O refinamento do Kardian
Eduardo Rocha
O refinamento do Kardian

Sintonia fina

Kardian 2026 traz novidades em busca de sofisticar a imagem da Renault

por Eduardo Rocha

Auto Press

O Kardian foi o primeiro modelo nacional a estampar na grade a nova logomarca da Renault. Mais do que uma simples atualização estética, a mudança representou uma declaração de princípios. A partir daí, os novos modelos da marca no mercado nacional espelhariam no Brasil a imagem mais refinada que a fabricante francesa tem em outros países. A chegada da linha 2026 reforçou esta atitude. Enquanto o mercado apostava que a Renault sucumbiria aos apelos por versões mais baratas – até com uma versão com motor 1.0 aspirado -, o Kardian foi no sentido contrário: ganhou mais refinamento, tecnologia de conectividade e auxílio à condução, mesmo que isso tenha significado um aumento de preços.

O SUV compacto começa em R$ 113.590, para a Evolution manual, e vai até R$ 149.990, para a Iconic, que substituiu em junho a Première Edition como topo de gama. Os valores ficaram entre R$ 500 e R$ 4 mil maiores que na linha 2025. A única versão que manteve o valore, de R$ 119.590, foi a Authentic, destinada a frotistas e PcD, lançado também em junho. Uma novidade para toda a linha, exceto para a versão Authentic, é a nova cor Azul Iron. A configuração de entrada, Evolution MT, ficou R$ 1 mil mais cara, enquanto com Evolution AT, a R$ 124.690, teve um aumento de R$ 500. As maiores diferenças ficaram com a intermediária Techno, que custa R$ 139.290 (R$ 2.800 a mais) e com a top Iconic, de R$ 149.990 (R$ 4 mil a mais).

Foram também essas duas últimas as versões que receberam novidades. O sistema de monitoramento do Kardian passa a usar uma câmera mono no alto do para-brisas no lugar do antigo radar instalado no para-choque dianteiro. Com isso, a versão Techno adicionou sistema alerta de colisão com frenagem autônoma que detecta pedestres e ciclistas, controle de cruzeiro adaptativo e farol alto automático. Além disso, passa a contar com uma nova central multimídia, openR, com tela de 10 polegadas no lugar da antiga de 8 e um sistema de som mais sofisticado. Como opcional, a Techo pode receber pintura em dois tons e o pacote de serviços conectados My Renault, que inclui comandos remotos, rastreamento e informações sobre o carro.

Já a nova versão top Iconic adiciona ainda painel digital de 10 polegadas, no lugar do padrão de 7”. Nele, todos os recursos ADAS podem ser monitorados através de gráficos. Ganha ainda câmera 360º e tem alerta de ponto cego, alerta de proximidade com o carro da frente, sensor de luminosidade, sensores de estacionamento frontal, três modos de condução, iluminação interna personalizável e pintura em duas cores. Serviços conectados e revestimento em couro sintético nos bancos aparecem como opcionais. Na parte estética, a maior novidade da linha 2026 é a possibilidade de a pintura em duas cores ter o teto também em prata – antes, só podia ser em preto. e a nova cor, Azul Iron.

Sob o capô, nenhuma novidade. O Kardian continua a ser anima somente pelo motor 1.0 turbo com 120/125 cv e 20,4/22,4 kgfm de torque com gasolina/etanol. Este propulsor pode ser acoplado a um câmbio manual somente na versão Evolution MT, enquanto todas as outras quatro configurações são sempre gerenciadas pelo câmbio de dupla embreagem com seis marchas, de dupla embreagem úmida.

As novidades do Kardian cumprem a missão de buscar sofisticar um pouco mais a linha. Tanto que o modelo traz de série, desde as versões de entrada, recursos como seis airbags, controle de cruzeiro, sensor traseiro, painel digital, central multimídia, ar-condicionado digital automático, faróis em led, barras de teto, trio elétrico e sistema Start&Stop. Ou seja: a prioridade da Renault com essas novidades não foi ampliar as vendas, que andam meio de lado, por volta de 1.700 emplacamentos por mês. A marca está mais interessada em refinar a imagem, até para preparar terreno para a chegada de modelos mais sofisticados, como o SUV médio Boreal e a nova picape média-compacta provisoriamente chamada de Niágara.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor TCe 1.0 turbo de três cilindros é dos melhores disponíveis no mercado. É ágil, tem ótimo torque em baixas rotações e não dá sinal de turbolag. Ele se entende muito bem câmbio de dupla embreagem, que rapidamente se adequa às solicitações, tanto na condução mais esportivas e quanto nas mais calmas. Nota 9.

Estabilidade –A suspensão do Kardian é bem ajustada, com bom compromisso entre conforto e controle de carroceira. Na prática, o conjunto absorve bem as irregularidades e tem rolagem lateral muito discreta, ainda mais se levando em conta que é um crossover com 1,54 metro de altura. A direção é bastante reativa e direta em velocidades mais altas e bem leve nas manobras. Nota 8.

Interatividade – O novo painel digital de 10 polegadas da versão avaliada, Iconic, é bem mais informativo e tem grafismo mais atraente que o de 7 polegadas, usado nas demais versões. Há ainda comandos indiretos para algumas funções – caso dos modos de condução. A nova central multimídia openR, de 10 polegadas, manteve o espelhamento de celulares sem fio simplificado e tem ótima resolução. A versão conta ainda com câmera 360º e traz muitos recursos ADAS, que melhora o convívio. A única ausência é do monitor de faixa, Nota 8.

Consumo – O Renault Kardian recebeu um novo mapeamento para atender o Proconve L8, que entrou em vigor em 2025. Ainda assim, registrou números muito semelhantes aos da época do lançamento. Na cidade, conseguiu médias de 8,8 e 12,2 km/l e na estrada de 9,8 e 13,8 km/l, respectivamente com etanol e gasolina, com nota B na categoria e C no geral. Nota 7.

Conforto – Com as irregularidades do piso filtradas com competência, a rodagem do Kardian é suave, passando uma sensação de solidez. Os bancos são ergonômicos, têm apoio lateral e boa sustentação do corpo. O novo sistema de som o isolamento acústico é bem eficiente. Nota 8.

Tecnologia – A arquitetura do Kardian é RMP, Renault Modular Platform, uma evolução da CMP-B LS desenvolvida em 2023, moderna e adaptável. O motor, por outro lado, é uma versão de três cilindros do ótimo TCe, desenvolvido juntamente com a Mercedes-Benz. O propulsor é acoplado a um câmbio de dupla embreagem banhado em óleo, mais resistente que os câmbios a seco. A versão Iconic na linha 2026 traz um novo painel digital, nova central multimídia, serviços conectados e um bom pacote ADAS. Nota 9.

Habitabilidade – O Kardian tem um generoso entre-eixos, de 2,60 metros e boa altura do teto. Com isso, há espaço no habitáculo inusual no segmento para pernas, cabeças e ombros, principalmente na frente. O console central elevado melhora o convívio com o carro e há requintes como área do carregador de celular com resfriamento. O acesso ao interior é facilitado pela altura do veículo e o porta-malas, com 358 litros, tem tamanho compatível com o segmento. Nota 8.

Acabamento – Como a ideia da Renault é sofisticar a imagem, caprichou no acabamento do Kardian. A unidade testada trazia acabamento em couro sintético de boa qualidade nos bancos, painel e console frontal com pespontos em branco, na versão Iconic, o que imprime uma qualidade percebida bem alta. Nota 8.

Design – O Kardian tem linhas modernas e limpas, com detalhes como guarnições em preto brilhante, como na grade (na versão Iconic). E isso empresta um certo requinte ao crossover, que tem volumes equilibrados. O perfil é típico do segmento de SUV de entrada, que está mais para uma mistura de hatch high roof com crossover. Nota 8.

Custo/benefício – O Kardian Iconic é muito bem equipado, mas o preço não é dos mais acessíveis. Na mesma faixa de preços, de R$ 150 mil, um pouco acima dos rivais diretos Fiat Pulse Impetus e Volkswagen Nivus Comfortline. Os três se assemelham em desempenho, mas o crossover da Renault e tem o conjunto mais moderno, é mais completo em relação a recursos ADAS, traz serviços conectados e tem mais itens tecnológicos. Nota 8.

Total – O Renault Kardian Iconic somou 81 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Equilíbrio de ações

O Kardian vem cumprindo bem a missão de renovar a imagem da Renault no Brasil. Tem acabamento caprichado, motor e câmbio modernos, bons recursos ADAS e um bom pacote tecnológico, que agora passa a contar com serviços conectados, que no Brasil só é disponível em segmentos superiores. Outro ponto que ajuda o Kardian a emprestar requinte à marca é a estética, mais próxima do estilo da Renault na Europa. Com linhas orgânicas e arredondadas equilibradas, detalhes bem-dosados em preto brilhante, lanterna 3D e a assinatura luminosa dão um ar bem simpático ao modelo.

Dinamicamente, o modelo também oferece uma rodagem suave e equilibrada, que só não equivale à um modelo superior por conta do isolamento acústico, que é bom, mas não ótimo. Já o trem-de-força, com o motor 1.0 turbo, de 125/130 cv de potência e 20,4/22,4 kgfm de torque, empurra o SUV/crossover com bastante facilidade, no que é ajudado pelo ótimo câmbio de dupla embreagem. Ele interage tão bem com o propulsor que torna os paddle shifts no volante praticamente dispensáveis.

Por dentro, além do bom acabamento, o Kardian tem um bom espaço e, no caso da configuração Iconic, um ótimo nível de acabamento para o segmento. As novas telas de 10 polegadas, do painel e da central multimídia, têm ótima resolução e tem melhor definição e mais fáceis de interagir que as que equipam as demais versões, de 7 e 8 polegadas. Junto com a suspensão com boa capacidade de filtrar as irregularidades do pavimento, o habitáculo oferece um convívio agradável e um bom nível de conforto.

Ficha técnica

Renault Kardian 2026

Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 999 cm³, três cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote variável na admissão e no escape, com turbocompressor e injeção direta.

Transmissão: Automatizado de dupla embreagem banhado a óleo com seis marchas à frente e uma à ré. Tração dianteira.

Potência: 125 cv com gasolina e 130 cv com etanol e 5 mil rpm.

Torque: 20,4 kgfm com gasolina a 2 mil rpm e 22,4 kgfm com etanol a 2.250 mil rpm.

Diâmetro X curso: 72,2 x 81,4 mm.

Taxa de compressão: 11,1:1.

Aceleração 0-100 km/h: 9,9 segundos.

Velocidade máxima: 180 km/h.

Carroceria: Crossover compacto com quatro portas e cinco lugares. Com 4,20 metros de comprimento, 1,75 m de largura, 1,54 m de altura e 2,60 de distância entre-eixos. Altura mínima para o solo de 20,9 cm. Ângulo de 20º de ataque e de 36º de saída. Airbags frontais, laterais e de cabeça de série.

Suspensão: Dianteira tipo McPherson com rodas independentes, amortecedores hidráulicos, molas helicoidais, barra estabilizadora e braços oscilantes inferiores. Traseira com eixo de torção com barra estabilizadora, rodas semi-independentes, amortecedores hidráulicos e molas helicoidais.

Freios: Dianteiro a disco ventilado com pinça flutuante. Traseiro a tambor. ABS com controle de partida em rampa e controle de estabilidade.

Pneus: 205/55 R17.

Peso: 1.186 kg em ordem de marcha com 433 kg de capacidade de carga.

Porta-malas: 358 litros.

Lançamento: março de 2024.

Capacidade do reservatório de combustível: 50 litros

Produção: São José dos Pinhais, Paraná.

Preços das versões: Authentic R$ 119.590; Evolution MT R$ 113.690; Evolution AT R$ 124.690; Techno R$ 139.290; e Iconic R$ 149.990.

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