
Ameaça estrangeira
O crossover Omoda 5 chega para invadir a seara do Corolla Cross híbrido
por Eduardo Rocha
Auto Press
O alvo da Omoda Jaecoo com o lançamento do Omoda 5 é nítido: Toyota Corolla Cross Hybrid. Os dois modelos são os únicos crossovers médios atualmente no mercado brasileiro que usam a lógica de sistema híbrido autorrecarregável de baixa autonomia. As vantagens comparativas do novo competidor são gritantes. O modelo chinês é bem mais potente – são 224 cv contra 122 cv de potência combinada do carro japonês – e bem mais barato. A versão top Prestige, que é mais próxima da única versão do Corolla Cross Híbrido, XRX, fica em R$ 184.990, ou 18,9% a menos que os R$ 219.990 pedidos pelo modelo japonês produzido no Brasil. Já a versão de entrada do Omoda 5, Luxury, sai a R$ 159.990, ou 37,5% mais barato que o rival.
Mesmo na baixa capacidade da bateria, o Omoda leva alguma vantagem. Tem 1,83 kWh contra 1,3 kWh. Na função de economizar combustível, o Omoda 5 promete 15,1 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada – em média, consome 8% mais que o Corolla Cross, mas tem autonomia 170 km maior, por conta do tanque 15 litros maior, com 51 litros. Um segundo objetivo do sistema híbrido é dar maior vigor nas acelerações e retomadas. Nesse ponto, o Omoda leva muita vantagem, mesmo sendo quase 100 kg mais pesado, com 1.546 kg. O crossover chinês faz de zero a 100 km/h em 7,9 segundos, contra 13 segundos do rival.

A chegada da versão híbrida do crossover da Omoda Jaecoo pode dar a alavancagem que a linha 5 estava precisando. Entre o final de abril e setembro, a versão elétrica E5 emplacou 520 unidades, ou cerca de 100 unidades/mês. Não é um número ruim, mas é pequeno diante do desempenho do SUV médio da marca, o Jaecoo J7, que no mesmo período emplacou 2.686 unidades – algo como 500/mês. Ou seja: o mercado mais interessante é o de híbridos. O próprio Corolla Cross vem respondendo por aproximadamente 11% das vendas da linha, com 7.144 unidades de janeiro a setembro. E com certeza, vai sentir a chegada do Omoda 5.

Visualmente, o Omoda 5 repete as soluções de estilo do E5. A fundamental mudança está na frente, onde aparece a grade com aberturas em formato de treliça. O pequeno bico protuberante na linha do capô, que caracteriza a versão elétrica, foi eliminado, o que tornou o desenho mais fluido, mas retirou um pouco da personalidade do crossover. Foram mantidos os conjuntos óticos de três andares, nas extremidades do para-choque, e a assinatura luminosa que parece uma ponta de arpão. O perfil permaneceu inalterado enquanto a traseira recebeu um pequeno redesenho na parte inferior do para-choque, para encaixar as duas saídas de escapamento.

Por dentro, os modelos também são praticamente iguais. O console frontal traz na mesma moldura as telas do painel e da central multimídia, formando um conjunto com 24,6 polegadas de diâmetro. A diferença se restringe aos comandos e grafismos no painel específicos de carros híbridos ou elétricos. No caso, o Omoda 5 traz no lugar do conta-giros um potenciômetro analógico, que indica qual a porcentagem da potência do modelo está sendo utilizada.

Apenas a versão de topo traz alguns confortos. É o caso dos bancos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento e ventilação. Tem ainda acabamento em couro sintético, tampa do porta-malas elétrica, carregador por indução com resfriamento, som premium da Sony, espelho interno eletrocrômico, sensor de chuva e câmera de painel. Na parte de segurança, todos os sistemas ADAS disponíveis foram reservados para a versão Prestige. Farol alto automático, alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência, alerta de tráfego cruzado traseiro, controle de cruzeiro adaptativo, assistente de congestionamento, monitoramento de faixa de rodagem e de ponto cego.

É esse pacote que encarece o modelo em R$ 25 mil. Por outro lado, o modelo básico já vem bem equipado. Ele traz chave presencial para travas e ignição, estofamento em couro sintético e tecido, câmera 540º (360º no entorno somada a 180º da simulação de visão aérea), sensores dianteiros e traseiros, teto solar elétrico, iluminação full led, acendimento automático dos faróis, retrovisores externos com ajuste e rebatimento elétrico, sete airbags, ar-condicionado duplo e freio de estacionamento com comando eletrônico.

O conjunto propulsor é mesmo aplicado ao Jaecoo J7. Trata-se de um motor a combustão de quatro cilindros turbo com 1.5 litro e injeção direta, que rende 135 cv e 20,4 kgfm e de um motor elétrico instalado no eixo dianteiro, que rende 204 cv e 31,6 kgfm. Na combinação, a potência máxima é de 224 cv e o torque máximo de 30,1 kgfm. Eles conversam através de um câmbio tipo DHT (transmissão híbrida dedicada), com uma única marcha Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press e divulgação (interior).

Primeiras impressões
Programação própria
No sistema híbrido adotado no Omoda 5, o motor elétrico move as rodas na maior parte das situações – em baixas velocidades ou em velocidade de cruzeiro. Já o motor a explosão atua como gerador quando a carga da bateria está baixa – o que acontece constantemente. Apenas quando há uma exigência de maior desempenho, ambos os motores atuam nas rodas, mas a variação de velocidade é controlada pelo motor elétrico (daí, uma só marcha). É um sistema complexo, mas tem a vantagem de conseguir trabalhar com um motor elétrico potente que conversa com o motor a explosão com muita suavidade.

É preciso, no entanto, selecionar o que se vai exigir do carro a um dos três modos de condução: Eco, Comfort ou Sport. Por exemplo: se o modo for o Eco, voltado para a eficiência, e a condução for agressiva, o Omoda chega ao limite de aceleração, com o motor a explosão gritando, mas sem o ganho de velocidade correspondente. Já se estiver no modo Sport, ele explora todo o potencial dos 224 cv e 30,1 kgfm que dispõe. E o crossover tem qualidade para isso.

O Omoda 5 tem suspensão independente nas quatro rodas (McPherson na frente e multilink na traseira) e uma boa rigidez torcional de 25 kNm/º – semelhante à de modelos consagrados pela estabilidade, como Honda Civic ou Volkswagen Passat. Na dinâmica de avaliação, realizado na pista do Haras Tuiuti, interior de São Paulo, essa conjunção de suspensão e estrutura rendeu curvas bem-contornadas, frenagens sem desvios e sem mergulhos e acelerações sem perda de aderência do eixo dianteiro.

Nos momentos em que a se pisa mais fundo no acelerador, o motor a explosão se faz ouvir com vontade e não na forma de um ronco que instigue explorar um pouco mais a esportividade. É só barulho mesmo. Já numa condução mais civilizada, e de acordo com a proposta do modelo, ele se mostra confortável, silencioso, com boa filtragem das irregularidades e bastante agilidade nas acelerações e retomadas. No fim das contas, o Omoda 5 tem tecnologia, recursos e preço para enfrentar com vantagens o Corolla Cross híbrido.

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