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Status ecológico
Fiat Fastback Hybrid ganha em autonomia e responde por 46% das vendas
por Eduardo Rocha
Auto Press
Há diversos motivos para alguém se interessar por um modelo híbrido. Ganhar autonomia de rodagem, gastar menos combustível ou até mesmo por questões de imagem, numa espécie de greenwashing individual. Seja qual for o motivo, está funcionando para a Fiat. Principalmente em relação ao crossover cupê Fastback. Desde que chegou efetivamente ao mercado, em novembro, as versões híbridas conseguiram boa participação. Em novembro alcançou 13,7% das vendas, em dezembro respondeu por 1.751 das 4.493 unidades emplacadas, ou 39% e em janeiro foram 1.589 de 3.423 emplacamentos, ou 46% do total. Esses números foram alcançados mesmo com o fim da promoção de lançamento, quando a versão híbrida custava apenas R$ 2 mil a mais que a normal. Agora, essa diferença subiu para R$ 6 mil, o que elevou o preço da versão avaliada do Fastback, a Audace, para R$ 155.990.
Esse aumento de preço afastou o argumento financeiro do elenco de vantagens do modelo híbrido da Fiat. Com a diferença de R$ 2 mil, era possível que o comprador de um Fastback Turbo 200 Hybrid Flex passasse a recuperar parte desse dinheiro após rodar em torno de 40 mil km. Agora, esse ponto de virada ocorre em torno de 120 mil km – levando em conta o consumo urbano indicado pelo InMetro e os preços médios de R$ 6,15 para gasolina e R$ 4,13 para etanol.
As versões híbridas dos SUVs compactos da Fiat, presente também no Pulse, utilizam o consagrado motor GSM T200 nessa primeira experiência da chamada tecnologia bio-hybrid, que combina motor flex e eletrificação. Embora os números de consumo e emissões tenham melhorado, não houve mudanças na performance. Ele rende aqui os mesmos 125/130 cv de potência e 20,4 kgfm de torque das versões térmicas, que é suficiente para oferecer uma boa dinâmica ao modelo.
O sistema se enquadra na categoria de híbrido leve e conta com um motor-gerador elimina o alternador e o motor de arranque. O sistema conta ainda com duas baterias de 12 V: uma normal, de 68 Ah, que fica no cofre do motor, e outra sólida, de íon de lítio, alojada sob o banco do motorista. Aqui, o motor elétrico não movimenta o carro, mas para economizar combustível auxilia o trabalho do motor a explosão em momentos críticos. Em arrancadas e retomadas, entre 1.500 e 3 mil giros, os 4 cv e o 1 kgfm do motor elétrico podem aliviar até 25% do esforço total.
Por conta dessa lógica de acionamento, a melhora no consumo se dá apenas em uso urbano. A média de consumo de etanol medida pelo InMetro passou de 8,1 para 8,9 km/l e com gasolina foi de 11,3 para 12,6 km/l – reduções, respectivamente, de 9,9% e 11,5%. As medições em ambiente rodoviário, por outro lado, são praticamente as mesmas nas duas motorizações, de 9,8 km/l com etanol e 13,9 km/l com gasolina.
Por fora, apenas o emblema azul na tampa do porta-malas com a palavra Hybrid em branco diferencia este Fastback dos demais. Por dentro, além da mesma inscrição na parte inferior do painel, há ainda há um medidor da carga do sistema elétrico na borda do conta-giros. Embora a primeira função dessas versões híbridas seja adequar a gama da Fiat às exigências das normas Proconve L8, a marca vem conseguindo capitalizar a necessidade com um bom marketing, que vem se convertendo também em uma melhora na lucratividade da linha, que passou a emplacar um volume maior das versões mais completas, Audace e Impetus, as únicas que por enquanto oferecem a tecnologia bio-hybrid (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).
Ponto a ponto
Desempenho –A potência de 125/130 cv e torque de 20,4 kgfm do motor GSE 1.0 Turbo anima de forma convincente o SUV cupê. Com uma relação peso/potência em torno de 10 kg/cv, o Fastback não chega a oferecer um comportamento esportivo, mas está sempre com potência disponível. Nisso recebe uma sutil ajuda do sistema híbrido, que melhora a sensação de força em baixos giros, mesmo sem interferir diretamente no desempenho. O câmbio CVT conversa bem com o motor turbo, que por ter baixa inércia, oferece boas arrancadas e retomadas . O sistema TC+, que limita o escorregamento do diferencial em baixas velocidades, é bem suficiente para encarar trechos enlameados menos radicais e dá uma certa personalidade SUV ao modelo. Nota 8.
Estabilidade – O Fastback segue a tradição da Fiat e privilegia o conforto, com uma suspensão macia. E mesmo sendo um pouco elevado, com 19,2 cm de altura livre, controla bem os movimentos da carroceria. A versão Audace conta com rodas aro 17 e pneus 205/50, que permitem uma certa rolagem lateral nas curvas mais forçada, mas nada que assuste. Nota 8.
Interatividade –O painel digital configurável de 7 polegadas ganhou um marcador que aponta o nível de carga do sistema elétrico no Fastback híbrido, o que facilita bastante a interação com o carro. No mais, segue a lógica da versão Audace, que fica no meio-termo entre o essencial e o luxo. No caso, a unidade avaliada trazia a Pulse Impetus traz ainda. A central multimídia com tela sensível ao toque com 10,1 polegadas espelha smartphones sem cabo e tem GPS nativo. As demais funções se oferecem através controles bem intuitivos. O volante multifuncional traz um chamativo botão vermelho Sport, para alterar o modo de condução. Nota 9.
Consumo – De acordo com o Inmetro, o Fiat Fastback Audace 200 Turbo Hybrid Flex registrou médias de 8,9/9,8 km/l com etanol e 12,6/13,9 km/l com gasolina, na cidade/estrada. O consumo mais próximo entre cidade e estrada se deve ao fato de o sistema híbrido leve só atuar em giros médios e baixos, como costuma ocorrer na cidade. Este consumo rende nota A na categoria e C no geral. Nota 8.
Conforto – A suspensão macia filtra bem as irregularidades e gera muito conforto de rodagem. Os bancos têm ergonomia correta, com bom apoio lateral. A insonorização da cabine é boa, principalmente em relação a ruídos aerodinâmicos, de rodagem e do motor. O espaço interno é uma boa herança do Cronos, carro do qual é derivado, e se torna um dos pontos altos do Fastback. Nota 8.
Tecnologia – A plataforma MLA do Fastback se origina na arquitetura MP de Argo/Cronos, que por sua vez teve como base a do Punto italiano. Nessa evolução, ganhou aços especiais, aumentou a rigidez e reduziu a transferência de ruídos e vibrações. E é isso que transmite uma sensação de solidez em quem conduz o crossover da Fiat. Como é um projeto mais recente, o SUV traz recursos atualizados, como alerta de colisão frontal com frenagem autônoma, monitor de faixa e farol alto automático, presentes na versão. A conectividade da central Uconnect é das mais práticas do segmento, com espelhamento de smartphones sem fio, tela de 10,1 polegadas e GPS interno. Mas o ponto alto é a nova motorização híbrida, que deixou o modelo mais econômico. Nota 9.
Habitabilidade – A altura elevada do teto cria um habitáculo espaçoso e aconchegante. Na frente, os ocupantes contam com um excelente espaço de movimentação e atrás há boa área para as pernas no sem ter de contar com a boa vontade de quem vai à frente. Como um carro com intenções de ser um Gran Turismo, deveria ter mais porta-objetos Além do porta-copos e do nicho do carregador por indução, à frente do câmbio, há apenas os bolsões nas portas e o espaço sob o apoio de braços central. O porta-malas oferece generosos 600 litros de capacidade – comparável aos de minivans. Nota 9.
Acabamento – A Fiat segue a filosofia de criar texturas e padrões agradáveis, mesmo sem usar materiais requintados ou caros. No caso da unidade testada, na versão Audace, o interior trazia um maior refinamento por conta do revestimento opcional dos bancos em couro sintético – presente também em áreas de toque, como câmbio, volante e apoios nas portas em couro sintético. Nota 8.
Design – As linhas do Fastback combinam o face-family atual da Fiat com um toque de ousadia, necessária para aproveitar as dimensões e diversas peças do Cronos, que serviu de base. E foram bem-sucedidos, com um desenho atraente, com muita robustez e personalidade, principalmente pelo volume da traseira, que combina altura imponente e lanternas finas e elegantes. As linhas orgânicas se fundem de forma harmoniosa com os detalhes geométricos. Nota 9.
Custo/benefício – A família híbrida da Fiat, com o adicional de R$ 6 mil recuperáveis somente após 120 mil km – praticamente a fundo perdido –, prejudica a relação de custo/benefício. O Fastback já era mais caro que os rivais diretos, o Volkswagen Nivus e o Citroën Basalt, e agora a distância aumentou. Mas por ser maior e ter linhas ousadas e marcantes, o crossover da marca italiana ainda mantém um bom poder de atração. Nota 7.
Total – O Fiat Fastback Audace 200 Turbo Hybrid Flex somou 83 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Doce vida
A bordo, somente o painel com o marcador de energia e o sistema start/stop – que é discreto, mas perceptível –, dão conta que se trata de um modelo com preocupações de eficiência. No mais, é o bom e conhecido Fastback de sempre. Um carro confortável, espaçoso, com bom comportamento dinâmico. Trata-se, sem dúvida, do melhor automóvel da marca italiana na gama oferecida no Brasil. A isso se soma o sistema híbrido, que ajuda a torná-lo mais econômico. O modelo tem uma boa disposição em toda a faixa útil de rotações e a sensação é que ganhou uma aceleração mais lisa, com uma subida de giro mais sustentável, com a ação em sequência de motor elétrico em baixa e turbo em média e alta. Ele se entende bem com o câmbio CVT, que atrasa um pouco as reações, mas não tira o ímpeto do crossover.
O habitáculo do Fastback é bem espaçoso e incrementa a sensação de amplidão pelo teto alto e as boas dimensões. Os bancos são firmes, mas bastante ergonômicos, e há espaço para pernas e cabeça, mesmo para quem vai atrás. Já a largura da cabine é boa, mas não comporta três ocupantes adultos no banco traseiro. Se a proposta for pegar a estrada, o mais aconselhável é acomodar apenas duas pessoas ali.
Em movimento, o Fastback é confortável e bem macio. Mas é bem melhor no asfalto do que em pisos irregulares. Nas tocadas mais agressivas, a suspensão muito macia permite a rolagem nas curvas, que provoca mais desconforto do que insegurança. O isolamento acústico é bem adequado para o padrão do segmento e só se ouve o motor quando ele é mais exigido. Como tem um bom coeficiente aerodinâmico O crossover oferece diversos recursos que facilitam a vida a bordo, como uma central multimídia amigável.
Para o condutor, auxílios como sensores de obstáculos, câmera de ré, painel digital configurável com grande número de informações facilitam os trabalhos – o modelo conta até com pressão do turbo e aceleração em G –, alerta de colisão com frenagem autônoma e monitor de faixa. Uma mudança positiva em relação aos modelos anteriores da Stellantis é que os alertas ficaram mais discretos – o que não prejudicou em nada a eficiência.
Ficha técnica
Fiat Fastback Audace Turbo 200 Hybrid Flex
Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 999 cm³, sobrealimentado por turbo, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, eixo de comando simples no cabeçote e injeção eletrônica multiponto.
Motor elétrico: Com 12 V, 3 kWh (4,08 cv) de potência e 1,02 kgfm de torque. Dianteiro transversal acoplado mecanicamente ao motor a explosão com funções de arranque, propulsão e gerador, alimentado por uma bateria auxiliar de íon de lítio.
Transmissão: Automático continuamente variável, CVT, com sete relações pré-programadas à frente e uma à ré. Tração dianteira com sistema de tração TC+ para limitação do escorregamento do diferencial.
Potência: 125 cv a 130 cv, com gasolina e etanol, a 5.750 rpm.
Torque: 20,4 kgfm, com gasolina ou etanol, a 1.750 rpm.
Diâmetro X curso: 70,0 x 86,5 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração 0-100 km/h: 9,7/9,4 segundos com gasolina/etanol.
Velocidade máxima: 194/196 km/h com gasolina/etanol.
Carroceria: Crossover cupê em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 4,43 metros com 1,77 m de largura, 1,55 m de altura e 2,53 m de entre-eixos. Possui airbags frontais, laterais e de cabeça de série.
Suspensão: Dianteira tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais.
Freios: Dianteiro a disco ventilado com 284 mm de diâmetro com pinça flutuante. Traseiro a tambor com regulagem automática. ABS com controle de partida em rampa e controle de estabilidade.
Pneus: 205/50 R17.
Peso: 1.245 kg em ordem de marcha com 400 kg de capacidade de carga.
Capacidade do porta-malas: 600 litros expansível para 1.087 litros com a segunda fileira rebatida.
Tanque de combustível: 47 litros.
Lançamento no Brasil: novembro de 2024.
Produção: Betim, Minas Gerais.
Preço da versão Audace: R$ 155.990.
Preço da unidade testada: R$ 160.570
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