
Além da medida
Kia EV5 é um SUV prático e confortável, mas o conteúdo não justifica o preço
por Simon Alvarez
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
O SUV Kia EV5 chegou ao Brasil para ser o primeiro membro da família de elétricos da marca. Ele é um representante da gama puramente elétrica, que se propõe a ser o ponto mais alto em tecnologia de eletromobilidade na marca sul-coreana, que pertence à Hyundai, mas é representada no país pelo Grupo Gandini. Os preços refletem bem esse posicionamento: o EV5 Land custa iniciais R$ 389.990. Trata-se de um SUV do segmento C, médios superiores, que tem a proposta de unir conteúdo, espaço e desempenho. É um valor salgado, que explica o fraco desempenho do modelo nas vendas: em 12 meses de mercado, emplacou apenas 19 unidades.
O Kia EV5 mede 4,62 metros de comprimento, 1,89 m de largura, 1,72 m de altura e 2,75 m de entre-eixos – como referência, é 10 cm mais longo que o Sportage. Ele traz a linguagem de design Opposite United – opostos unidos -, presente em outros modelos da família EV – no Brasil, além dos EV5, é vendido também o EV9, para sete passageiros. Uma das características desse estilo é a frente delineada em led com holofotes nas extremidades do para-choque, que criam uma presença imponente, tanto pelo seu tamanho como pelas suas linhas.
No Brasil, o EV5 traz um conjunto composto por um motor elétrico de 217 cv e 31,6 kgfm com tração dianteira. A Kia chegou a trazer para testes duas unidades da versão de topo Wave, com dois motores e tração AWD, mas optou pela versão Land por conta dos custos. Ele é alimentado por uma bateria LFP de 88,1 kWh, o que homologou uma autonomia de 402 km. O tempo de carregamento em um carregador CC de 50 kW, que é o mais comum, é de 72 minutos de 10% a 80%.
Na seção de segurança, o pacote é bastante competente. Ele inclui monitoramento e intervenção no ponto cego e no tráfego cruzado, sensores de proximidade laterais, assistência em colisão de estacionamento em marcha a ré, câmera 360° com visão 3D, controle de cruzeiro adaptativo com frenagem autônoma, entre outros elementos. Só impressiona o fato de trazer apenas seis airbags – em geral, carros nesse segmento premium costume trazer pelo menos airbag de joelho para o motorista.
Bem na linha do marketing ecológico, a maioria dos plásticos internos são reciclados. Para reforçar o aspecto de sustentabilidade, a proposta foi utilizar de texturas e formas que resultassem num interior funcional e marcante, onde tudo tem uma orientação clara para o motorista. Um ponto positivo é que foram mantidos diversos controles por botões, embora alguns sejam táteis. No interior, logo se destacam as telas gêmeas de 12,3 polegadas, uma para o painel de instrumentos e outra para a central multimídia.
A lógica de operação é funcional, há muitas informações personalizáveis em ambas as telas e o sistema espelha tanto Android Auto quanto Apple CarPlay sem fio. Logo abaixo da tela, há uma fila de botões táteis para manipular o rádio e também um teclado de botões físicos dedicado exclusivamente ao ar-condicionado. Um ponto de distinção é a maneira de ligar o carro. Ao contrário de outros carros elétricos, aqui não se trata de chegar e sair, mas é preciso ligá-lo a partir da mesma alavanca usada para selecionar as marchas, em um comando de satélite à direita da coluna.
Mas o ponto mais relevante no interior é o espaço. Há diversos nichos para guardar as coisas, e uma ampla área de uso para os passageiros. Outro ponto positivo é a área envidraçada, que junta as grandes janelas com o enorme teto panorâmico. Há muitos detalhes bem-pensados, como a pequena mesa na parte de trás do banco do passageiro, as tomadas USB-C estão em uma boa altura e as saídas de ar são colocadas no pilar, não no console central. O porta-malas tem 513 litros de capacidade, que pode ser ampliada até 1.718 litros com a fileira traseira rebatida.
Impressões ao dirigir
Na medida certa
Como costuma acontecer com todos os carros elétricos, o EV5 é totalmente silencioso e tem um torque brutal e instantâneo. Isso se soma à boa aerodinâmica do carro, à direção comunicativa. Embora tenha boa agilidade, o desempenho não é o ponto alto dessa versão. O zero a 100 km/h é cumprido em 8,9 segundos.
A direção, que embora seja elétrica, é bastante comunicativa, move-se bem onde é indicada e endurece conforme necessário em altas velocidades para transmitir que nos sentimos no controle do carro. A sensação transmitida pelo acelerador também é boa, com uma resposta muito reativa nas arrancadas. Trata-se de um carro pesado, com cerca de 2,5 toneladas, mas a potência bem gerenciada a ponto de o peso não ser um problema.
A aerodinâmica é um ponto que merece destaque, já que os designers da Kia levaram muito a sério os projetos de veículos elétricos – ou seja, foram forçados a fazer carros menos excêntricos. A questão é que apesar de ser um carro com carroceria muito quadrada, a 120 km/h quase não há ruído aerodinâmico, exceto por um pequeno apito dos retrovisores. Conversar dentro do carro não é um problema, assim como usufruir do bom sistema de som.
As assistências à condução são eficientes e funcionam de forma discreta. Não são invasivos, não alertam demais e a direção semiautônoma de nível 2 é muito precisa. Além disso, corrigiram um vício que alguns carros têm: a câmera de ponto cego não é mostrada na tela da central multimídia, mas aparece no próprio cluster, o que não atrapalha, por exemplo, a leitura de um mapa.
The post A dimensão do EV5 appeared first on MotorDream.