
A reafirmação do luxo
SUV da Volvo tem suavidade , segurança e tecnologia, mas também alguns bugs
por Marcelo Palomino
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
O Volvo EX90 tem sido falado em prosa e verso antes mesmo de ser apresentado. O desenvolvimento deste modelo, pensado não apenas para ser o carro-chefe da marca sueca, mas como o mais alto padrão em segurança e tecnologia, foi muito mais complexo do que a Volvo poderia esperar. Os suecos tiveram uma miríade de problemas com o desenvolvimento de tecnologias, o que atrasou o início da produção em Charleston, nos Estados Unidos, por mais de um ano.
O que aconteceu foi que o software encarregado de controlar todas as funções de segurança do carro não agiu conforme necessário. Geraram erros em funções como assistente de tráfego cruzado, assistente de velocidade nas curvas, sistema sem fio para Apple CarPlay ou carregamento bidirecional e o LiDAR, que monitora o entorno do veículo. Vale dizer que o EX90 foi apresentado no final de 2022 como o primeiro modelo definido por software da marca, o que supostamente lhe confere impressionantes capacidades de avaliação e gerenciamento de situação, e pelo mesmo motivo foi classificado como um precedente em termos de funções e assistências tecnológicas para uma condução mais segura disponível em um carro de produção.

A verdade é que, mais de dois anos após seu lançamento global, o EX90 é visto como uma espécie de antônimo do que o EX30 representou até agora: um modelo extremamente caro e excessivamente sofisticado, que acaba não encantando como fez (e ainda faz) o modelo menor. O Volvo EX90 é vendido no Brasil na versão Performance Ultra Performance, com preço de R$ 849.950. O EX90 é um veículo 100% elétrico e estreia a nova arquitetura chamada SPA2 (Scalable Product Architecture 2), desenvolvida pela própria Volvo. Essa estrutura conta com 15% de aço reciclado e 25% de alumínio reciclado. Segundo a marca, esta plataforma apresenta evoluções significativas em baterias, motores e autonomia face ao que conhecemos até agora na marca.

Na verdade, permite oferecer duas baterias do fabricante chinês CATL, embora no Brasil seja comercializado apenas com a maior, com capacidade de 111 kWh, para até 459 km de autonomia no ciclo do InMetro. Esta bateria está localizada na parte inferior do piso e alimentará dois motores elétricos, que geram tração AWD. Esta versão entrega 517 cv de potência – 242 cv na frente, 272 cv atrás – e com brutais 92,8 kgfm de torque – 46,4 kgfm em cada eixo. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 4,9 segundos, com máxima limitada a 180 km/h.

Em termos de design, o Volvo EX90 tem uma evidente imagem tecnológica, moderna e sofisticada. Ele mede 5,04 metros de comprimento, 1,96 m de largura e 2,99 m entre os eixos. É grande, mas também sóbrio e elegante. O design busca aumentar a eficiência aerodinâmica, com linhas limpas e um visual selado e minimalista. Há uma grade cega, alças embutidas e rodas cobertas, que produzem um coeficiente de arrasto de 0,29 Cx, valor muito competitivo para um veículo com três fileiras de assentos. O conjunto de iluminação foi simplificado graças à tecnologia LED, mas manteve o design em T, o chamado martelo de Thor. As luzes traseiras também são marcantes, nas laterais do para-brisa traseiro.

O interior do EX90 é uma exibição de minimalismo e elegância escandinava, que busca reafirmar que a Volvo é realmente uma marca premium – os alemães, obviamente, negam. Espalhados por toda a cabine há madeiras claras, superfícies limpas e detalhes de bom gosto. Segundo a marca, tudo isso também é sustentável, com boa parte composta por materiais ecológicos.

Trata-se de um exemplo de design funcional, apesar da obsessão em concentrar as funções do carro na tela sensível ao toque (embora, neste caso, com muitos atalhos). Os bancos são extraordinários em ergonomia, com múltiplos ajustes e funções de memória, que oferecem um conforto excepcional. E as três linhas de assentos são muito boas, embora a terceira seja mais própria para crianças.

O habitáculo conta ainda com um sofisticado sistema de iluminação ambiente, isolamento acústico superlativo e um sistema de som Bowers & Wilkins com 25 alto-falantes. Tudo isso, associado a uma suspensão a ar, oferece uma experiência de alto nível, em sintonia com o preço cobrado pelo carro. Não só é um ambiente relaxante, mas também muito confortável e utilitário, com uma série de espaços de arrumação, múltiplos vãos e opções de configuração interior, o que dá muita versatilidade.

A tela central vertical tem 14,5 polegadas e funciona com o sistema operacional Google Automotive, com suporte para conexão 5G. O painel de instrumentos fica em uma tela horizontal menor e traz informações sobre consumo, velocidade, assistência à condução, modos de condução, etc. Embora a Volvo tenha eliminado os botões físicos, traz na tela atalhos de toque duplo e widgets para as principais funções. O sistema da multimídia é rápido, mas só oferece Apple CarPlay, por enquanto sem espelhamento de Android Auto – o que é esquisito, já que o sistema é Google. Também apresentou problemas com a chave, composta por um cartão e um pequeno receptor, que deve ser carregado em um local específico do carro. Mas apresentou um funcionamento ciclotímico, tanto para destravar quanto para ligar o carro.

Em relação à segurança, a Volvo propõe um escudo invisível por meio de sensores de última geração, com câmeras, radares e lidar, conectados a um computador central de alto desempenho, que cria uma visão de 360 graus do mundo em tempo real. E isso permite que um sistema de gerenciamento semiautônomo seja operado para o nível 3 – mãos livres e olhos livres em determinadas condições. Na avaliação, esses recursos funcionaram muito bem, em um desempenho comparável aos da Subaru, considerados os melhores do mundo.

Impressões ao dirigir
Dinâmica sofisticada
O Volvo EX90 roda com uma suavidade que confirma o foco em proporcionar um conforto de condução superlativo, digno de marca de luxo. É notavelmente silencioso, suave e fácil de conduzir. A resposta do motor elétrico é imediata, com torque forte e linear e aceleração potente, mas controlada. A progressividade afasta a sensação de se estar em um esportivo, até pelo alto peso do modelo, com quase 2.800 kg.

A gestão elétrica é muito boa, mas o consumo real não é o que a marca promete. Mesmo dispondo de um assistente que indica pontos de maior consumo e como economizar, estilo de condução, velocidade e equipamentos afetam o desempenho. No teste, caso fosse levado ao esgotamento da capacidade da bateria, teria percorrido por volta de 400 km, abaixo até dos 459 km indicados pelo rigoroso padrão do InMetro. O modelo rodou por volta de 4 km/kWh – o que é coerente com o peso e tamanho. O sistema regenerativo tem um modo automático que interpreta o estilo do condutor e adapta a intensidade da frenagem. Mesmo assim, ficou claro que em uso normal é possível usar o EX90 no dia a dia, sem ter de recarregar o tempo todo.

Mas o melhor é a plataforma, que faz um SUV de 5 metros de comprimento e 2,8 toneladas pareça ágil, leve e seguro, com um comportamento liso oferecido pela suspensão a ar adaptativa. Vale ressaltar que este peso está bem distribuído sobre as rodas, com um centro de gravidade muito baixo, o que ajuda nessa sensação de leveza e maneabilidade. A direção é direta e o tamanho compacto do volante ajuda. A intenção não é fazer curvas de forma rápida e agressiva, mas proporcionar um deslocamento suave e dinamicamente seguro.


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