
Toda a energia
E-Ray, primeiro Corvette eletrificado, é o mais rápido já produzido até hoje
Marcelo Palomino
Autocosmos.com/Chile
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Um dos eventos que gerou mais expectativa nos últimos tempos foi o lançamento do Chevrolet Corvette E-Ray, a primeira incursão elétrica do mais emblemático superesportivo estadunidense. Apresentado no início de 2023 e colocado à venda nos Estados Unidos como modelo 2024, o E-Ray mantém o binômio entre alta esportividade e baixo custo, mesmo com seu novo status de híbrido.
A Chevrolet não tentou reinventar a roda para a versão híbrida de seu esportivo. Ela apenas copiou o que grandes fabricantes como Porsche, Ferrari e McLaren já haviam feito: usar eletrificação para gerar mais potência e melhorar o desempenho, sem se importar muito com redução de emissões. A diferença é que a fabricante apostou na simplicidade para evitar as complicações tecnológicas que as marcas europeias enfrentavam.

Partindo da base do Stingray de motor central, e mantendo intacta a linguagem tradicional de design do Corvette C8, o E-Ray possui elementos que lhe conferem personalidade própria. Ele é oferecido em versões cupê e conversível com teto retrátil. Por dentro, há muito em comum com a família C8, mas ela adiciona tecnologia por meio de novas telas e algumas interfaces próprias. Não há muito espaço para deixar objetos. Mas sempre foi assim.

O modelo oferece uma posição de condução baixa, muito próxima ao chão, com um assento excepcional ao fornecer suporte lateral. O item mais questionável é o volante quadrado – feio e inútil. Mas foi na parte mecânica que a Chevrolet decidiu simplificar os conceitos vistos até então.

Ele conta com um motor a gasolina acoplado a uma caixa de câmbio de dupla embreagem que aciona o eixo traseiro, totalmente separado do trem de força elétrico no eixo dianteiro, alimentado por uma bateria de alta voltagem.

O motor de combustão interno é o V8 LT2 de 6.2 litros aspirado usado no Stingray. Ele rende 502 cv de potência e 65 kgfm de torque e é localizado na parte central. O elétrico gera 163 cv e 17,3 kgfm no eixo dianteiro. Isso significa que o E-Ray agora é um carro com tração nas quatro rodas (e-AWD). O pacote de bateria de 1,9 kWh está localizado no túnel central, para distribuir melhor o peso, mas é tão pequeno que não permite uma autonomia elétrica efetiva. Ele foi projetado para carregar e descarregar o mais rápido possível, em vez de fornecer propulsão elétrica eficiente.

O E-Ray entrega uma potência total de 664 cv e 82,3 kgfm de torque máximo, números que o ajudam a acelerar de zero a 100 km/h em menos de 2,5 segundos, mesmo com 1.770 kg de peso. Para colocar toda essa potência no chão, o Corvette usa pneus Michelin Pilot Sport em rodas de 20 polegadas na dianteira e 21 polegadas na traseira. A suspensão usa o sistema Magnetic Ride Control 4.0, enquanto os discos de carbono/cerâmica são da Brembo.

Ele ainda oferece seis modos de condução – Tour, Sport, Track, Weather, My Mode e Z-Mode –, além de duas outras funções. A Charge+ maximiza o estado de carga da bateria, e a Stealth mantém o carro no modo elétrico até 72 km/h, embora por menos de 5 km.

Impressões ao dirigir
Real e imediato
O mais óbvio é pensar que um Corvette é um carro para circuitos. Mas não neste caso. Devido à proposta de desenvolvimento, o modelo é muito focado no uso em ruas. E é exatamente aí que ele mais brilha. Porque tem tanta potência quanto o Z06, mas consome muito menos, e tem um comportamento superior ao de um Stingray.

No teste, o modo de direção combinou motor e câmbio em Track e a direção e amortecedores em Tour. O empuxo traseiro é notável, mas quando o nível de aceleração ultrapassa 50%, o motor dianteiro ganha vida e fornece 163 cv extras, com um som real vindo dos escapamentos – não digital, como em outras marcas. Vale dizer que o sistema híbrido é invisível aos sentidos. Não se sente quando liga ou desliga, exceto pela força G extra.

A transmissão é boa, suave e rápida, e não tem saltos, pois o motor elétrico cobre as trocas de marcha com potência. A direção é ainda melhor, pesada e muito direta. Junto com os fantásticos freios de carbono-cerâmica da Brembo, forma-se o pacote perfeito para um carro que surpreende pela mecânica e pela conexão com quem pilota. Nada a ver com a artificialidade da era elétrica.

O Chevrolet Corvette E-Ray está mais para um GT fantástico do que para um esportivo de linhagem. Com ele, é possível sair todos os dias, passear pela cidade, fazer compras (coisa pouca porque não há muito espaço disponível), levar um filho na escola (não há lugar para um segundo passageiro) e ser feliz percorrendo uma estrada montanhosa.


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