
Novos tempos
Marcas orientais dominam na volta do Salão de São Paulo após sete anos
por Eduardo Rocha
Auto Press
Salões de automóveis são uma forma das montadoras se comunicarem com seu público. Acontece que de 2018 para cá, desde o último Salão do Automóvel de São Paulo, a comunicação, a relevância das montadoras e o público mudaram bastante. E a maior prova disso é que as únicas marcas ocidentais com estande na feira são a Renault e as que fazem parte do Grupo Stellantis: Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e RAM. E mesmo assim, têm o reforço de marcas chineses – respectivamente, Geely e Leapmotor. Todas as demais são japonesas, chinesas ou sul-coreanas. E isso reflete muito bem a transformação do mercado de automóveis.
Há várias razões para tantas marcas estadunidenses e europeias estarem ausentes. Entre elas, a falta do que comunicar e o desinteresse em investir nesse tipo de comunicação. Por outro lado, fabricantes como BYD, MG, GMW, GAC, Toyota, Honda, Kia, Hyundai, Chery, Omoda garantem uma participação expressiva e crescente no mercado. Mesmo com a ausência de marcas importantes como Volkswagen e Chevrolet, as fabricantes com estande no Salão representam mais de 70% das vendas de automóveis no país. E foi este grupo dominante que trouxe as novidades que acabam de ser lançadas ou que chegam às concessionárias em 2026.
As novidades para o mercado:

Avatr 11 – O modelo é um crossover médio-grande, lançado em 2022 pela Avatr, marca de luxo criada em 2018 por uma joint-venture entre a fabricante de baterias CATL, a empresa de eletrônica Huawei e a montadora Changan (aquela marca que vendia microvans e micropicapes no Brasil na década de 2000). A Avatr chega ao Brasil pelas mãos da Caoa, que pretende explorar o segmento premium. O crossover tem 4,88 metros de comprimento, um entre-eixos de 2,98 metros e pesa 2.365 kg. A versão prometida tem tração AWD com dois motores elétricos, um em cada eixo, 578 cv de potência e uma bateria de 116 kWh, que rende uma autonomia no ciclo chinês de até 680 km – pelo InMetro, cairia para até 500 km. A expectativa é que o preço fique em torno de R$ 500 mil. A embaixadora da marca é a ex-modelo Gisele Bündchen.

Chery Tiggo 5X – A Caoa antecipou o facelift que será feito no Tiggo 5X, que chegará no primeiro trimestre de 2026 já como linha 2027. O design foi enovado e vai receber melhorias na motorização e na conectividade. No terceiro trimestre será lançada a versão full hybrid, ou híbrida autorrecarregável (como ocorre com o Toyota Corolla). Trata-se do mesmo conjunto utilizado no Omoda 5 HEV, em que apenas o motor elétrico move as rodas e o motor a explosão 1.5 litro funciona como gerador. No caso do Omoda, são 224 cv de potência combinada, torque de 30,1 kgfm e bateria de 1,83 kWh.

Denza B5 – A Denza é uma marca de luxo criada em conjunto pela BYD e Mercedes-Benz, mas que desde 2024 é controlada somente pela marca chinesa. O jipão B5 será o primeiro modelo a chegar ao Brasil, ainda neste ano, e traz diversas tecnologias inéditas por aqui. Trata-se de um híbrido com o sistema batizado de DMO – dual motor off-road -, com 4,89 m de comprimento, 1,97 m de largura, 1,92 m de altura e 2,80 m de entre-eixos, com 2.890 kg de peso. A versão mais forte tem potência combinada de 687 cv, na combinação de um motor a combustão 1.5 com um motor elétrico traseiro, alimentado por uma bateria de 31,8 kWh. Ele é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 4,8 segundos e tem uma autonomia elétrica de até 100 km e total de até 1.200 km, no ciclo chinês. Entre seus recursos off-road, ele tem 16 modos de condução, diferenciais dianteiro, central e traseiro bloqueáveis, esterçamento das quatro rodas para o sistema crab walk, ou modo caranguejo, em que o SUV anda de lado. Ainda tem o recurso de sobre o próprio eixo, freando as rodas internas do giro. O segundo modelo da Denza chegará em 2026 e será a perua elétrica de luxo Z9 GT, que tem três motores que somam 965 cv.

Geely EX5 EM-i – A Geely definiu o primeiro modelo da marca que sairá das linhas de produção da fábrica conjunta com a Renault em São José dos Pinhais, no Paraná. Trata-se da versão híbrida do crossover médio EX5, na versão EM-i. Ele traz um motor 1.5 aspirado de 111 cv combinado com um motor elétrico dianteiro de 204 cv. Com uma bateria de 19 kWh, ele tem autonomia elétrica de até 120 km. No Brasil, vai encarar BYD Song Plus e GWM Haval H6 híbrido plug-in.

GWM Haval H6 – A GWM está apresentando no salão a versão redesenhada de seu crossover híbrido Haval H6. O modelo ganhou um novo para-choque e uma enorme grade dianteira, que apesar de pesada, deixou a frente um pouco menos poluída visualmente. O modelo, que está previsto para ser montado em 2026 na antiga fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis, São Paulo. Um pedido dos clientes brasileiros, atendido pela marca, foi o uso de rodas menores, de 17 polegadas, para incrementar o conforto no modelo de entrada, HEV2. Mas a melhoria só foi aplicada na versão híbrida autorrecarregável. As versões plug-in continuam com as rodas aro 19.

Honda Prelude – A Honda confirmou a volta ao Brasil do cupê esportivo Prelude, depois de exatos 30 anos – foi importado até 1996. O modelo é baseado no sedã médio Civic – tem 4,67 m de comprimento e 2,73 m de entre-eixos – e é um esportivo híbrido de 203 cv e 32,1 kgfm, com uma proposta de elegância e sofisticação – diferentemente do Type R, que é mais raiz e tem um motor a combustão de 297 cv. Outro modelo que vai chamar muita atenção no estande da Honda é o novo WR-V, lançado oficialmente em meados de novembro.

Jaecoo J5 – A Jaecoo emplacou bem o J7 no Brasil e agora pretende ampliar o volume com o SUV J5. Com 4,38 metros, é um SUV compacto superior para brigar com os compactos mais encorpados, os chamados B+ (tem o porte de um Honda HR-V). Ele compartilha a mesma plataforma do Omoda 5 e traz um sistema híbrido que combina um motor 1.5 turbo com um elétrico para entregar 211 cv. A chegada está prevista para meados de 2026.

Jeep Avenger – O Jeep Avenger é a grande novidade da Stellantis para 2026. O modelo será produzido na planta de Porto Real, no Rio de Janeiro, usada pela Citroën, e é estruturado na plataforma CMP, a mesma da linha C3. O jipinho tem 4,08 metros de comprimento – 17 cm a menos que o Renegade –, com entre-eixos de 2,56 m, e vai brigar na faixa de SUVs de entrada, ou B-, onde já estão o C3 Aircross e o Fiat Pulse. Enquanto isso, o Renegade continua em produção sem maiores mudanças em Goiana, Pernambuco. No Brasil, o Avenger será animado pelos motores da família GSE, 1.3 aspirado e 1.0 turbo.

Kia EV3 – A Kia está prometendo mundos e fundos no Salão de SP. Os mais certos de chegarem brevemente são o elétrico EV3 e a linha de médios K4, com hatch e sedã, que são produzidos no México. O EV3 é o elétrico de entrada da marca e deve chegar por aqui na segunda metade de 2026. Ele traz um motor frontal de 204 cv (150 kW) e 28,8 kgfm de torque, alimentado por uma bateria de 81,4 kWh. A autonomia prometida pelo ciclo chinês seria acima de 600 km. Já os modelos K4 também devem chegar no segundo semestre do ano que vem e são animados por um motor a combustão 1.6 turbo, com 193 cv de potência e 27 kgfm de torque, gerenciados por um câmbio de dupla embreagem de oito marchas. Além desses três modelos, estão previstos ainda o SUV médio Sportage e o SUV médio-grande Sorento, ambos renovados, a van PV5 e possivelmente a picape média Tasman.

Leapmotor B10 – A marca chinesa que pertence à Stellantis já até precificou seu segundo modelo para o Brasil, após a chegada do SUV médio C10. Trata-se do SUV 100% elétrico B10, produzido na China e na Espanha, que vai custar em pré-venda R$ 172.990. O B10 é um SUV compacto superior, ou B+, com 4,52 metros de comprimento e entre-eixos de 2,74 m. O modelo é animado por um motor elétrico traseiro de 218 cv e terá duas opções de bateria: 56,2 kWh ou 67,1 kWh, com autonomia acima de 500 km (aproximadamente 360 km no ciclo InMetro). A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 9,3 segundos, com máxima de 160 km/h. O modelo segue rigorosamente o mesmo conceito de design um tanto genérico, com linhas arredondadas e orgânicas, superfícies limpas e proporções imponentes, sem muitos detalhes. Elementos como maçanetas embutidas, rodas de liga leve de 20 polegadas e faróis de led adaptativos ajudam a dar um ar mais moderno ao visual. A marca aproveitou a apresentação para anunciar que um modelo da Leapmotor será produzido em Goiana, possivelmente um SUV menor que o B10 e em versão híbrida.

MG Cyberster – A MG Motor, que pertence à gigante chinesa SAIC, apresentou neste mês seus três modelos para o Brasil e que estarão no estande da marca no Salão de SP. Um deles é o hatch urbano MG4 e outro é o SUV médio MGS5, mas o modelo mais representativo da história da marca, originalmente britânica, é o conversível Cyberster. O Cyberster tem preço de R$ 499.800 e é 100% elétrico. O MG Cyberster traz dois motores, um em cada eixo, que entregam 510 cv e 73,9 kgfm de torque com tração AWD. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 3,2 segundos, com máxima de 200 km/h. Ele tem 4,54 metros de comprimento, com 1,92 m de largura, 1,33 m de altura e 2,69 m de entre-eixos. A bateria tem capacidade de 74,4 kWh e a autonomia é de 342 km no padrão InMetro.

RAM Dakota – A RAM ressuscitou o nome Dakota, usado na época da Dodge no Brasil, para batizar a sua versão própria da picape média que na Fiat recebe o nome de Titano – ambas baseadas na Peugeot Landtrack, vendida em alguns mercados sul-americanos. Trata-se de um modelo intermediário entre a Rampage e a RAM 1500, produzido em Córdoba, na Argentina, que chega ao Brasil em 2026 em duas versões: a de entrada Warlock e a top Laramie. Ambas são equipadas com o mesmo trem-de-força da Titano, com motor 2.2 Turbodiesel de 200 cv e 45,9 kgfm, acoplado a um câmbio automático de oito marchas. A tração 4X2 é traseira e conta com 4X4 automática e 4X4 com reduzida, acionadas eletricamente.

Renault Koleos – A Renault demorou, mas cumpriu a promessa de trazer o SUV médio superior Koleos, um C+ (mesmo porte do Volkswagen Tiguan ou Chevrolet Equinox). Embora não seja a estrela da companhia no Salão – este posto está reservado para o recém-lançado Boreal -, o Koleos chama a atenção pela qualidade de acabamento e pelo fato de ser o primeiro veículo híbrido da marca no Brasil, que chega em uma versão esportiva Esprit Alpine. O Koleos desembarca ainda no primeiro semestre de 2026 e é construído em Busan, na Coreia do Sul, sobre a mesma plataforma do grupo Geely usada no XC40. Ele é animado por um motor 1.5 turbo dianteiro auxiliado por dois motores elétricos: um que funciona como gerador e outro que traciona o eixo traseiro, alimentado por uma bateria de 1,64 kWh. No total, dispõe de 245 cv.

Toyota Yaris Cross – A Toyota surpreendeu com o Yaris Cross. Não pelo modelo em si, mas pelos preços propostos, praticamente na mesma faixa do Corolla Cross. O Yaris Cross tem 4,31 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,65 m de altura, com 2,62 m de entre-eixos e tem o mesmo porte de Honda HR-V e Volkswagem T-Cross. Ele assume o posto de modelo de entrada da marca no Brasil com preços a partir de R$ 161.390 – em pré-venda, que costuma ter valores 5% mais baixos. Esse valor é para a versão com motorização convencional, 1.5 litro flex, de 122 cv. As versões híbridas usam esse mesmo bloco, mas com ciclo Atkinson, que rende 90 cv. Ele é auxiliado por dois motores elétricos, que elevam a potência para 116 cv. O preço também cresce e vai até R$ 189.990 em pré-venda. As entregas começam em fevereiro de 2026.

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