Ao receber o convite para pegar a Fiat Strada , a minha ideia inicial era entender os motivos que fazem a picape ser o carro mais vendido do país por três anos consecutivos - e liderando 2024 até o momento. Além disso, precisava entender se a Strada serve como único carro de uma família que eventualmente precisa transportar um grande volume de bagagem.
A picapinha está na sua segunda geração desde 2020, quando ganhou duas portas extras e uma estrutura mais moderna. Posteriormente, chegaram a transmissão automática e, desde 2023, motor 1.0 turbo .
O projeto da Strada mostra a criatividade da equipe de engenharia da Fiat . A cabine da picape é exatamente a mesma encontrada no Mobi , o hatchback subcompacto de entrada da fabricante italiana, reforçando até mesmo a história do modelo, já que a geração anterior era baseada no compacto Palio .
A nova plataforma permitiu a Strada se tornar muito mais versátil e ir além das empresas ou micro empresários que viam a picape somente como um veículo de trabalho . Por R$ 116.490 , já é possível levar para casa a versão de cabine dupla ; por R$ 124.990 leva-se a transmissão automática CVT de 7 velocidades , enquanto as opções turbo custam R$ 136.990 .
Por esses preços, já é possível encontrar as picapes Montana (parte de R$ 125.260 com transmissão manual) e Oroch (a partir de R$ 124.960 ), por exemplo, que entregam mais espaço e mais equipamentos que a picape da Fiat , além de modelos mais adequados para o uso familiar como Fiat Pulse , Argo , Cronos , por exemplo.
Entre os equipamentos, a Strada Ultra oferece 4 airbags (frontais e laterais), central multimídia de 7 polegadas , computador de bordo, faróis em LED , portas USB, ar-condicionado digital e automático , volante em couro, câmera de ré, carregador de celular sem fio, além, claro, do motor turbo.
Por R$ 136.990, as Strada Ultra e Ranch chegam para combater versões de entrada e intermediárias das rivais. A Strada busca compensar a falta de espaço com mais equipamentos, enquanto as maiores oferecem seus itens mais básicos.
Nesse valor, todas já trazem central multimídia, volante multifuncional, ar-condicionado (manual na Chevrolet), a Montana já conta com motor turbo, mas somente transmissão manual, enquanto a Oroch traz o motor 1.6 aspirado e caixa mecânica, somente a Strada é automática .
A Montana é a com o melhor pacote de segurança , trazendo seis airbags em todas as versões, enquanto na Oroch, as bolsas de ar são somente frontais.
Interior conhecido
Ao entrar na Strada é possível notar semelhanças com o Mobi . A picapinha até se esforça para se diferenciar do subcompacto e se destaca graças aos bancos revestidos em material Premium , ar-condicionado digital , volante multifuncional (o mesmo usado em Pulse / Toro / Fastback ) revestido em couro e carregador de celular por indução. A versão Ultra oferece acabamento em preto brilhante, enquanto a Ranch, que custa o mesmo preço, traz detalhes em marrom.
Apesar de ser o mesmo interior, as mudanças fazem a Strada passar uma sensação de maior conforto .
O espaço traseiro é o mesmo do Mobi , portanto, três adultos vão apertados, o ideal é transportar no máximo dois adultos, até porque, um ocupante central, mesmo que não seja dos mais altos, pode atrapalhar a visão do retrovisor central . O espaço para as pernas também não é dos maiores, entretanto, não dá pra esperar muito mais de uma picape compacta.
Apesar das ressalvas acerca do espaço, é interessante observar a versatilidade da Strada. Sua tradicional rival, a Volkswagen Saveiro, até conta com banco traseiro, mas os passageiros vão ainda mais apertados.
É justamente o motivo que faz dela ser um modelo de tanto sucesso no mercado. Não à toa, em agosto de 2023 a Fiat celebrou a produção de 400 mil unidades da segunda geração da picape.
Voltando ao banco do motorista, a Strada não consegue fugir das suas origens. Compartilhando plataforma e estrutura com o carro mais barato oferecido pela Fiat no Brasil, a picape não oferece assistências ativas à condução , somente controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa .
Impressões ao volante
As similaridades com o Mobi acabam no primeiro toque no acelerador. O motor 1.0 turbo de 130/125 cv (etanol/gasolina) e 20,4 kgfm de torque em ambos os combustíveis, não sente a menor dificuldade para tirar a Strada da imobilidade. No uso rodoviário, mesmo sem pisar muito no acelerador, a picapinha ganha velocidade sem parar . Um pequeno descuido e uma multa por excesso de velocidade pode chegar em sua casa.
Apesar de CVT, a transmissão automática é muito bem calibrada e prioriza o conforto, tanto que mal é possível notar o câmbio trabalhando. Para uma experiência ainda mais confortável em rodovias, a Strada fica devendo piloto automático adaptativo, por exemplo, consequência de uma base simples.
A Strada é uma ótima opção para quem gosta de dirigir, principalmente pelo bom casamento entre motor e câmbio, entretanto, os bancos não são os mais confortáveis do mundo.
A suspensão é bem firme, mas não chega a ser desconfortável. Na traseira, o sistema de eixo rígido não é o mais macio, mas é preciso lembrar que a ideia da Strada é de ser um carro voltado para o trabalho . O entre-eixos maior que o do Mobi faz com que a suspensão traseira fique mais longe dos bancos , o que melhora um pouco o conforto para quem vai atrás.
Segundo o Inmetro, a Strada é capaz de médias de consumo de 8,3 km/l na cidade e 9,4 km/l na rodovia com etanol e 12,1 km/l na cidade e 13,2 nas rodovias com gasolina . Em nossos testes, utilizando apenas etanol, conseguimos médias de 9 km/l na cidade e 10 km/l em ciclo rodoviário com a picape, números próximos aos oficiais.
Como em toda picape, a capacidade da caçamba é importante. Infelizmente, não consegui testar a picape carregada. Utilizando o espaço como porta-malas, é possível ver a generosidade para transportar objetos (844 litros), mas ao passar por estradas de terra, por exemplo, é certo que as bagagens chegarão ao destino empoeiradas. Em termos de capacidade, a Strada consegue aguentar 650 kg, 50 kg a mais que a Montana .
Conclusão
Um dos principais trunfos da Strada é a versatilidade . As versões Ultra e Ranch entregam um ótimo desempenho , graças ao motor 1.0 turbo. A picape é um ótimo produto para quem precisa transportar 4 ou 5 pessoas e ainda levar carga. Os passageiros não vão no maior conforto do mundo, mas é preciso considerar que o modelo é muito mais acessível que uma Toro, principalmente considerando as versões aspiradas.
A Strada fica devendo em tecnologia e segurança, entretanto, o preço é seu principal aliado . Segundo a Fenabrave, somente em 2023, 87.966 unidades de Strada foram comercializadas para CNPJ , cerca de 72,5% do total vendido pelo modelo em todo o ano passado , reforçando o foco comercial do modelo.
De acordo com a Fiat, 60% das Stradas vendidas são de cabine dupla , o que indica o desejo do público pela versatilidade. Seja o pequeno empreendedor que precisa de um carro para o dia a dia da empresa e que também utiliza como carro particular , ou empresas que precisam transportar pessoas e carga .
Apenas 20% das vendas da Strada são das opções com motor turbo , que custam R$ 12 mil a mais que a versão Volcano automática . Apesar do conjunto mecânico ser excelente, quem precisa do carro para o trabalho e dia a dia, prefere economizar .
Independente da versão, a Strada é um bom carro para quem precisa de muita versatilidade . O motor turbo dá um fôlego extra para o modelo e chega justamente para brigar com a Montana, que aposta nessa motorização aliada ao espaço e segurança, mas nunca chegou a ameaçar o reinado da picape pequena da Fiat .
Vale a compra?
Depende. É necessário avaliar as necessidades
, uso, e até mesmo as ofertas
. Para quem faz questão de motorização turbo, é possível encontrar a Toro de entrada pelo mesmo preço da Strada Ultra dependendo do mês e das promoções promovidas pela fabricante..