Se o Hyundai Creta repetir o mesmo sucesso que o HB20 fez entre os hatches compactos, a vida dos SUVs que apareceram no mercado nos últimos anos não vai ser nada fácil. A Hyundai tomou todos os cuidados necessários para lançar o novo modelo no Brasil, inclusive na parte técnica do carro, que tem se mostrado um belo produto pelo o que deu para notar na unidade avaliada, na versão topo de linha, com motor 2.0 e câmbio automático de seis marchas.
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Com a melhor relação entre peso e potência entre os SUVs compactos vendidos hoje em dia no Brasil, cada "cavalo-vapor" do motor 2.0 do Hyundai Creta carrega apenas 8,4 kg, ante 9,1 kg do Nissan Kicks SL 1.6 e 9,2 kg do GM Tracker 1.4 turbo. Na prática, isso se traduz em acelerações vigorosas e mais rapidez nas ultrapassagens. De acordo com os números da fabricante o carro precisa de apenas 9,7 segundos para ir de 0 a 100 km/h e pode atingir 188 km/h. E tudo isso mostrando boa rigidez torcional e um isolamento acústico de certa forma surpreendente para um carro abaixo dos R$ 100 mil.
O acerto da suspensão foi outra boa surpresa no Creta 2.0. Conseguiram aliar boa estabilidade nas curvas com a capacidade de absorver as irregularidades do piso, garantindo conforto aos ocupantes. Mesmo em trechos sinuosos, numa tocada um pouco mais animada, o carro transmite segurança, assim como a assistência elétrica da direção, que aumenta bem o esforço para mover o volante em velocidades mais altas, o que ajuda a manter o carro sob controle. Assim, dirigir em uma estrada cheia de curvas, chega ser até prazeroso.
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Mas bem que a Hyundai poderia ter incluído freios a disco no eixo traseiro no lugar dos tambores, mais sujeitos a superaquecimento quando mais exigidos. Além disso, o consumo fica acima do ideal para um carro do porte do Creta. Conforme os dados do Inmetro, com etanol, o Hyundai 2.0 faz 6,9 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada, números que passam para 10 km/l e 11,4 km/l com gasolina, respectivamente. Entretanto, o carro gasta praticamente o mesmo com motor 1.6, apesar do sistema stop-start de série.
Detalhes do Creta no dia a dia
No dia a dia, outro ponto que impressiona a bordo do Creta 2.0 é a solidez da carroceria. Mesmo andando no piso mal conservado da maioria das vias de São Paulo, não se ouve rangidos e barulhos incômodos vindos de peças de acabamento dos bancos, painel, porta-malas, entre outros itens, prova da boa qualidade de fabricação do carro. Entretanto, pelo menos nessa versão mais potente, bem que poderiam ter incluído hastes atrás do volante para trocas sequenciais do câmbio automático de seis marchas.
Contudo, para levar a bem disposta e equipada versão topo de linha do Creta para casa é preciso desembolsar sugeridos R$ 99.490, valor R$ 14.250 a mais que os R$ 85.240 do Creta 1.6 mais completo, que poderia vir um pouco mais bem equipado, para diminuir essa diferença. Resolveram colocar uma lista enorme de itens só no 2.0 que inclui faróis com filetes de LED e com acendimento automático, computador de bordo, saída de ar traseira, comando “um toque” nos vidros elétricos, partida por botão, retrovisores rebatíveis eletricamente, seis airbags, câmera de ré, multimídia com tela senível ao toque de 7 polegadas e GPS, volante revestido de couro e até banco do motorista com ventilação.
E há quem possa estranhar o excesso de marrom no interior. A cor está por toda parte, desde o painel, nos bancos e até na…chave! Além disso, faltou incluir material emborrachado no lugar do plástico, pelo menos em algumas partes do painel. Algo mais refinado, como o couro, reveste apenas os puxadores das portas. E pelo menos na unidade avaliada não foi raro o som do rádio ser interrompido algumas vezes pelo alerta de radares se aproximando. Mas há como desativar essa função. No próximo teste do Creta veremos como o sistema de comporta, inclusive, depois do carro ter se distanciado dos radares.
Em contrapartida, o espaço interno leva cinco adultos sem nenhum aperto, inclusive para as pernas, já que há boa distância entre os joelhos e as costas dos bancos dianteiros. No porta-malas vão razoáveis 430 litros de bagagem, sem rebater os encostos bipartidos do banco de trás. Mas o pequeno estepe com estreitos pneus 155/90R 16 fica sob o assoalho, o que pode obrigar a tirar todas as malas na viagem para removê-lo.
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Entre pros e contras, o saldo do Hyundai Creta é positivo. O carro acaba de chegar ao mercado e tem um bom tempo para evoluir e ter alguns detalhes corrigidos. Além disso conta com um dos conjuntos mais bem acertados do segmento e um desempenho até empolgante nessa versão 2.0 que a reportagem de iG Carros avaliou.
Ficha Técnica
Preço: R$ 99.490
Motor: 2.0, 16V, quatro cilindros em linha, flex
Potência: 166/156 cv (E/G) a 6.200 rpm
Torque: 20,5/19,1 kgfm a 4.700 rpm
Transmissão: Automática de seis marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira)/ Independente, eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / tambores (traseiros)
Pneus: 215/60 R17
Dimensões: 4,27 m (comprimento) / 1,78 m (largura) / 1,64 m (altura), 2,59 m (entre-eixos)
Tanque : 55 litros
Porta-malas: 431 litros
Consumo (E/G): 6,9 km/l / 10 km/l (cidade) e 8,2 km/l / 11,4 km/l (estrada)