A menor arma da BYD
Eduardo Rocha
A menor arma da BYD

Elétrico sob medida

Dolphin Mini tem custo e praticidade para encarar hatches a combustão

por Marcelo Palomino

Autocosmos.com/Chile

Exclusivo no Brasil para Auto Press

O ataque fulminante da tem sido a estratégia da BYD empresa em todos os novos mercados que ingressa. Dona de uma enorme capacidade de produção e uma gigantesca vontade de se instalar nos mercados do Ocidente, no Brasil a fabricante chinesa sacudiu o padrão de preços dos elétricos com o Dolphin e partiu para o confronto direto no segmento mais carnudo do mercado de hatches compactos com o subcompacto Dolphin Mini. Rapidamente, o modelo assumiu o posto de elétrico mais vendido do país, com uma média de 2.100 emplacamentos mensais desde seu lançamento, em fevereiro. O BYD Dolphin Mini é vendido no Brasil em versão de quatro ou cinco passageiros, que custam respectivamente R$ 115.800 e R$ 119.800.

O Dolphin Mini é o menor dos modelos da linha Ocean da BYD, lançado para aproximar a eletrificação das massas. Como os demais carros da marca, ele é construído sobre a plataforma E-3.0 da BYD e grande vantagem considerando o segmento de subcompactos, pois oferece suspensão independente nas quatro rodas – McPherson e Multilink – e freios a disco nas quatro rodas. Ele tem 3,78 m de comprimento, 1,72 m de largura, 1,58 m de altura e 2,50 m de distância entre-eixos, com capacidade de porta-malas de 230 litros. Ou seja: é tipicamente um carro urbano.

O perfil em forma de lágrima tem pouco a ver com outros modelos da BYD, como o Dolphin e o Seal, já que o Mini ostenta traços mais pronunciados e angulares, em contraste com as superfícies lisas e onduladas ambos modelos da linha Ocean. Trata-se, na verdade, uma adaptação do conceito por conta do nome original do modelo: Seagull, ou gaivota – o rebatismo tem a ver com o sucesso do Dolphin. Por conta disso, as linhas na parte frontal e nas laterais fazem referência a asas de gaivota.

Outro elemento que chama a atenção é a guarnição no pilar traseiro que funciona como uma extensão das janelas e gera a sensação de teto flutuante. Existem vários elementos aerodinâmicos, como um pequeno spoiler traseiro ou um para-brisa grande e bem reclinado para dar continuidade ao design do capô. Os faróis dianteiros e traseiros são full led, esses últimos unidos por uma barra de luz. As rodas de 16 polegadas calçam pneus 175/55.

No Brasil, o Dolphin Mini oferece bateria de 38 kWh do tipo Blade, composta por células em formato de lâminas. A autonomia no padrão europeu NEDC é se 380 quilômetros, comumente considerado irreal. No padrão InMetro, a autonomia seria de 280 km, que também é considerado modesto demais. O motor tem 75 cv de potência, ou 55 kW, e 13,8 kgfm de torque, acoplado a uma transmissão automática de velocidade única com tração dianteira. A recarga pode ser feita em corrente contínua a até 40 kWh e em alternada até 6,6 kWh. A máxima é limitada a 130 km/h e aceleração de zero a 100 km/h é feita em 14,9 segundos.

No interior existem elementos já comuns a todos os modelos BYD, com materiais de boa qualidade e design original. No centro do console frontal, há o tradicional ecrã rotativo, mas aqui com 10,1 polegadas. A central multimídia oferece conectividade com Android Auto e Apple CarPlay. O acabamento é bom, com plásticos de diferentes texturas, estofos e inserções de couro ecológico, mas em uma encenação mais jovem, incluindo tons de azul.

A funcionalidade geral é boa, apesar da falta de controles de acesso direto para a central multimídia. A interface do sistema é complexa, nada intuitiva. A tela central é giratória e inclui espelhamento sem fio, carregamento por indução, GPS integrado, função roteador com suporte para cartão SIM 4G, atualizações remotas OTA e aplicativo BYD para obtenção de dados remotamente. Em termos de segurança, o BYD Dolphin Mini traz seis airbags, sensores traseiros, controle de cruzeiro, direção elétrica e frenagem regenerativa.

O painel digital de 7 polegadas sem muitas configurações, um volante multifuncional com ajuste duplo e chave presencial. Há muitos espaços para deixar as coisas, tanto nas portas quanto no console central. Também há muito espaço nos bancos traseiros, graças ao uso de uma plataforma específica para carros elétricos. O piso plano e a boa altura na cabine geram muito espaço interno, impressionante para um carro com menos de 4 metros. Boa reclinação do encosto, não há sensação de confinamento e o assento é confortável.

Impressões ao dirigir

Animal urbano

O chama a atenção no Dolphin Mini é a ausência som no interior. Isso é resultado tanto de um isolamento muito bom quanto da própria natureza de um carro elétrico. Com a aceleração, vem o discreto zumbido do motor eletrificado e o barulho das rodas na pista. O modelo é um pouco pesado para o tamanho, com 1.239 quilos, mas é o preço de carregar baterias. Mesmo assim, e apesar de ter um motor pequeno em potência e torque, oferece grande agilidade de partida e bons níveis de recuperação por conta do bom torque de 13,8 kgfm.

O motor é mais do que suficiente para se locomover pela cidade, mas a massa é percebida em algumas situações. Por exemplo: em uma curva rápida, onde o peso muda e com algum rolamento empurra o carro para fora, mesmo com o centro de gravidade rebaixado por conta das baterias no piso. A suspensão apresenta uma certa secura, sentida quando, por exemplo, em trechos um pouco mais irregulares. Os amortecedores não chegam ao limite, mas o curso é muito curto, até pela pequena distância livre para o solo, de apenas 11 cm. Ou seja: não se adequa a aventuras em caminhos ruins. É muito urbano e sofre com o asfalto irregular.

Em relação à eficiência, no total da viagem de teste, a média foi de 14,1 kW para cada 100 km, ou cerca de 7,1 km/l, o que significa uma autonomia de 270 km, menor até que a indicado pelo InMetro. Mas é preciso reconhecer que a gestão na avaliação foi muito agressiva, o que gasta muito. Em um dia normal de condução, obteve nos deu 12,2 kW por 100 km, ou 8,2 km/kW, o que elevaria a autonomia para 310 km. O gerenciamento de bateria e energia é a melhor coisa da BYD, neste e em todos os seus modelos.

Em um ciclo urbano médio, é perfeitamente possível fazer recarga somente uma vez por semana. Faz falta um sistema de frenagem regenerativa mais efetivo, incluindo um One Pedal, o que elevaria a autonomia e ainda daria uma dinâmica mais interessante ao modelo. No fim das contas, o Dolphin Mini mostrou bom manuseio, agilidade, eficiência e muito conforto acústico. E, de fato, pode incentivar a eletrificação pela acessibilidade e pelo equipamento compatível com hatches compactos com preços semelhantes.

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