
O Kicks vai para cima
SUV da Nissan cresce e ganha tecnologia e design cheio de personalidade
por Eduardo Rocha
Auto Press
A Nissan assumiu um risco calculado com o novo Kicks. A segunda geração do modelo rompe com alguns padrões do mercado de SUVs. Caso da estética, que é inovadora e ousada, com linhas originais e bem marcadas. Outra ruptura é com os atuais parâmetros de conteúdo e tamanho. O modelo fica acima de praticamente todos os SUVs/crossovers compactos do mercado, do segmento B, mas é um pouco menor que os SUVs/crossovers médios-compactos, ou C-, com conteúdo compatível com os modelos médios, ou C. Ou seja: ele se posiciona no que poderia ser definido como subsegmento B+.
Os preços das quatro versões apresentadas refletem essa condição intermediária entre SUVs compactos e médios. A versão de entrada Sense sai a R$ 164.990, a Advance fica em R$ 175.990, a Exclusive chega a R$ 177.990 e a top Platinum, que só teve o preço de pré-venda anunciado, alcança R$ 199.990. No período de lançamento, as demais versões também terão preços reduzidos em valores entre R$ 4.500 e R$ 7 mil, enquanto a Platinum terá outros incentivos. A pré-venda começa imediatamente e as entregas serão a partir do dia 3 de julho.
As rupturas do novo Kicks começam com o design. Os três frisos sob os faróis que já apareciam no sedã Versa reaparecem aqui na forma de led, com a função de luz noturna. A frente e a traseira têm cortes verticais, o que dá um aspecto de extrema robustez ao SUV. De perfil, a linha de cintura finaliza com uma elevação, numa sutil referência ao atual Kicks Play. Aqui, chamam a atenção as rodas de liga leve, de 17 polegadas na Sense e Advance e de 19 na Exclusive e Platinum, e os para-lamas ressaltados. Por mais que as linhas do novo Kicks sejam ousadas, é preciso reconhecer que essa foi uma característica do modelo também na primeira geração. Em 2016, o SUV da Nissan chamava a atenção por ser bem diferente do que o mercado oferecia na época.
Por dentro, o novo Kicks traz, segunda a definição da marca, todos os recursos de condução autônoma que a legislação brasileira permite. O Kicks pode trabalhar com radares de médio e longo alcance, sensores de obstáculos e câmera de monitoramento para formar o chamado escudo de proteção, ou o chamado Nissan Safety Shield. Alguns desses recursos são estruturais enquanto outros são aplicados de acordo com a versão. Estão lá controle de cruzeiro adaptativo, monitor e centralizador de faixa, alerta e frenagem autônoma, inclusive traseira, sensores de pontos cegos etc.
Por dentro, o novo Kicks ganhou um console com um conjunto de telas para painel e central multimídia. No caso das duas versões iniciais, o painel tem 7 polegadas, enquanto nas duas configurações superiores ele tem 12,3 polegadas. Já a tela da central multimídia é sempre de 12,3 polegadas e faz espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. O ar digital é de série em toda a linha, assim como rodas de liga leve, alerta de faixa, controle de cruzeiro adaptativo e freio de acionamento eletrônico.
O motor 1.0 turbo de três cilindros, semelhante ao usado no Renault Kardian, também está presente em todas as versões do novo Kicks. Ele rende 120/125 cv e 20,4/22,4 kgfm de torque com gasolina/etanol. Ele é gerenciado por um câmbio automático de dupla embreagem com seis marchas e a alavanca de marchas deu lugar a um pequeno console com quatro botões: P, N. R e D/M. A máxima é de 185 km/h e o zero a 100 km/h é feito em 12,4 segundos.
Primeiras impressões
Lógica e tradição
O Kicks está criando uma tradição paradoxal de sempre romper com as tradições. Seja de desenho, de conteúdo e até de conceito. No caso desse Kicks II, o design e o conteúdo realmente mudaram, no sentido de evoluir e se sofisticar. Mas como cresceu, o novo crossover da Nissan rompeu com a antiga lógica de manter a combinação de carroceria leve e motor eficiente, com uma relação peso/potência de 9,6 kg/cv no Kicks Play. Agora, ainda busca alguma eficiência no motor, com um consumo de 8,3/11,7 km/l na cidade e 9,9/14,7 km/l na estrada, com etanol e gasolina. Mas a relação subiu para até 11,4 kg/cv.
Essa mudança afeta a dinâmica do crossover em relação ao antecessor, mas não a lógica de comportamento dos modelos da marca, que geralmente buscam unir racionalidade e conforto de rodagem. E é isso que o Kicks II oferece. As acelerações são progressivas e nem um pouco agressivas. Não há qualquer dificuldade de manter velocidades de cruzeiro de 110, 120 km/h. As retomadas são um tanto lentas, mas há o recurso dos paddles shifters atrás do volante para acelerar o processo. Na versão Platinum avaliada, os recursos oferecidos eram todos simples e amigáveis, sem a necessidade de estudar longamente os controles para se entender com o carro.
No mais, o crescimento do modelo, com um entre-eixos de 2,66 metros, se reflete no conforto a bordo. Longitudinalmente, o espaço é generoso nas duas fileiras de banco e também no porta-malas, com 470 litros, ou 445 com o uso do fundo elevado, que nivela o piso com a borda inferior da tampa do porta-malas. O espaço para a cabeça, que já seria bom pela altura de 1,62 m do modelo, ganha em amplitude com o teto solar panorâmico, de série na versão de topo. Pela ousadia de design e de posicionamento, pode ser que o Kicks enfrente uma certa resistência inicial até que o mercado consiga absorves as novidades. Mas isso também é uma tradição do Kicks, que teve seu melhor desempenho de vendas no Brasil apenas oito anos após chegar o mercado.
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