A maquiagem do Tiggo 8
Eduardo Rocha
A maquiagem do Tiggo 8

Novidade nem-nem

Chery promove atualização no Tiggo 8 que não moderniza nem conteúdo nem motorização

por Eduardo Rocha

Auto Press

A chegada da versão Pro do Chery Tiggo 8 é a primeira empreitada da Caoa após a venda do controle dos modelos Hyundai para a matriz coreana. E apesar de ser um projeto antigo, a nova configuração do crossover de sete lugares chega em um momento em que o foco da representando brasileira passou a se concentrar quase exclusivamente na marca chinesa. O Tiggo Pro chega para substituir o Max Drive e inclui um pequeno face-lift, que mudou grade, a distribuição das luzes no interna dos faróis e deixou a logomarca frontal iluminada. Na traseira, as lanternas em led são unidas por uma barra luminosa que sublinha o vidro traseiro, com a logomarca no centro da tampa e quatro saídas de escape redondas. O preço também sofreu uma ligeira alteração, indo de R$ 187.990 para o cabalístico valor de R$ 188.888 – na China, 8 é considerado um número de boa sorte e prosperidade.

E, por conta do histórico, a Chery vai mesmo precisar. As marcas sempre buscam um posicionamento específico de mercado, de acordo com as conjunturas de cada país. E uma vez consolidada esta imagem, fica muito difícil mudar a percepção do consumidor. A Chery desembarcou no Brasil como uma marca de carros baratos e mal-acabados (caso do pequeno QQ). Desde que assumiu a Chery, em 2017, a Caoa vem tentando melhorar essa imagem, mas ainda se vê obrigada a praticar preços mais baixos que os rivais para alavancar as vendas. No caso, entre os SUVs/crossovers de sete lugares, a briga fica basicamente com Jeep Commander e Volkswagen Tiguan, que custam a partir de R$ 249.990 e R$ 284.590, respectivamente.

A diferença de valores entre o modelo montado em CKD em Anápolis, Goiás, e os dois rivais acontece muito mais por conta da idade do projeto e da desconfiança em relação à marca do que pelos equipamentos. O Tiggo 8 Pro traz um pacote ADAS razoavelmente completo – com alerta de colisão, monitor de ponto cego, controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma etc – e ainda teto solar panorâmico, chave presencial para travas e ignição, acionamento de climatização à distância, retrovisores externos com memórias de posição combinadas com as memórias do banco do motorista, comandos rotativos no volante multifuncional, carregador de celular por indução, ar-condicionado dual zone, luz ambiente configurável no painel de instrumentos e painéis de portas.

O habitáculo também recebeu atualizações, principalmente em relação ao conjunto painel/tela de central multimídia, que ficam abrigada em uma mesma moldura – solução que vem se popularizando na indústria, pois além de chamar a atenção, barateia os custos. Cada uma das duas telas tem 12,3 polegadas, com formato wide. Como diferenciais, além do espelhamento de Android Auto e Apple CarPlay sem fio, a central traz GPS interno e sistema de som da Sony. Já os materiais de acabamento seguem o sofrível padrão da marca, com couros sintéticos com textura plástica e materiais pouco agradáveis ao toque.

Esta nova fase da primeira geração do Tiggo 8 é um face-lift em um projeto que já tem sete anos de lançado – muitas marcas já estariam trocando a geração do modelo nessa altura. Ele é construído sobre a plataforma M1X do Grupo Chery, com suspensão dianteira McPherson e traseira multilink. Sob o capô, foi mantido o motor 1.6 turbo com injeção direta, que rende 187 cv e 28 kgfm de torque, que roda apenas com gasolina. Ele é gerenciado por um câmbio de dupla embreagem com sete marchas. Em relação ao consumo, o modelo recebe nota B na categoria e C no geral, com médias de consumo de 10,1 km/l na cidade e 12,0 km/l na estrada.

Não houve maiores alterações nas dimensões externas. O modelo ganhou apenas rodas de 19 polegadas e um redesenho dos para-choques, que fez o modelo crescer 2 cm. Agora ele tem 4,72 m de comprimento, 1,86 m de largura, 1,71 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. O habitáculo comporta sete passageiros – com duas crianças na terceira fileira – e o porta-malas nessa configuração oferece 193 litros. Com a última fileira embutida, chega a 889 litros e com a segunda e a terceira fileiras rebatidas, vai a 1.930 litros até o teto.

As pequenas alterações estéticas e de conteúdo promovidas pela Chery o Tiggo 8 não parecem suficientes para mudar o destino do modelo no mercado brasileiro. Ao contrário: dá a impressão que se trata apenas de um remendo, pois o design, além de ser genérico e sem personalidade, já está cansado e estruturalmente não houve evolução. Este ano, o Tiggo 8 manteve uma média de emplacamentos em torno de 670 unidades mensais, ou 40% menos que o líder do segmento, Commander, que apesar de custar 30% mais, tem média de 1.100 vendas por mês.

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