Um Bronco realmente bronco
Eduardo Rocha
Um Bronco realmente bronco

Off-road seletivo

Versão raiz do Bronco chega à Argentina, mas dificilmente virá para o Brasil

por Hernando Calaza

Autocosmos.com/Argentina

Exclusivo no Brasil para Auto Press

Na América do Sul, a Ford tem uma relação especial com o mercado argentino. Mesmo quando produzia no Brasil, a marca estadunidense sempre fabricou por lá os modelos mais sofisticados. Mesmo agora, que virou uma simples importadora, tem no país vizinho uma gama bem mais completa. Por aqui, além da Ranger argentina, tem Mustang, Maverick, Bronco Sport, F150 e Territory. Por lá, além desses – com mais versões, diga-se de passagem –, tem ainda o Kuga e agora acaba de desembarcar o Bronco, considerado um aventureiro raiz, com chassi, eixo traseiro sólido, engrenagem de redução e muita resistência para o off-road.

O Bronco vendido na Argentina é a versão Wildtrack com o pacote 2.7L V6 turbo e Sasquatch que inclui elementos relacionados à família Raptor, como amortecedores Fox, suspensão de alumínio e rodas 315/70 com padrão off-road calçadas em rodas de 17 polegadas com beadlock – um aro de reforço aparafusado nas rodas. O Bronco usa um chassi derivado da Ranger Raptor, mas com uma abordagem mais orientada para o uso em trilhas, com maior altura livre e melhores ângulos de ataque e saída. Obviamente, conta também com bloqueios do diferencial e a eletrônica aplicada aos diferentes modos de terreno.

Os números são realmente impressionantes. O ângulo de ataque é de 43,2°, o de saída 37º, ventral de 26,3º, com 29,3 cm de altura livre para o solo, suspensão dianteira com curso de 23,1 cm e traseira com 25,1 cm. Tudo isso é ótimo para quando se faz off-road, mas quando não, que é a maior parte do tempo, gera uma dirigibilidade pouco precisa. Principalmente se comparado aos SUVs modernos.

Uma das qualidades desta nova geração do SUV da Ford é que ela recupera o estilo do original de 1966, incluindo as linhas retas, as duas saliências nas laterais do capô e o friso que une as duas luzes redondas. Os elementos modernos incluem iluminação em led e muitos elementos off-road, como rodas, para-lamas removíveis, para-choques de ferro com ganchos de reboque e alargadores laterais generosos.

O espírito de liberdade é completado pelo teto facilmente removível sobre as duas fileiras de banco (para a cúpula traseira é preciso ferramentas) e das portas removíveis, que obrigam os comandos do elevador de janelas a serem colocados no console central e a ancorar os espelhos na base da coluna dianteira.

O estilo retrô continua na cabine, com o enorme painel plano e o para-brisa reto. Os plásticos parecem mais focados na resistência do que no requinte, incluindo um revestimento de borracha onde normalmente haveria couro. A parte mais criticável está na decoração, que parece de qualidade inferior. Os bancos são confortáveis e o porta-malas é grande, aproveitando o fato de que o estepe estar pendurado na porta traseira, que se abre em duas partes, a parte inferior pivota a direita e a janela bascula para cima. Com os encostos traseiros rebatidos abre-se uma grande área de carga. O toque final é uma série potros dando coices chutando distribuídos por toda parte, dentro e fora do modelo.

Na parte de equipamentos, os destaques vão para os revestimentos de couro, os bancos dianteiros elétricos e aquecidos, carregador sem fio, abertura e ignição sem chave e diversos outros itens. Já em recursos de segurança o Bronco traz seis airbags, quatro freios a disco e a série de ADAS que a Ford costuma colocar em seus produtos, com duas exceções: o controle de cruzeiro adaptativo não é Stop & Go e se desconecta abaixo de 30 km/h e a manutenção de faixa não tem centralização. No mais, toda a assistência funciona corretamente.

A instrumentação do Bronco é estranha, um híbrido com velocímetro analógico e tela digital quadrada. O equipamento multimídia é colossal, com a mega tela de 14 polegadas e navegador próprio, barra lateral para informações extras e a possibilidade de usar Android Auto ou CarPlay com espelhamento sem fio em parte da tela ou em toda a sua extensão. Ele finaliza um aparelho de som assinado pela B&O. Obviamente, tudo isso tem um preço: o correspondente a R$ 770 mil, ou quase três vezes o valor do Bronco Sport.

Impressões ao dirigir

Força bruta

A receita é boa para o off-road: chassi robusto, rodas gigantes, grande distância para o solo. O habitáculo do Ford Bronco oferece uma acomodação correta, com vários ajustes de assento e volante. Através do para-brisa largo e vertical, chama a atenção aquele capô alto e reto. A visibilidade é boa e os espelhos são grandes, embora o direito esteja ligeiramente coberto pela coluna dianteira. As quatro câmeras são recarregadas que, dependendo do modo de condução, oferecem até orientações sobre para onde as rodas dianteiras estão indo.

Ao acionar o botão de ignição, o 2.7L V6 turbo gera um belo e forte rugido. Ao se movimentar, o Bronco dá um tranco inicial, como ocorre em picapes com muito torque. A caixa de câmbio de 10 marchas se encarrega de escolher a melhor para movê-lo. O Bronco é grande e largo, mas é possível usar os frisos no capô para se localizar. Por outro lado, a direção parece um pouco pesada e lenta. Além disso, ele vibra um pouco, como os veículos off-road de antigamente.

Na estrada, o Bronco não chega a flutuar, mas também não tem a postura de um SUV atual. Além de muito alto, tem o eixo traseiro rígido e acima de tudo rola sobre um enorme perfil de borracha. A 120 km/h, o V6 viaja tranquilamente, mas a cabine fica barulhenta, seja por causa da banda de rodagem dos pneus, seja por causa do teto, que não consegue ser totalmente hermético. O motor V6 coloca à disposição 335 cv e 57,4 kgfm, não muito menos que os 397 cv e 59,5 kgfm de torque da Ranger Raptor e com peso semelhante, com 2.041 kg.

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