Prestes a completar 10 anos no Brasil, o Renault Sandero precisava mesmo de um novo coração para ganhar apelo diante dos fortes rivais. Com o motor 1.0 SCe, de três cilindros, o carro teve um ganho significativo de valor agregado, já que passou a ficar mais econômico, silenciso e a ter melhor desempenho. De fato, o novo 1.0 tem várias qualidades, como vamos explicar mais adiante. Mas, o compacto ainda precisa evoluir em alguns aspectos, como no sistema de transmissão. Com preço sugerido que parte de R$ 42.900, o modelo continua sendo o custo-benefício entre os pontos fortes.
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O quanto um motor novo pode contribuir com a evolução de um modelo que já existe há um bom tempo no mercado? Foi o que procurei saber durante a avaliação do carro no dia a dia. A diferença para o antigo 1.0, de quatro cilindros, é notada logo de cara. O novo 1.0 SCe tem concepção bem mais moderna, com um cilindro a menos, e duplo comando com variador de fase tanto na admissão quanto no escape. Isso acaba ajudando a manter um bom nível de eficiência, principalmente ligada ao consumo.
Nunca tinha visto aquelas barrinhas digitais do marcador de combustível demorarem tanto para chegar próximo da reserva. Pode rodar e rodar, que o carro mostra que é surpreendentemente econômico. De acordo com o Inmetro, o Sandero 1.0 faz 9,5 km/l de etanol na cidade, o que dá uma autonomia de 475 quilômetros. Se trocar para gasolina, são nada menos que 14,2 km/l e 710 km para andar o tanque de 50 litros ser esgotado. Portanto, já começa pela cerimônia em beber as vantagens do novo motor 1.0.
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Andando no dia a dia
Pisando no acelerador, você vai notar mais uma delas: o fôlego extra. Agora são 82 cavalos, ante 80 cv do antigo 1.0. O torque máximo fica nos mesmos (e bons) 10,5 kgfm, mas essa força aparece antes, aos 3.500 rpm e não aos 4.250 rpm. Além disso, de acordo com a Renault, 90% disso já está disponível a 2.000 rpm, com ajuda dos variadores de fase dos comandos. E ainda conforme a fabricante, as retomadas são até 6% mais rápidas (80 a 120 km/h em 14,1 seg). Além disso, a aceleração de 0 a 100km/h está 8% melhor, com a marca de 13,0 s (etanol).
De fato, fica claro no trânsito que o carro ficou mais ágil, exigindo menos trocas de marcha para responder bem. O problema é que, pelo menos na unidade avaliada, o câmbio não mostrou muita precisão, além de vibração acima do ideal na alavanca,lembrando as primeiras unidades do Clio nacional, que sempre precisou de uma trambulação que segurasse a alavanca no lugar, inclusive nas acelerações e em ponto morto.
Nas manobras, a assistência eletro-hidráulica da direção melhorou um pouco a vida na hora de estacionar, ao tornar o volante mais leve, mas ainda não chegou no nível de refinamento ideal. Uma caixa elétrica poderia ajudar ainda mais a deixar o carro confortável nas balizas, mas já mostrou outro sinal de evolução. Diz a Renault que, como no novo sistema, a bomba da direção passa a ser acionada por um motor elétrico à parte, e não pelo motor do carro, evita-se perda de potência e se reduz em até 3% o consumo de combustível. Outra evolução é a utilização de corrente de distribuição no lugar de correia, que dispensa a troca e garante baixo custo de manutenção.
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Mas, de resto, o Sandero continua sem novidades até receber os retoques no desenho e as melhorias de acabamento adotadas na Europa. No Brasil, essas mudanças sutis deverão ser adotadas apenas no ano que vem. Além de LED nos faróis, o carro deverá ter lanternas com novo esquema de luzes e interior com volante de quatro raios, multifuncional e algum capricho extra no painel. Será o suficiente para dar mais apelo ao compacto diante dos concorrentes, como Chevrolet Onix, Ford Ka, Volkswagen Fox e companhia.
Como sempre, apesar de toda sua simplicidade no acabamento, que poderia ser mais caprichado, o espaço interno continua sendo outra qualidade do Sandero. Cinco ocupantes viajam sem aperto e conseguem acomodar suas respectivas bagagens no porta-malas de 320 litros, volume um pouco acima da média dos principais rivais, que ficam na faixa dos 280 litros. Portanto, o Sandero com novo motor 1.0 continua espaçoso, simples, mas ganha desempenho e economia de combustível com o novo motor. Não é à toa que ganhou participação nas vendas ultimamente, chegando a ocupar a terceira posição no ranking geral com 9.087 unidades.
Ficha técnica
Preço: a partir de R$ 42.900
Motor: 1.0, três cilindros, flex
Potência: 82 cv a 6.300 rpm
Torque: 10,5 kgfm a 3.500 rpm
Transmissão: Manual, cinco marchas, tração dianteira
Suspensão:Independente (dianteira e traseira)
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus: 185/65 R15
Dimensões: 4,06 m (comprimento) / 1,73 m (largura) / 1,53 m (altura), 2,59 m (entre-eixos)
Tanque : 50 litros
Porta-malas: 320 litros
Consumo: 14,1 km/l (cidade) /14,2 km/l (estrada) com gasolina
0 a 100 km/h: 13 segundos
Vel. Max: 163 km/h