Por Nicolas Tavares

Quando a JAC Motors  começou a operar no Brasil, muitos acreditavam que seria o início da Revolução Chinesa no Brasil, inundando o mercado com carros mais baratos e completos. Hoje, sabemos que não foi o que aconteceu e, ainda assim, a marca aposta nessa filosofia com o lançamento do SUV T5.

Por R$ 59.990, o T5 chega muito bem equipado: ar-condicionado digital, trio elétrico, computador de bordo, sensor de estacionamento, monitoramento de pressão dos pneus e bancos traseiros com Isofix. A segunda versão, por R$ 64.990, adiciona controle de estabilidade, assistente de partida em rampas, rodas de liga leve 16" e faróis de neblina.

No entanto, neste exato momento, apenas a terceira configuração do SUV está disponível nas lojas, que cobra R$ 69.990 para ganhar bancos de couro, câmera de ré e central multimídia com tela tátil de 8 polegadas. É a versão que avaliei,com câmbio manual de seis marchas. O automático CVT está previsto para agosto. E a versão feita no Brasil deverá chegar às lojas apenas em 2017. 

Um chinês bem agradável

"Que carro é esse aí? Gostei bastante do design", perguntou um rapaz que (ironicamente) dirigia um Jeep  Renegade e que parou do meu lado durante a volta do test-drive. Não havia nenhum tom de deboche, apenas curiosidade. Talvez você sinta o mesmo que eu e ache o T5 estranho pelas fotos. Acredite, ele é bem melhor ao vivo e em cores.

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Divulgação

JAC T5

A grade frontal adota o novo estilo da JAC na China, se afastando do visual mais sóbrio do J3 . Em alguns ângulos, lembra muitos os rivais coreanos, principalmente na traseira. O que denuncia sua nacionalidade é o excesso de detalhes cromados, na grade, ao longo das portas e no para-choque traseiro.

O interior muda o cromado por plásticos cinzas contornando tudo o que pode, desde as entradas de ar até o quadro de instrumentos. Não é o ideal, mas também poderia ser pior (como cromado). O painel de instrumentos é o que mostra que os chineses ainda precisam estudar mais. Cada um dos relógios fica dentro de uma forma geométrica feita de, surpresa, plástico cinza. Não é muito agradável de se ver. Pior ainda é que, para mudar as informações do computador de bordo, temos que apertar um botão que está no painel, colocando a mão entre o volante.

Você viu?

São detalhes que incomodam, mas o geral é muito bom. Os bancos de couro são confortáveis e há muito espaço interno. Quem viaja atrás encontra um pequeno problema na altura dos assentos. Eles são baixos, então quem tem pernas mais compridas fica com os joelhos para cima. O porta-malas surpreende, com capacidade para 600 litros.

Maratonista oriental

Equipado com motor 1.5 flex de quatro cilindros, o T5 mostra disposição para o dia a dia. São 125 cv a 6.000 rpm e 15,4 kgfm de torque a 4.000 rpm, com gasolina. Vai de 0 a 100 km/h em menos de 11 segundos e tem velocidade máxima de 194 km/h. O desempenho para um motor 1.5 movendo um carro de 1.210 kg é satisfatório, embora tenhamos que rodar em um giro alto.

Segundo o sistema de etiquetagem do Inmetro, o rendimento é de 6,8 km/l na cidade e 9,63 km/l na estrada, com etanol, o que rendeu a classificação "A" para o SUV. Durante o teste, fiz algo em torno de 7,2 km/l, com ar condicionado ligado o tempo todo e combinando estrada com trecho urbano.

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JAC T5

Enquanto estava na cidade, o 1.5 ronronava com tranquilidade, só fazendo barulho se eu forçasse o motor em uma ultrapassagem. A coisa muda de figura na estrada, quando começa a subir demais de giro para gerar toda a potência até chegar na quinta marcha, momento em que ele fica quieto novamente. O câmbio manual tem seis marchas, porém a última parece agir mais como sobremarcha, ajudando na economia de combustível.


O teste foi realizado saindo do Shopping Aricanduva, em São Paulo. De lá, peguei a Rodovia Ayrton Senna até entrar na Mogi-Bertioga, com destino à Riviera de São Lourenço. Boa escolha da JAC - a Mogi-Bertioga é uma estrada bem sinuosa, cheia de curvas fechadas, perfeitas para testar o rolamento do carro e o controle de estabilidade. Os chineses capricharam, pois o T5  mostrou ser bem equilibrado e transmitiu confiança a todo momento.

Durante a coletiva, Sergio Habib, o presidente da JAC no Brasil, disse que ajustaram a suspensão para o Brasil, já que os chineses gostam dela bem mole. Pena que o ajuste não foi bem feito e o T5 roda de forma rígida. Claro, isso ajuda a manter o caro estável nas curvas. Em contrapartida, a vida na cidade fica difícil. Toda mudança no asfalto é transmitida para a cabine, transformando um simples passeio em uma corrida de rali. Passar em lombadas é sinônimo de solavancos no banco. Ora, até mesmo uma rua não muito lisa faz com que o carro vibre. Para um utilitário esportivo que será mais usado para fazer uma aventura até o shopping, é um defeito que não dá para deixar passar.

É uma pena, pois o T5 é facilmente o melhor carro da JAC no Brasil, por ter um ótimo conjunto. Talvez a marca corra atrás e ajuste a suspensão quando lançar a versão equipada com câmbio CVT ou, na pior das hipóteses, no ano que vem, quando o modelo montado na fábrica em Camaçari (BA) chegar às lojas. Espero que façam isso com urgência, pois o T5 tem tudo para ganhar seu espaço no mercado brasileiro.

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