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Eduardo Rocha
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Após um ano, Nissan Sentra renova o visual e a aposta no segmento de sedãs

por Eduardo Rocha

Auto Press

A chegada da oitava geração do Nissan Sentra mal havia completado um ano quanto a marca japonesa passou a trazer o modelo atualizado. O motivo desse face-lift tão rápido é que a fabricante demorou a decidir voltar no segmento de sedãs médios no Brasil, há muitos anos amplamente dominado pelo Toyota Corolla. Quando aconteceu, em março de 2023, o Sentra já estava no mercado do México, onde é fabricado desde 2019. Agora, o modelo parece bem consolidado no mercado, com uma média de emplacamentos pouco acima de 400 unidades. E a Nissan dessa vez foi bem mais rápida: o face-lift foi lançado no México em novembro do ano passado e desembarcou no Brasil em junho último. Em julho, primeiro mês cheio de mercado da fase 2, esse número subiu para 728 exemplares.

Essa melhora de vendas tem mais a ver com o aparecimento do Sentra na mídia do que por conta das mudanças, que são sutis. Elas basicamente se concentram na frente. A grade agora perdeu o elemento principal do conceito V-Motion, com um V estilizado por um friso em trapézio invertido, que agora é insinuado por dois frisos cromados oblíquos nas laterais da grade. A trama troca o estilo colmeia e por frisos horizontais e passa a ostentar a logomarca em branco sobre fundo preto brilhante. Os faróis de neblina foram eliminados e entram dois cluster verticais nas extremidades do para-choque, com função puramente estética. De perfil, a única alteração foi na lateral do para-choque, que ficou mais vertical – até as rodas mantiveram o desenho. Na traseira, a única mudança foi na logomarca.

Em relação aos equipamentos, a versão de entrada, Advance, ganhou o pacote ADAS chamado de Nissan Intelligent Safety Shield enquanto a versão de topo, Exclusive, traz como grande novidade o travamento automático das portas. Um ponto de destaque no lançamento do novo Sentra foi em relação ao preço, sem alteração em comparação à versão Exclusive Premium antes da mudança. Mas não durou muito. Já no segundo mês de comercialização, a tabela subiu de R$ 178.390 para R$ 182.890, cerca de 2% a mais. Com a pintura em dois tons, o valor final fica em R$ 185.990.

Em relação aos equipamentos, a versão avaliada Exclusive com o pacote Interior Premium, com revestimento em couro na cor Sand, ainda traz sensor de luz e chuva, ar-condicionado digital duplo, banco do motorista com ajuste elétrico, bancos dianteiros com aquecimento, painel com velocímetro e conta-giros analógicos e computador de bordo com tela de 7 polegadas, central multimídia com tela de oito polegadas, rodas de liga diamantadas de 17 polegadas, sistema de som da Bose e teto solar elétrico.

Na parte de segurança, o Sentra traz faróis e DLR em led, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma, seis airbags, alertas para tráfego cruzado traseiro, monitor de mudança de faixa não sinalizada com esterçamento no volante, alerta de ponto cego, controle de cruzeiro adaptativo, farol alto automático, câmera 360º com detecção de objetos em movimento e retrovisor interno eletrocrômico.

Sob o capô, o Sentra tem um motor 2.0 litros aspirado com injeção direta com algumas evoluções em relação ao antigo MR20DD. Nessa versão, ele ganhou um pouco de potência – passou de 147 para 151 cv, tem 20 kgfm de torque e funciona exclusivamente com gasolina. A transmissão é sempre a continuamente variável Xtronic de oitava geração, com conversor de torque otimizado, só que agora ele ganha mais duas relações pré-definidas e chega a oito marchas, com paddle shifts no volante (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press ).

Ponto a ponto

Desempenho – O motor com gasolina empurra O Sentra fica bem animado com o conhecido motor 2.0 16V, de 151 cv e 20 kgfm. Apesar de não ser turbo, é bem responsivo e tem reações imediatas aos movimentos no acelerador, com um delay bem curto para um propulsor aspirado. Em baixos giros, o modelo se mostra comedido, inclusive no consumo. Já a partir dos 4 mil giros, ele fica mais agressivo nas acelerações – e também mais sedento. A transmissão CVT tem marchas pré-programadas bem escalonadas e não murcha o ímpeto do modelo. O zero a 100 km/h é correto, feito em 9,4 segundos. Nota 8.

Estabilidade – O sedã feito no México é pensado para o mercado estadunidense. Apesar disso, contraria a tradição de suspensões marshmallow e tem um acerto bem firme. Isso dá um bom controle de carroceria, com pouca rolagem lateral. Na cidade, sofre um pouco com as irregularidades, mas na rodovia tem rodagem muito suave e favorece o conforto. Nota 8.

Interatividade – A versão Exclusive traz o Nissan Intelligent Safety Shield, que inclui diversos sistemas avançados de auxílio ao condutor – ADAS. A configuração é menos invasiva e bastante amigável. Um detalhe que exige alguma familiarização é o freio de estacionamento por pedal, como era comum nas antigas picapes. Há um certo estranhamento no início, mas é só questão de hábito. Os instrumentos analógicos são de fácil leitura e o computador de bordo é bastante fácil de manusear. Já a central multimídia não é das mais atualizadas – só faz espelhamento de celular quando conectada por cabo. Por outro lado, outros recursos são bem satisfatórios, como volante multifuncional, chave presencial e câmera 360º. Nota 8.

Consumo – Na aferição do InMetro para o Programa de Etiquetagem do InMetro, o Sentra manteve as médias de 11 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada, apenas com gasolina. Esse consumo, que antes rendia nota A na categoria, foi rebaixada para B. Já no geral, ficou na mesma nota C. Nota 7.

Conforto – O sedã da Nissan tem uma rodagem confortável e silenciosa. Já o espaço interno é garantido pelo bom entre-eixos de 2,71 metros. O conceito do banco Zero Gravity bem sendo copiado por outras marcas. Ele está presente nas duas fileiras e tem como diferencial o poio para as costas em diversos pontos. Os comandos são acessíveis e intuitivos e o cockpit praticamente veste o condutor. Nota 9.

Tecnologia – O Sentra funciona como uma vitrine da Nissan no Brasil. Tem diversos recursos ADAS, ar duplo, teto panorâmico, chave presencial, faróis em led e sistema de áudio da Bose. Falta espelhamento sem fio na central multimídia e agora perdeu os faróis de neblina – vítima do novo design dianteiro. Nota 8.

Habitabilidade – Mesmo sendo um sedã, o Sentra tem uma boa altura, de 1,46 metro, o que facilita o acesso ao interior. Por dentro, isso se reflete também em um bom espaço para cabeças, enquanto os 2,71 m de entre-eixos garante a área para as pernas. O porta-malas tem bons 466 litros e o interior traz um bom número de porta-objetos. Nota 8.

Acabamento – O acabamento em Sand (areia) da versão Exclusive Premium chama a atenção, até pela estética incomum no mercado nacional. Não só pela cor castanha claro do couro, batizado de Sand, mas pelo cuidado na montagem e nos detalhes, como o padrão de pespontos. Os demais materiais são de boa qualidade, mas sem luxo. Nota 8.

Design – O desenho do Sentra na primeira fase dessa geração ainda não havia cansado. Ainda assim, a renovação da parte frontal foi bem-vinda. Com a saia dianteira mais rebaixada dá um aspecto mais agressivo, com a impressão que o carro está colado no chão. As linhas são modernas e o teto flutuante dá um toque de modernidade. As mudanças foram na direção da elegância e caem bem no sedã médio. Nota 9.

Custo/benefício – A proposta da Nissan foi colocar o Sentra para bater de frente com o Corolla e funcionou. O preço do modelo não é um chamariz, mas também não é um empecilho em relação ao segmento. Essa mesma lógica se apresenta em todas as versões do modelo. Nota 7.

Total – O Nissan Sentra Exclusive Premium somou 80 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Finesse nipônica

As mudanças visuais promovidas no Nissan Sentra foram sutis, mas efetivas. A grade maior e o para-choque com caimento mais verticalizado dão um ar ao mesmo tempo mais sofisticado e agressivo ao sedã. E mesmo tendo mais de um ano de mercado, ainda é um carro pouco visto nas ruas, o que dá um tom de exclusividade. Por dentro, o revestimento Sand, na cor castanha, também dá uma certa distinção ao Sentra. Em geral, o acabamento e os materiais são de boa qualidade e têm um toque de requinte.

O espaço interno é generoso para quatro adultos, mas limitado para cinco adultos, com um certo desconforto para os ocupantes da segunda fileira. O porta-malas tem bons 466 litros e o habitáculo conta com diversos nichos para alocar objetos. A central multimídia tem gráficos sem graça, meio antigos, e exige cabo para fazer espelhamento de celular. Os comandos são acessíveis e há bons itens de auxílio e conforto, como câmera 360º, sensores e alertas diversos, farol alto automático, ar duplo etc.

Dinamicamente, o Sentra também é conservador. O motor é aspirado, razoavelmente econômico para um 2.0 e tem bons níveis de aceleração e retomada. O desempenho é consistente, mas não esportivo. O motor 2.0 consegue acelerar de zero a 100 km/h em comportados 9,4 segundos e o câmbio CVT com oito marchas simuladas oferece tem uma reação ágil. Já a suspensão mais firme dá um leve privilégio para o controle de carroceria, mas não chega a comprometer o conforto. E harmoniza bem com o toda a elegância que o Sentra exala.

Ficha técnica

Nissan Sentra Exclusive Interior Premium

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.997 cm³, aspirado com quatro cilindros em linha, 16 válvulas, comando variável na admissão e injeção direta de combustível.

Potência máxima: 151 cv a 6 mil rpm.

Torque máximo: 20 kgfm a 4 mil.

Aceleração 0-100 km/h: 9,4 segundos.

Diâmetro e curso: 84 mm X 90 mm. Taxa de compressão: 11,7:1

Transmissão: Câmbio continuamente variável com oito marchas pré-definidas à frente e uma a ré. Possui controle de tração. Tração dianteira.

Velocidade máxima: 200 km/h.

Suspensão: Dianteira McPherson com molas helicoidais, barra estabilizadora e amortecedores telescópicos hidráulicos. Traseira multilink com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Oferece controle de estabilidade.

Pneus: 215/50 R17.

Freios: Dianteiros discos ventilados dianteiros e traseiros a tambor. ABS com EBD de série e frenagem autônoma de emergência.

Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,65 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,46 m de altura e 2,71 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.

Peso: 1.381 kg.

Capacidade de carga: 375 kg.

Capacidade do porta-malas: 466 litros.

Tanque de combustível: 47 litros.

Produção: Aguascalientes, México.

Lançamento da geração no Brasil: março de 2023.

Face-lift: junho de 2024.

Preço da versão: R$ 182.890.

Opcional: pintura em dois tons (R$ 3.100)

Preço da unidade avaliada: R$ 185.990.

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