O desafio do Versa
Eduardo Rocha
O desafio do Versa

Menos é mais

Versão SR do sedã da Nissan fica competitivo com conteúdo mais racional

por Eduardo Rocha

Auto Press

O Nissan Versa tem exibido uma rotina ciclotímica, enfrentado altos e baixos no mercado brasileiro. No primeiro ano de vendas da atual geração, em 2021, foram perto de 1 mil unidades mensais. Em 2022, caiu para menos da metade dessa média: 490 unidades/mês. A partir da metade de 2023, com a implementação do face-lift de meia-vida, voltou a se aproximar às 1 mil unidades/mês. E agora em 2024, começou o ano em torno de 900 emplacamentos mensais, ficou próximo das 1.300 unidades nos meses de junho e julho e a partir daí voltou a ficar na casa das 800 vendas mensais. Esses dois meses de alta, as maiores desde que passou a ser importado do México, vieram na sequência imediata à chegada da versão SR ao mercado, no final de maio.

A SR é uma configuração que buscou adicionar um visual esportivo se encaixou entre a versão intermediária Advance e a de topo Exclusive. Com uma tabela definida em R$ 125.190, fica R$ 4.700 acima da Advance e substanciais R$ 13.800 a menos que a topo de linha. De série, a versão traz seis airbags; chave presencial para travas e ignição, central multimídia com espelhamento via cabo para Android Auto e Apple CarPlay, controle de cruzeiro, carregador de celular sem fio, câmera 360º, vidros com acionamento elétrico nas quatro portas e display de 7 polegadas no painel.

Obviamente, ao mesmo tempo que reduziu o preço, subtraiu determinados recursos em relação à Exclusive. Saíram acabamento em couro sintético, assinatura e faróis em led, ar digital e apoio central traseiro, enquanto as rodas passaram de 17 para 16 polegadas e a central multimídia caiu de 8 para 7 polegadas. Na parte de segurança, saem de cena monitor de ponto cego e os alertas de atenção do motorista e de tráfego cruzado traseiro. Restaram recursos como alerta de colisão com frenagem autônoma ou alerta de objetos no banco traseiro.

Para ganhar um toque de esportividade estética, O Versa SR ostenta emblemas SR na grade frontal e na tampa traseira, retrovisores externos e grade frontal em preto brilhante, rodas de 16 polegadas diamantadas e aerofólio na tampa do porta-malas. Por dentro, há costura dupla em laranja nos bancos, no console frontal e nos painéis das portas. Há também acabamento em preto brilhante no painel e com imitação de fibra de carbono nos puxadores das portas. O volante recebe revestimento em couro sintético e detalhes em alumínio e cromado aparecem no console central, volante, painel frontal e portas.

No mais, o Versa SR mantém as mesmas caraterísticas básicas das demais versões da linha. Tem dimensões de 4,50 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,47 m de altura e 2,62 m entre os eixos – o porta-malas de 482 litros de capacidade. Sob o capô, traz o motor 1.6 16V flex que rende 114 cv a 5.600 rpm e 15,5 kgfm 4 mil giros, tanto com gasolina quanto com etanol, sempre gerenciado por um câmbio CVT (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press. Participação especial da border collie Luli do Vale).

Ponto a ponto

Desempenho – A Nissan segue o conceito que alcançar eficiência dinâmica com uma boa relação peso/potência, com carrocerias leves e motores econômicos. Na versão SR, a relação é de 9,9 kg/cv, o que não chegou a alterar os números de aceleração e máxima, com zero a 100 km/h em 10,7 segundos e velocidade final de 180 km/h. Ou seja: apesar do visual levemente esportivo, é um carro bem comportado. O motor 1.6 16V tem reputação de ser à prova de bala, principalmente por contar com corrente e não correio no comando de válvulas. Mesmo com um câmbio CVT, o Versa não é preguiçoso. Acelerações e retomadas são progressivas e suaves – o que o torna agradável para o uso na cidade. Nota 8.

Estabilidade – O Versa tem porte e um entre-eixos avantajados, com 4,50 e 2,62 metros. São medidas que favorecem o contorno de curvas de raio longo, como as encontradas em rodovias, em um uso mais moderado. Explorar a esportividade do modelo, apesar do visual, o deixa pouco à vontade em trechos sinuosos. Ainda mais porque a suspensão traseira, por eixo de torção, perde um pouco a precisão quando levada ao limite. Em uso normal, a suspensão mantém um bom controle sobre carroceria. Nota 8.

Interatividade – O Versa SR tem poucos recursos de assistência à condução – apenas alertas e frenagem autônoma – e traz uma central multimídia simples, com espelhamento apenas via cabo. Por outro lado, tem câmera 360º e sensor traseiro, que compensam a grossa coluna traseira. Nota 8.

Consumo – Na última avaliação do Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro, o Versa se saiu melhor que há um ano. O consumo urbano com etanol e gasolina agora é de 8,1 e 11,8 km/h (era 7,9 e 11,5 km/l) e o rodoviário com etanol e gasolina fica em 10,5 e 15,0 km/l (contra 10,2 e 14,7 km/l de antes). A melhora ficou na casa de 3%, mas não alterou as notas, que se mantiverem em C na categoria e B na classificação geral. Nota 7.

Conforto – Desde a antiga geração, que usava a mesma plataforma, o Versa é conhecido pelo ótimo espaço interno, principalmente para quem vai atrás. Como a suspensão traseira é rígida, as irregularidades são pouco filtradas, o que rouba um pouco o conforto. Na frente, os ocupantes são melhor tratados, até pela presença dos bancos Zero Gravity, que apoiam as costas em diversos pontos. O isolamento acústico é melhor que a média do segmento. Nota 7.

Tecnologia – Mesmo que não esteja na moda, o motor 1.6 aspirado e o câmbio CVT são eficientes e modernos. A plataforma V é de 2012, mas foi refinada para esta geração. A plataforma eletrônica é capaz de aceitar diversos recursos ADAS, mas a versão só traz de relevante o alerta de colisão com frenagem autônoma. Já a central multimídia, sem conexão wireless, está defasada e é o tipo de recurso que enche os olhos do consumidor brasileiro. Nota 8.

Habitabilidade – O Versa tem um amplo espaço interno, porta-malas generoso de 482 litros e um bom número de nichos no interior para objetos, caso do compartimento sob o apoio de braços. A boa altura do modelo, com 1,47 m, facilita a entrada e saída. Nota 8.

Acabamento – No interior, o Versa SR tenta dar o tom de esportividade evocado pela versão. Detalhes coloridos nos bancos, portas e console tentam dar uma certa jovialidade ao modelo. No mais, traz o bom acabamento da linha, com design, encaixes, arremates bem-feitos. Há muitas partes em plástico rígido, mas sempre com texturas agradáveis. Nota 8.

Design – O Versa traz o conceito de design V Motion 2.0, que tem uma estética sem maiores ousadias, mas bem equilibrada e agradável. As linhas e os volumes fazem com que o sedã pareça de uma categoria superior e o conjunto é extremamente contemporâneo, com linhas bem mercadas. Entre os rivais, é o que tem traços mais atraentes. Nota 9.

Custo/benefício – Quando chegou, o novo Nissan Versa atuava apenas na parte superior do segmento de sedã compactos. Com o tempo, foi abrindo o leque e a versão SR tem o intuito de alcançar um público ainda mais amplo. Traz bons recursos para brigar com versões intermediárias de marcas mais caras, como Honda e Volkswagen, e versões de topo de marcas mais populares, como Chevrolet, Hyundai e Fiat. Nota 8.

Total – O Nissan Versa SR somou 79 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Pimenta para os olhos

Os três fabricantes japoneses que atuam no segmento de sedãs compactos apostam na clássica configuração de motor aspirado, câmbio CVT e comando acionado por uma robusta corrente. E não é à toa. É uma combinação resistente, durável e que não costuma dar dor de cabeça a quem usa. O que pode faltar em ousadia sobre em confiabilidade. E nesse caso está o Versa, seja com visual esportivo ou não. O motor 1.6 16V aspirado com 114 cv e 15,5 kgfm, é razoável para um modelo que pesa 1.122 kg, mesmo que o câmbio CVT anestesie um pouco as reações. De qualquer forma, há um bom equilíbrio entre desempenho e consumo.

A dinâmica também segue a lógica da eficiência e simplicidade. O conjunto controla bem os movimentos da carroceria, mesmo que sacrifique um pouco conforto em pisos irregulares. Na prática, porém, quem encara pisos muitos ruins no dia a dia dificilmente escolhe um sedã como carro de uso. Na utilização na cidade e em estradas de boa qualidade, o Versa mostra boas qualidades. A câmera 360º compensa a retrovisão ruim na hora de estacionar, o espaço interno é impressionante e o isolamento acústico é de boa qualidade.

Como ponto negativo, vale destacar a ausência de espelhamento de celular sem cabo. E mesmo com o cabo, muitas vezes é preciso brigar com o sistema da central para conseguir ser visto. O conservadorismo em determinados pontos pode representar confiabilidade, mas no caso de itens puramente tecnológicos como uma central multimídia, não tem sentido.

Nos detalhes do interior, ficam evidente o bom padrão de construção. O console frontal e o volante são revestidos em couro sintético, há guarnições nas portas imitando a textura de fibra de carbono. Apesar do revestimento dos bancos não ser dos mais macios – é um tecido resistente, a impressão geral é que o Verso tem um acabamento que harmoniza bem com a boa impressão que se tem quando é olhado de fora. Os detalhes em laranja dão um tom jovial que, obviamente, não alcança o desempenho.

Ficha técnica

Nissan Versa SR

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando com variação contínua de abertura das válvulas. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.

Transmissão: Continuamente variável com modo Sport. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração de série.

Potência máxima: 114 cv a 5.600 rpm com etanol e gasolina.

Aceleração 0-100 km/h: 10,7 segundos.

Velocidade máxima: 180 km/h.

Torque máximo: 15,5 kgfm a 4 mil rpm com etanol e gasolina.

Diâmetro e curso: 78 mm X 83,6 mm. Taxa de compressão: 10,7:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.

Pneus: 205/50 R17.

Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. ABS com EBD. Oferece assistência de partida em rampa.

Carroceria: Sedã compacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,50 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,47 m de altura e 2,62 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.

Peso: 1.122 kg.

Capacidade do porta-malas: 482 litros.

Tanque de combustível: 41 litros.

Produção: Aguascalientes, México.

Lançamento mundial: 2019.

Lançamento no Brasil: 2020.

Face-lift: 2023.

Lançamento da versão: 2024.

Preço da versão: R$ 125.190.

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