A dinâmica do Yaris Cross
Eduardo Rocha
A dinâmica do Yaris Cross

Um passo adiante

Confirmado no Brasil em 2025 , tecnologia híbrida do SUV da Toyota aponta para o futuro

por Elkin Chávez

Autocosmos.com/Colômbia

Exclusivo no Brasil para Auto Press

A Toyota já deixou claro que não acredita que automóveis 100% elétricos serão hegemônicos em um futuro próximo. Embora eles possam responder por uma pequena fatia das vendas, a aposta da fabricante será mesmo nos modelos híbridos. No Brasil, a marca segue esta estratégia com a linha Corolla, sedã e Cross, que ofrece versões convencionais e híbridas, com o importado RAV4, que é híbrido plug-in, e se prepara para iniciar a produção no Brasil de seu primeiro SUV compacto, o Yaris Cross, também com versões convencionais e híbridas. O crossover chega ao mercado no início de 2025, mas já está presente em diversos outros mercados, como na Colômbia, onde já é vendido o modelo avaliado, basicamente igual ao que será produzido no Brasil.

O SUV compacto da Toyota deve estrear uma nova família de motores no Brasil, 1.5 litro aspirado flex, com três cilindros, como o que equipa o modelo em outros mercados mundo afora. Na versão híbrida, é de ciclo Atkinson e rende 90 cv de potência com 12,2 kgfm de torque, conjugado com um motor elétrico dianteiro, com 79 cv e 14,4 kgfm ‑ em alguns mercados, há a opção de um pequeno motor elétrico traseiro, com 5,3 cv e 5,3 kgfm de torque, que dificilmente chegará ao Brasil. A potência combinada é de 116 cv e o conjunto é gerenciado por um câmbio eCVT. O conceito da versão híbrida é semelhante ao da linha Corolla: a bateria de 0,7 kW fornece uma autonomia elétrica de cerca de 3 km. O desempenho também é modesto, com aceleração de zero a 100 km/h em 11,2 segundos e máxima de 170 km/h.

O Yaris Cross é configurado na plataforma TNGA-B, voltada para veículos urbanos, e tem um visual que transmite claramente a ideia de robustez. Suas linhas bem proporcionadas emolduram uma carroceria que visualmente parece bem mais longa que a do hatch, embora o Cross seja apenas 2,7 centímetros mais comprido, com 4,20 metros. Na altura é muito mais alta e a diferença é marcante, com 10,5 cm a mais, com 1,59 m. O entre-eixos é de bons 2,56 m enquanto a largura fica em 1,77 m. Além disso, o SUV híbrido é favorecido pelas atraentes rodas de alumínio de dois tons de 17 polegadas. Mais do que um SUV familiar, é preciso valorizar o Yaris Cross como um crossover urbano muito elegante, pois tem visual e charme que o destacam na multidão de SUVs do mercado.

Uma particularidade do Toyota Yaris Cross é ter uma cabine com aspecto muito mais conservador do que a proposta da carroceria. Aqui, conceitualmente, esse crossover/SUV não é muito diferente do Yaris produzido atualmente no Brasil, que segue um critério muito mais funcional e prático, sem se prender muito no refinamento de linhas e materiais. Em relação ao espaço interno, apesar do bom entre-eixos, o uso ideal do Yaris Cross é com quatro ocupantes. O quinto ocupante, além de provocar um aperto geral, sofre com o túnel de transmissão.

Como um bom crossover, o Yaris Cross valoriza a versatilidade. Os encostos dos bancos traseiros rebatíveis, numa relação de 40/20/40, ampliam o espaço do porta-malas de 397 litros, que já são interessantes, para 1.097 litros. Além disso, traz um piso duplo no compartimento de carga que é muito prático, com espaço para acomodar objetos que não se quer deixar à vista. Embora haja muito revestimento em plástico na cabine, tons e texturas são misturados para que o conjunto fique agradável e tenha um toque muito bom.

Os bons ajustes do banco do motorista, o console central relativamente alto e o inestimável apoio dos retrovisores laterais oferecem no Yaris Cross uma posição de condução com boa visibilidade frontal e lateral. Por outro lado, a linha ascendente das colunas traseiras, o desenho da tampa do porta-malas e os encostos de cabeça comprometem a retrovisão. Os equipamentos de bordo seguem o padrão atual do segmento e a central multimídia extremamente prática na hora de configurar um celular. Embora a tela de 8 polegadas da central use uma interface com gráficos bastante simples, controles e botões facilitam muito a utilização.

Na parte de segurança, o Yaris Cross colombiano traz, desde as versões de entrada, monitoramento da pressão dos pneus, assistente de partida em rampa, monitor de ponto cego e oito airbags – além de itens obrigatórios como ABS, controles de estabilidade e tração. Na versão mais completa, a lista adiciona itens do Toyota Safety Sense como controle de cruzeiro adaptativo, sistema de pré-colisão com reconhecimento de veículos, pedestres e ciclistas, alerta de saída de faixa e alerta de tráfego cruzado traseiro e farol alto automático. Todo o sistema de iluminação é em led.

As versões flex do Yaris Cross provavelmente competirão com os crossovers mais acessíveis do mercado, como Fiat Pulse, Renault Kardian e Volkswagen Nivus. Já as versões híbridas brigariam com os SUVs compactos convencionais que atuam na parte superior do segmento, como Honda HR-V, Volkswagen T-Cross. No segmento, o único modelo que tem alguma tecnologia de eletrificação é o Caoa Chery Tiggo 5X, um híbrido leve de 48 V de aproximadamente R$ 150 mil. As versões de entrada do Yaris Cross híbrido também devem ficar em torno desse valor, mesmo que a tecnologia do modelo da Toyota seja mais sofisticada. Ele usa um sistema de 580 V que efetivamente movimenta o carro e proporciona uma economia substancial de combustível – com médias superiores a 22 km/l (Fotos de divulgação).

Impressões ao dirigir

Versátil na forma e na função

Não há dúvida que o SUV compacto da Toyota foi projetado para trilhas urbanas. O Yaris Cross se move como extrema destreza em ruas congestionadas e estreitas, favorecido pela reação rápida de sua aceleração e pelo bom círculo de giro (10,6 metros). E as reações dos motores se adaptam bem a diversas situações e o condutor ainda pode ajusta um dos quatro modos de condução (Eco, Normal, Power e EV) para que a dinâmica certa seja implementada, sem grandes problemas.

Embora a potência disponível seja relativamente modesta, o crossover desliza sem problemas em velocidades entre 120 e 130 km/. No entanto, a gestão solidária e altamente sincronizada do motor de combustão com o sistema híbrido permite que o Yaris Cross tenha boas arrancadas e progrida em um bom ritmo quando um pouco mais de potência é necessário, como em ultrapassagens.

Como é padrão em carros elétricos, o conta-giros é substituído no painel por uma agulha que indica quando o manuseio é ideal (ECO), quando o carro exige energia do motor a combustão (PWR) ou quando a frenagem regenerativa recarrega a bateria (CHG). O truque aqui é sempre conseguir ficar na zona verde. No teste, o consumo médio de 22,7 km/litros.

No manuseio, o Yaris Cross não é muito reativo, pois aqui o critério é funcional e prático. Por outro lado, a gestão da transmissão e-CVT é muito progressiva e certamente se sente muito mais responsivo no modo Power. De qualquer forma, a condução é agradável e até divertida se o foco ficar na tranquilidade proporcionada pelos eficientíssimos freios e pela assistência a bordo. Um outro ponto que chamou a atenção foi como o motor de três cilindros é barulhento e adentra na cabine sem qualquer cerimônia – sendo que o modo elétrico é desativado aos 50 km/h.

Quanto à suspensão, o Yaris usa o esquema mais simples e robusto: McPherson na frente e barra de torção na traseira, com uma barra estabilizadora em ambas as extremidades. A configuração se adapta muito bem em ruas urbanas decentes e na rodovia, mas não se dá tão bem com pisos irregulares. No fim, o SUV/crossover compacto da Toyota mostrou ter uma proposta atraente que certamente vai gerar um ótimo volume de vendas para a marca quando desembarcar no Brasil. Mesmo que esteja chegando com um atraso considerável.

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