O Compass mais potente
Eduardo Rocha
O Compass mais potente

Refinamento e agressividade

Versão Blackhawk Hurricane anima e dá requinte ao já clássico Jeep Compass

por Eduardo Rocha

Auto Press

Lá se vão nove anos desde que o Jeep Compass foi lançado no Brasil. E em todo este período, o modelo foi líder absoluto do segmento de SUVs médios e teve mais de 500 mil unidades emplacadas. Nesse tempo, o modelo foi atualizado, ganhou recursos e seguranças, tecnologias de conectividade e diversas motorizações, a mais recente é a Hurricane T4, presente na versão avaliada Blackhawk. Tanto propulsor quanto a versão são novidades na gama do modelo e funcionam como uma espécie de Gran Finale para o SUV produzido em Goiana, que vai ganhar uma nova geração no ano que vem.

O motor é um 2.0 turbo a gasolina de alto rendimento, com 272 cv de potência e 40,8 kgfm torque. Ele é gerenciado pelo mesmo câmbio ZF9HP de nove marchas que equipava a versão diesel. Como se trata de uma versão 4X4 on-demand com reduzida, bloqueio do diferencial traseiro e controle de descida. Ele conta ainda com o sistema Active Drive Low, que desconecta o eixo traseiro em situações que a tração integral não é necessária, o que reduz o consumo. E tem ainda um seletor de terrenos, com modos Auto, Snow e Sand/Mud.

A função dessa nova versão foi exatamente assumir o posto de top de linha. Para a linha 2026, a Jeep começou a preparar a sucessão do modelo e enxugou a gama, com a fim das versões T350, 2.0 turbodiesel, e da Overland, que também usava o motor Hurricane. Na condição de topo de linha, a Blackhawk traz algumas particularidades, principalmente estéticas, como acabamento escurecido nos logotipos, grade e rodas, console interno com revestimento em Sued, encostos com o nome da versão bordado, rodas de 19 polegadas com desenho esportivo e pinças de freios vermelhas.

Além da estética, há algumas novas funcionalidades, como movimentação elétrica da tampa do porta-malas com sensor de presença e os gráficos com dados de desempenho, o chamado Performance Pages – que informa no painel força G, pressão na turbina e percentual de utilização da potência e torque. Ele dispõe ainda da plataforma de serviços conectados, o Adventure Intelligence Plus, com funções remotas, internet a bordo, assistência e navegação integrada com o smartphone e integração com Alexa.

No mais, é um modelo que tem um pacote de equipamentos bem completo – até para justificar os R$ 279.990 pedidos por ele. Ele conta com seis airbags, sensor de luz e chuva, aletas para trocas de marcha no volante, ar-condicionado dual zone, chave presencial, bancos dianteiros com ajustes elétricos, câmera de ré, sensores dianteiro e traseiro, retrovisor interno eletrocrômico, painel digital de 10,25 polegadas, sistema start/stop, freio de estacionamento elétrico e faróis de neblina.

Tem ainda sistema de som premium da Beats de 506 W com oito alto-falantes e subwoofer, carregador por indução e central multimídia com tela de 10,1 polegadas com espelhamento sem fio através de Apple CarPlay e Android Auto. Na parte de segurança, ele conta com recursos ADAS nivel 2, que incluiu comutação automática de farol, sensor de ponto cego, alerta de colisão e de tráfego traseiro cruzado, controle de cruzeiro adaptativo, frenagem autônoma de emergência, entre outros.

Com todos esses recursos, vários novos, e com a motorização mais potente já instalada no Compass, a marca espera manter o bom desempenho do modelo, que ganhou nesses últimos ano um rival à altura em vendas: o Toyota Corolla Cross. O SUV japonês vem mantendo em 2025 uma média de 5.500 emplacamentos/mês (metade migrada do sedã Corolla) contra 4.500 unidades do SUV da Jeep. Ainda assim, depois de quase uma década de mercado, o Compass ainda vai ultrapassar as 50 mil unidades em 2025 (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

Ponto a ponto

Desempenho – O motor Hurricane, de 272 cv, deu uma nova vida ao Compass. Com uma relação de 6,3 kg/cv, o SUV ganhou um comportamento bem agressivo e progressivo, graças ao câmbio de 9 marchas da ZF – uma solução doméstica para encarar o aumento de torque para 40,8 kgfm. O zero a 100 km/h em 6,3 segundos e a máxima de 228 km/h dão a dimensão do potencial esportivo do modelo. Nota 9.

Estabilidade – A suspensão, independente nas quatro rodas e de curso longo, foi recalibrada para encarar o aumento de potência. Ficou um pouco mais rígida, mas mantém um bom controle da carroceria, mesmo em trechos esburacados. A tração on demand, o conjunto de rodas aro 19 e pneus 235/45 e a redução da altura livre para o solo em 4 mm favorecem ainda mais a estabilidade. Os assistentes eletrônicos de tração e estabilidade também foram recalibrados e estão menos invasivos. Nota 8.

Interatividade – O interior do Compass é bastante funcional, tudo é bem localizado e de fácil acesso visual, como a tela de TFT no painel e o posicionamento elevado da central multimídia. Boa parte dos comandos podem ser acessado através do volante multifuncional, mas para um veículo que custa R$ 280 mil, contar apenas com sensores de obstáculos e câmera de ré é pouco. Ainda mais porque uma câmera 360º ajuda bastante no off-road, que é uma vocação desse SUV. A transmissão automática traz aletas no volante para trocas manuais, que ajudam a explorar um pouco mais esportividade do modelo. Nota 8.

Consumo – O InMetro classificou o novo Compass Blackhawk com a nota B no segmento e D no geral, pelo consumo de 8,5 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada, apenas com gasolina. São números aceitáveis para um SUV pesado e potente. Nota 6.

Conforto – A nova configuração da suspensão e o conjunto de rodas e pneus deixou o Compass um pouco mais áspero, mas ainda tem um certo refinamento ao rodar. O novo motor também é bem balanceado e gera poucas vibrações quando usado com parcimônia. Mas quando exigido, deixa a vida a bordo um pouco mais agitada. O espaço interno é correto para o segmento e quatro ocupantes viajam com conforto. Nota 9.

Tecnologia – Mesmo com uma plataforma com 20 anos – é original do Gran Punto de 2005 –, o Compass foi bastante atualizado. A versão Blackhawk tem todos os recursos disponíveis na linha e ainda adicionou mais alguns, como sistema de tração mais sofisticado, tampa do porta-malas elétrica, mais recursos de conectividade e um pacote ADAS nível 2 completo. A central multimídia, embalada por um equipamento Beats, é moderna e faz espelhamento sem cabo através de Apple Carplay e Android Auto, além de contar com GPS interno. Além de tudo isso, o novo motor é bastante avançado e mudou completamente o carro. Nota 9.

Habitabilidade – Como boa parte dos SUV médios, a altura do modelo facilita a entrada e saída do carro e garante um bom espaço para os ocupantes no interior. Os ajustes do banco e da coluna de direção ajudam na hora de buscar a posição ideal para dirigir. O aproveitamento dos espaços é bem inteligente, com porta-trecos estratégicos. O porta-malas leva bons 476 litros, mas em compensação, o estepe é temporário. Nota 8.

Acabamento – O cuidado do pessoal da Jeep na montagem de seus carros é tradicional. Há pouco plástico rígido visível no habitáculo e são poucos os pontos que não tem material macio, de toque agradável e boa qualidade. A cabine tem algum luxo, com revestimento em couro e Sued, além dos detalhes em metal escurecidos, típico da versão. De forma geral, o Compass é bem-acabado, tem um bom nível de requinte e oferece um interior agradável. Nota 8.

Design – O Compass sempre combinou robustez e refinamento. O visual mais malvado da versão Trailhawk dá uma impressão de despojamento, mas ainda assim o modelo traz linhas sofisticadas. E, mais importante, não ficaram desgastadas depois de nove anos de estradas – nesse tempo, as interferências no visual foram discretas. É uma boa mistura de elegância e esportividade. Nota 9.

Custo/benefício – O valor de R$ 279.990 pedido pelo Compass Blackhawk está de acordo com o nível das suas capacidades off-road. De fato, o modelo da Jeep só encontra rivais entre importados de luxo mais caros. O único rival direto de marca generalista é o Ford Bronco Sport, que tem preço semelhante, mas oferece menos recursos e tem pós-venda precário. Nota 8.

Total – O Jeep Compass Longitude somou 82 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Dupla vocação

O novo motor Hurricane 2.0 Turbo deu um impulso ainda mais forte à vocação do Compass de conciliar bem a vida no asfalto e no off-road. Mesmo tendo perdido 0,7 cm de sua altura livre do solo, os 19,8 cm restantes dão conta de quaisquer obstáculos encontrados em situações fora de competição. Restaram também bons ângulos de 21,7º no ataque e 28,5º na saída. Mas a estrela da casa nesse aspecto é mesmo o sistema de tração 4X4 on-demand com reduzida e bloqueio do diferencial – ótimo para o off-road –, que conta com o sistema Active Drive Low, que inclui um seletor de terrenos e desconecta o eixo traseiro para aliviar o trabalho do motor – o que melhora o desempenho e o consumo no asfalto.

Por dentro, o modelo reafirma o lado mais sofisticado da marca, com materiais de boa qualidade, bancos confortáveis e diversos equipamentos de conforto. A ergonomia é excelente e o volante tem ótima pegada, mas a visibilidade traseira é precarizada pelas grossas colunas. Os retrovisores compensam em parte pela boa curvatura da lente, mas em um veículo de valor tão elevado, um sistema de câmera 360º não é uma exigência descabida facilitam o dia a dia. Ele conta apenas com sensores dianteiros e traseiros e câmera de ré.

A versão Blackhawk conta com recursos desejáveis para a vida urbana. Caso de chave presencial e sensores de luz, de chuva, recursos ADAS nível 2 com ACC, alerta de ponto cego e de tráfego cruzado, comutador automático de farol, tampa do porta-malas com movimentação elétrica, serviços conectados, etc. O sistema multimídia é bem amigável, simples de usar, tem GPS interno, espelhamento de celular sem cabo e controla o sistema de áudio da Beat, com mais de 500 W, oito alto-falantes e subwoofer.

Com o motor Hurricane, O Compass sempre foi uma referência de qualidade de rodagem. E o motor Hurricane consolida ainda essa fama. Ele trabalha de forma suave, tem o vigor e a agilidade de um motor turbo de alto rendimento, com uma relação peso/potência absurda, de 6,3 kg/cv, e um funcionamento liso, gerenciado por um câmbio de nove velocidades que nem deixa perceber quando está trocando de marcha. Além disso, mostra solidez ao enfrentar curvas, buracos e desníveis e tem uma direção bastante precisa. O Compass Blackhawk tem força para situações mais exigentes e suavidade para um cotidiano mais confortável.

Ficha técnica

Jeep Compass Blackhawk 2.0 Turbo 4X4

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.995 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote e sobrealimentado por turbocompressor. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.

Transmissão: Câmbio automático com nove marchas à frente e uma a ré. Tração 4X4 com reduzida e seletor de terrenos. Controle eletrônico de estabilidade e tração.

Potência máxima: 272 cv a 5.200 rpm.

Torque máximo: 40,8 kgfm a 3 mil rpm.

Diâmetro e curso: 84 mm x 90 mm. Taxa de compressão: 10,0:1.

Aceleração de zero a 100 km/h: 6,3 segundos.

Velocidade máxima: 228 km/h.

Suspensão: Dianteira McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora. Traseira McPherson com rodas independentes, links transversais/laterais e barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Freios: Discos nas quatro rodas com ABS, EDB, assistência de partida em rampa e frenagem autônoma.

Pneus: 235/45 R19.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,40 metros de comprimento, 1,82 m de largura, 1,65 m de altura e 2,64 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais laterais e de cortina.

Altura para o solo: 19,8 cm.

Capacidade off-road: Ângulo de entrada de 21,7° e de saída de 28,5°.

Peso: 1.720 kg em ordem de marcha.

Capacidade do porta-malas: 476/1.1180 litros.

Tanque de combustível: 55 litros.

Produção: Goiana, em Pernambuco.

Preço da versão: R$ 279.990.

Opcional: pintura bicolor (R$ 2.500).

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