Com um olhar mais sedutor, o renovado Accord chega em versão única ao Brasil, onde sedã médio-grande virou nicho de mercado. Pois é, a Honda prevê importar apenas 120 unidades dos Estados Unidos até o fim do ano para suprir a baixa demanda por esse tipo de carro no País, principalmente depois da alta do dólar, mas que começou a cair logo após os herdeiros nacionais do Opala Diplomata saírem de cena. Entre os compradores do novo modelo da marca japonesa estão os fiéis donos de Accord , o primeiro carro da fabricante que chegou por aqui, no início dos anos 90.
O nova cara do sedã da Honda agora inclui faróis e lanternas que usam somente LEDs, dando um aspecto mais moderno ao carro, que tem dupla personalidade, pelo o que deu para notar durante a avaliação entre São Paulo e Itupeva, por cerca de 100 quilômetros. Se você pisar de leve no acelerador, mesmo se estiver na estrada, em torno de 120 km/h, o V6 3.5 de 280 cv vai funcionar com três cilindros. Com isso, se continuar mantendo o giro baixo (em torno de 2.000 rpm), o computador de bordo pode chegar a marcar até 14 km/l ao longo do caminho.
Mas se resolver pisar fundo, acordando toda cavalaria, o sedã mostra seu lado esportivo, quando passa dos 4.000 rpm, ajudado pela boa relação peso-potência de apenas 5,8 kg/cv. Mas é bom não de empolgar demais, já que a tração é dianteira, o que implica na tendência de saídas de frente se você entrar rápido demais nas curvas, obrigando o controle de estabilidade a entrar em ação.
Agora dá para trocar as seis marchas do câmbio automático pelas hastes no volante, o que também acaba contando pontos numa tocada mais animada, bem como as novas rodas de aro 18 montadas em pneus 235/45R e os ajustes nos sistemas de suspensão e de direção. Mas o forte do sedã continua sendo o conforto, reforçado por detalhes como o impecável isolamento acústico que conta com recursos como o ANC (Active Noise Control), um dispositivo que capta ruídos e vibrações da cabine por meio de um microfone e, pelos alto-falantes, emite ondas contrárias transmitindo a sensação de silêncio.
O acabamento interno é bom, com novos pedais de alumínio com iluminação, bancos de couro e peças emborrachadas agradáveis ao toque. O que também agrada é que existem novos recursos tecnológicos a bordo, mas não espere por nada muito hi-tech, como costuma aparecer nos sedãs alemães como BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C , que estão abocanhando uma fatia desse mercado que é grande em países como os Estados Unidos, onde o Accord briga com Toyota Camry e Nissan Altima pelas primeiras posições de vendas. De novidade, destaca-se a central multimídia com tela sensível a toque de 7 polegadas que inclui GPS com informações do trânsito por radiofrequência das principais capitais do País, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba, inicialmente. Há também conexão Bluetooth compatível com Apple Car Play e Android Auto, com espelhamento do celular.
O controlador da velocidade de cruzeiro não é adaptativo (aquele que mantém uma distância programada do carro da frente, conforme o gosto do motorista), mas resolveram colocar câmeras nos retrovisores que captam imagens que aparecem numa tela no meio do painel toda vez que os piscas laterais são acionados. A tentativa de ajudar a evitar pontos cegos é louvável, mas é difícil de deixar o hábito de olhar nos espelhos ao mudar de faixa. Interessante também é poder dar a partida por um botão da chave, deixando o ar-condicionado ligado e regulado para manter o interior em 23° C. Além disso, a lista de dispositivos eletrônicos inclui apenas o trivial, como sensores de faróis, de chuva, câmera de ré, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa.
Com 4,91 metros de comprimento e 2,78 m de distância entre-eixos, o sedã da Honda tem espaço de sobra, principalmente para quem for sentado no banco de trás. Não há problema se o patrão quiser ir lendo jornal e cruzar as pernas, enquanto o motorista dirige. E se a ideia for viajar com a família o porta-malas é capaz de levar razoáveis 461 litros, capacidade que poderia ser maior, levando em conta o tamanho do sedã da Honda, que chega com boas novidades, mas sem muita ambição. Para os fãs do Accord , vale lembrar que a nova geração vai ser fabricada sobre a mesma base do novo Civic , que chega ao Brasil no segundo semestre, provavelmente em agosto. Aí, sim, o repertório de novidades deverá aumentar bastante.