,3 polegadas. O painel digital, também com 12,3 polegadas, é configurável, assim como as luzes de ambiente. O Territory tem ainda chave presencial, controle de cruzeiro adaptativo, sistema de estacionamento automático, sensor de ponto cego e monitor de faixa de rolagem. Nota 8.

Consumo –Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem, do InMetro, o novo Ford Territory ficou mais econômico na segunda geração, com consumo urbano de gasolina em 9,5 km/l e na estrada em 11,8 km/l. A nota também melhorou na categoria, de D para C. No geral, manteve a nota D. Nota 6.

Conforto – O Territory tem um bom espaço interno, com amplo espaço para cabeças e pernas dos ocupantes. A suspensão filtra bem as irregularidades do piso, mas o isolamento acústico deixa passar ruídos de rodagem sem muita resistência. O motor reengenheirado ficou com o som um pouco rascante, mas não chega a incomodar. Os bancos dianteiros têm boa ergonomia das melhores. Têm ajuste elétrico, mas perdeu o sistema de aquecimento e resfriamento. Nota 8.

Tecnologia –O Territory não tem recursos inédito, mas é bem completo e responde bem ao que a categoria oferece. O motor EcoBoost 1.5 foi melhorado e ficou mais potente ao mesmo tempo que bebe menos. O pacote ADAS é o padrão para os modelos de topo no segmento e ainda conta com câmera 360º, sistema de estacionamento automático. A central multimídia tem boa conectividade, mas o sistema de áudio não é dos mais refinados. Nota 8.

Habitabilidade – Esse costuma ser o ponto mais importante nos SUVs modernos e O Territory oferece bom espaço para passageiros e bagagem, mas tem uma limitação em relação à carga. Com limite de 320 kg, o problema de acomodar cinco adultos aparece não só em relação ao espaço, mas também ao comportamento da suspensão. O ambiente é favorecido pelo teto solar panorâmico. Nota 8.

Acabamento – O console que integra as telas do painel e da central multimídia é usada por muitas marcas e já não é novidade, mas ainda dá um aspecto tecnológico ao interior. O interior é macio ao toque em todas as áreas de toque, mas o couro sintético usado tem uma textura excessivamente plástica, o que gera uma certa má impressão. Entre os materiais há ainda guarnições em imitação de madeira e em preto brilhante, além de frisos cromados. Nota 7.

Design – O visual do Territory se adaptou às novas tendências da moda automotiva, com a inversão das luzes, com faróis sob o pisca e DLR. A traseira e a lateral também apresentam linhas mais limpas. Apesar de moderno, o estilo não é nada original e segue o padrão típico de SUV orientais. Tem pouco tem a ver com as raízes ianques da marca. Nota 7.

Custo/benefício – A Ford foca na parte superior do segmento de SUVs médios-compactos e ganhou competitividade com a simples atitude de não acompanhar o aumento de preços de seus rivais. A não ser pelo Toyota Corolla Cross, que está com preço matador, tem relação custo/benefício mais favorável que Jeep Compass Limited ou Volkswagen Taos. Nota 8.

Total – O Ford Territory Titanium somou 75 pontos de 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Lógica dos números

A ficha técnica de um automóvel pode ser vista como se fosse um exame de saúde. No caso do Ford Territory, a potência de 169 cv, torque de 25,5 kgfm e o câmbio de dupla embreagem indicam que o peso de 1.705 é um atestado de obesidade. E a uma prova disso é a capacidade de carga do modelo: apenas 320 kg, ou quatro adultos nem tão obesos assim. No entanto, não se pode acusar o SUV da Ford de ter fortes tendências ao sedentarismo. Mas a aceleração de zero a 100 km/h em 10,3 segundos mostra, apesar de ter um certo vigor, não é dos mais esportivos.

Ainda assim, o Territory oferece uma boa qualidade de vida a quem está a bordo. A suspensão refinada e a suavidade na transferência de potência tornam a relação com o SUV bem agradável. Ajudam também o teto solar panorâmico e a boa decoração interna, embora peque um pouco na qualidade dos materiais. A central multimídia de 12,3 polegadas é grande e amigável. Ela pode ser dividida em quatro seções com diferentes proporções – que são mudadas através do sistema touch. Cada área do monitor pode controlar uma função diferente, entre computador de bordo, ar-condicionado, som, celular ou navegador.

O painel digital configurável, também de 12,3 polegadas, é bem informativo. Além da dinâmica agradável e o Territory encara curvas sem causar maiores temores. Em manobras, a câmera 360º ajuda bastante a controlar os mais de 4,63 metros do modelo. Além disso, o Territory oferece diversos monitoramentos dinâmico e vários outros gadgets e tem uma área habitáculo muito generosa. Os bancos são confortáveis e os seus inúmeros ajustes facilitam encontrar a melhor posição de conduzir. Há bastante espaço para todos os passageiros e a largura do habitáculo é das melhores do segmento.

Ficha técnica

Ford Territory Titanium 1.5 TGDI

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, longitudinal, 1.490 cm³, quatro cilindros em linha, turbo, quatro válvulas por cilindro, duplo comando no cabeçote e sistema de abertura variável de válvulas de admissão e de escape. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.

Transmissão: Câmbio de dupla embreagem com modo manual sequencial simulado de sete marchas à frente, com uma a ré. Tração dianteira com controle eletrônico de tração. Oferece controle de tração e bloqueio eletrônico do diferencial traseiro.

Potência máxima: 169 cv a 5.500 rpm.

Torque máximo: 25,5 kgfm entre 1.500 e 3.500 rpm.

Diâmetro e Curso: 79 mm X 76 mm. Taxa de compressão de 11,4:1.

Direção: Elétrica com alerta de mudança de faixa.

Suspensão: Dianteira independente tipo McPherson com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Traseira multilink com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Barras estabilizadoras na frente e atrás. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 235/50 R19.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Com ABS, EBD, assistência de partida em rampa, auto hold, freio de estacionamento elétrico e sistema de alerta de colisão e frenagem autônoma de emergência.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,63 metros de comprimento, 1,94 m de largura, 1,701 m de altura e 2,73 m de distância entre-eixos. Airbags frontais, laterais e de cortina. Sensor de ponto cego.

Aceleração de zero a 100 km/h: 10,3 segundos.

Velocidade máxima: 180 km/h

Peso: 1.705 kg, com 320 kg de capacidade de carga.

Capacidade do porta-malas: 448 litros.

Tanque de combustível: 60 litros.

Produção: Nanchang, China.

Preço: R$ 209.990.

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