
A genética do Kait
SUV da Nissan é a reencarnação do Kicks com novo visual e mais tecnologia
por Eduardo Rocha
Auto Press
Com a chegada do Kait, a Nissan dá um passo importante no sentido de ganhar mercado na América Latina e consolidar a fábrica de Resende como um hub de exportação. O modelo teve sua estreia mundial na primeira semana de dezembro, em São Paulo, e chega para suceder ao Kicks Play – do qual, inclusive, herda motorização e estrutura básica. Mais do que se juntar ao novo Kicks para complementar a linha de SUVs na marca japonesa, como fazia o Kicks Play, o Kait coloca a Nissan na briga mais intensa atualmente no mercado brasileiro, entre SUVs de entrada, ou B-, onde estão posicionados Fiat Pulse, Volkswagen Tera e Renault Kardian – nicho para o qual a Chevrolet desenvolve o Projeto Carbon. A proposta é ganhar competitividade, com preços entre R$ 117.990 e R$ 152.990, visual renovado interna e externamente e uma certa vantagem competitiva, já que é maior que os rivais diretos, uma vez que usa a base do Kicks de primeira geração.
O processo pelo qual o Kicks Play se transformou no Kait é o chamado face-lift profundo. Na parte visível, foram mantidas apenas as portas – afinal, é em torno delas que toda a arquitetura de um veículo se estrutura. No mais, frente, para-lamas, capô e tampa do porta-malas são absolutamente novos. O design do Kait faz referência a diversos elementos estéticos presentes em outros modelos da Nissan. O capô e as três linhas de led frontais são inspirados no Kicks de segunda geração. Os faróis são semelhantes aos do SUV médio X-Trail – que a marca promete importar em 2026. Já as lanternas lembram as do Nissan Rogue, versão estadunidense do X-Trail, mas aqui são unidas por uma barra com acabamento em preto brilhante.

O resultado final é um SUVs robusto, de porte mais imponente que seus rivais diretos. E as dimensões corroboram esta ideia. Com 4,30 metros de comprimento e 2,62 metros de distância entre eixos, o Kait oferece um habitáculo bem espaçoso para o segmento. O entre-eixos até ganhou 1 cm em relação ao Kicks Play, mas isso fica por conta da renovação da suspensão traseira – que foi redesenhada, mas manteve o eixo de torção. O porta-malas comporta o mesmo volume do modelo-base, 432 litros, capacidade pelo menos 20% maior que a dos concorrentes. As rodas são sempre aro 17 em liga leve, com pneus 205/55.

Com a chegada da gama Kait, a Nissan também retomou equipamentos que haviam sido tirados do Kicks Play, para reduzir o preço final dos modelos. É o caso do avançado Nissan Safety Shield, um pacote com sistemas de assistência e recursos ADAS, em um número crescente, de acordo com a versão. Desde a básica Active, estão presentes seis airbags e câmera traseira. Nas intermediárias Sense Plus e Advanced Plus, passa a contar com alerta de colisão frontal e monitoramento de faixa. Somente na top Exclusive é que entram os itens mais sofisticados, como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de ponto cego, de tráfego traseiro cruzado, de atenção do condutor e câmera 360º.

Internamente, o Kait apresenta um novo design de cluster e consoles frontal e central. A organização interna, porém, não mudou para que não fosse preciso mexer na estrutura. Então, as saídas de ar ficam na parte superior e a central multimídia fica logo abaixo no console – atualmente, o mais usual é o monitor da multimídia ficar no topo e é flutuante. A central tem tela de 8 polegadas na Active e na Sense e 9 na Advance e Exclusive, sendo que, nesse caso, oferece também espelhamento sem fio. O painel de instrumentos é misto nas versões de entrada e digital com 7 polegadas nas superiores. O acabamento também varia de acordo com a versão, sendo que apenas a Exclusive, dispõe de bancos com revestimento com couro sintético em dois tons e costuras contrastantes.

A mecânica do novo Kait é exatamente a mesma que animava o Kicks Play: motor 1.6 16V de alumínio e a transmissão CVT Xtronic, que rende 110/113 cv e 14,9/15,2 kgfm com gasolina/etanol. E ele herda também o mesmo de racionalidade que tanto sucesso fez com o Kicks, que une um motor eficiente com uma carroceria de baixo peso. No caso, o Kait tem os mesmos 1.139 kg do primeiro Kicks – com exceção da versão Exclusive, que tem 18 kg adicionados por conta de equipamentos de tecnologia e acabamento mais esmerado. A previsão é que o comportamento dinâmico do modelo não se altere. E a expectativa da Nissan é que apenas o desempenho de mercado ganhe impulso. Atualmente, o Kicks Play representa em torno de 50% das vendas da marca no Brasil. O Kait tem preço, tamanho e conteúdo para aumentar esta fatia.




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