Chega de caretice no terreno dos sedãs médios-grandes de luxo. Quando dei de cara com aquele sedã bordô, com rodas pretas, parado na frente do hotel, já entendi que a Jaguar resolveu colocar toda sua tradicional irreverência em prática. Só de cor da carroceria a marca vai oferecer 18 opções. Por dentro, dá para combinar o couro de primeira linha com tecido Alcantara e até fibra de carbono do jeito que o freguês quiser. As combinações incluem branco com preto, vermelho com preto, tudo marrom, entre outras.
Com essa pegada mais animada, os britânicos da Jaguar querem dar o pulo do gato e saltar para a primeira posição no ranking de vendas do segmento, do qual fazem parte Mercedes Classe E , BMW Série 5 , Audi A6 e companhia. De acordo com o gerente de produto da fabricante inglesa no Brasil, Vinícius Frata, o XF detém atualmente 28% do mercado e tem potencial para crescer, já que o público que compra esse tipo de carro quer mesmo é "se dar um presente" e o lado emocional tem maior relevância na hora da escolha.
Pois bem, por falar em emoção, depois de ter assistido à apresentação do carro, o que eu queria mesmo é acelerar a versão S, com motor V6, sobrealimentado, de 380 cv, no belo traçado do Autódromo Velo Città, em Mogi-Guaçu (SP). Balaclava e capacete e lá estava me ajustando ao volante do sedã. As regulagens são todas elétricas, de maneira que é praticamente impossível não encontrar a posição ideal de dirigir. Aliás, o ambiente que lembra um modelo de competição é proposital.
Os bancos contam com largos ajustes laterais para segurar o corpo nas curvas. Na frente, o interior é dividido em dois pelo alto console central com vários comandos que permitem mudar as respostas do acelerador, a velocidade das trocas de marcha e o peso da direção com assistência elétrica. Assim como os assentos, o couro que reveste o volante tem um nível de qualidade digno da realeza britânica e vem com hastes para mudanças sequenciais do câmbio automático de oito velocidades. E para quem for sentado no banco traseiro, o novo XF conta com 6 centímetros a mais de entre-eixos, agora de 2,96 metros. De comprimento, o carro tem 4,95 m, por 1,88 m de largura com os retrovisores recolhidos.
O quadro de instrumentos tem mostradores que lembram bastante os do crossover Range Rover Evoque , mas a tela colorida entre eles é nova e fornece uma informações com precisão, inclusive as coordenadas do GPS. Entre outros itens, o sistema multimídia com tela sensível ao toque é um dos destaques. Funciona de modo intuitivo, fácil de ser operado, e em conjunto com o som de alta-fidelidade Meridian, com 380 watts de potência.
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Aquele botão giratório do câmbio, que fica escondido com o carro desligado e aparece ao dar a partida, da primeira geração do XF , de 2007, foi mantido. E incluíram outros truques que parecem ter saído os filmes de James Bond, como o sistema que monitora as faixas da pista e move o volante sozinho por alguns instantes para o carro voltar à trajetória segura, caso o motorista tenha se descuidado por estar sonolento ou por causa de algum imprevisto.
Como se estivesse colocando Stairway to Heave n, do Led Zeppelin, para testar a eficiência das caixas de som, piso no acelerador e parto para a primeira das três voltas na pista a que tenho direito. O carro se comporta como a canção lançada em novembro de 1971 , de forma suave e traquila na volta de reconhecimento , transmitindo boa dose de conforto ajudado pela suspensão mutibraço das quatro rodas. Mas, assim como a voz aguda de Robert Plant e os acordes geniais da guitarra de braço duplo de Jimmy Page, a calmaria logo de transforma em um rock pesado.
O piloto sentado no banco do passageiro ajusta o sistema para o modo mais esportivo, me autoriza a pisar fundo e a adrenalina pulsa com o vai e vem do ponteiro do contagiros e o ronco grave do V6 saindo pela dupla saída de escape na traseira. A leveza da estrutura monobloco, 28% mais rígida que a do XF anterior, feita com 75% dos componentes de alumínio, 190 kg mais leve, ajuda na agilidade com que o sedã se movimenta na pista, entre tomadas, tangências e frenagens, moendo os pneus de aro 19 nas curvas.
Se chegar a passar do ponto, o sistema de vetorização de torque e toda a parafernália eletrônica tratam de corrigir a trajetória contanto que não se ultrapasse certos limites. Pisando fundo no acelerador, o novo XF S, com motor de 380 cv ( o mesmo do F-Type ) é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 5,1 segundos, com máxima limitada eletrônicamente em 250 km/h.
Os preços começam em R$ 264.700 ( XF Prestige
), passam por R$ 288.600 ( XF R Sport)
e chegam a R$ 381.100 ( XF S)
. A garantia do carro é de três anos, mas o cliente pode optar por 4 anos se pagar mais R$ 5.200 ou cinco anos, por R$ 10.800. A marca também oferece um seguro que custa R$ 6.655 por ano para um perfil padrão para pessoas ao redor dos 30 anos com bônus 3.