De Itajaí, Santa Catarina - Atual líder do mercado entre os SUVs premium, a Volvo tem planos ainda mais ousados de expandir a sua participação no Brasil. Se a marca vendeu 5.200 carros em 2022, o objetivo atual é fechar 2023 com dez mil unidades comercializadas.
Quando a Volvo atingir a meta, ela dobrará a meta. O novo plano é chegar aos 20 mil carros vendidos em 2024 , um fôlego extra que é também justificado por duas novidades.
Para tal, a marca sueca tem um SUV menor do que o XC40 e C40 prontinho para ser lançado. Inclusive, ele já tem até lugar e data para ser apresentado: o Salão de Milão, Itália, que abre ao público no dia 16 de junho .
No Brasil, a pré-venda do novo carro começará em 2023, mas as entregas estão previstas para o primeiro bimestre de 2024 , justamente a época em que vai desembarcar também o EX90. Da mesma maneira que a novidade, o SUV elétrico de grande porte seguirá o menor e também será pré-vendido neste ano.
Embora seja conhecido apenas pelo nome código V216, o SUV pode ser chamado de EX20 ou EX30 . O nome EX40 chegou a ser aventado por veículos de imprensa estrangeiros, porém a numeração já tem donos: os próprios XC40 e C40, carros que foram lançados em 2017 e 2021, respectivamente. Está certo que eles não estão "muito muito" longe de serem substituídos por uma segunda geração, no entanto, não será agora.
Seu tamanho não será muito menor do que o dos 4,44 metros do XC40 , talvez fique na faixa dos SUVs compactos nacionais. Ele está mais para C30, explica o pessoal da Volvo, antigo hatch que tem 4,26 m, e também se aproxima do V40, o último hatch da marca sueca, um modelo que chega a 4,37 m. Podemos apostar em um comprimento entre um e o outro "antepassado".
No entanto, o modelo terá melhor aproveitamento de espaço do que o XC40 , por exemplo, uma vez que a sua plataforma já nasceu elétrica, o que permite dispensar partes que estariam ali apenas para acomodar componentes exigidos por uma eventual versão a combustão.
Na prática, o EX30 pode ter mais espaço para carga na dianteira e traseira, além de maiores vãos para pernas e cabeças dos ocupantes, tudo sem sofrer com a intrusão de motor, câmbio e túnel de transmissão tradicionais.
Nem por isso a novidade descarta os signos visuais dos atuais crossovers da Volvo. O capô elevado e alongado continua lá - mas temos que lembrar que o espaço que um motor tradicional ocupa é substituído pelo um grande porta-malas -, enquanto a coluna C e as lanternas de LED são muito parecidas com as do irmão maior.
" Ele é um pouco menor do que o XC40 e será mais barato, o que vai nos ajudar a dobrar para 20 mil carros em 2024 . Será apresentado em Milão e deve chegar no início do ano que vem", adianta Marcelo Godoy, diretor de Finanças Volvo Cars América Latina e de Operação de Infraestrutura de Carregamento Brasil, em entrevista realizada durante a parada da Ocean Race em Itajaí, Santa Catarina, tradicional competição de veleiros patrocinada por anos pela Volvo.
"Será um SUV que vai mudar novamente o patamar da Volvo. Já pedimos mais carros para a matriz. O carro será importado da China", complementa Marcelo. O executivo ressaltou que a melhora na cadeia logística permitirá trazer mais unidades do novo modelo para o Brasil, uma vez que o lockdown na China está sendo aliviado e, por sua vez, a crise de semicondutores arrefeceu um pouco.
De acordo com o executivo, o mercado de automóveis premium deve fechar 2023 com 50 mil unidades , sendo que o objetivo da Volvo é vencer a barreira dos dez mil carros, passando de 13,7% de market share para 20% do mercado premium ainda neste ano.
O plano parece mais do que possível, até porque a rede de 44 concessionárias será expandida. De acordo com a marca, Belém (MA) deve ser a próxima cidade a receber uma loja, enquanto São Paulo e Santos vão ter outras duas lojas. Só não há cobertura de concessionárias em poucos estados, exemplos de Roraima e Rondônia.
Quanto ao preço, ele ainda não está definido, mas deve ser consideravelmente mais "acessível" do que os R$ 330 mil cobrados pelo XC40 mais barato. Podemos apostar em algo entre R$ 250 mil e R$ 300 mil.
Isso o coloca em uma posição de vantagem em relação aos competidores não eletrificados. Além disso, é um nicho que não é explorado pelos concorrentes diretos das marcas premium. A BMW não tem um SUV menor do que o X1 (que parte de R$ 296.950), enquanto a Audi nunca trouxe o Q2 para o Brasil.
"Teremos um preço atraente para galgar uma fatia de mercado com um carro que vai competir com rivais a combustão", afirma Luiz Rezende, Head da Volvo Cars América Latina e Presidente da Volvo Car Brasil. "Com a melhora da cadeia logística, na crise dos semicondutores e o relaxamento do lockdown na China, a capacidade de produção será maior", analisa.
Ainda há questões a serem resolvidas, a principal é a discussão sobre a taxa de importação de elétricos e híbridos. Zerados desde 2015, os impostos ameaçam retornar. "Acreditamos que vai voltar. Mas que volte por etapas, aumentando alguns pontos percentuais até que, em 2030, termos carros elétricos nacionais", defende Luis.
Ainda não é possível cravar dados mecânicos do dito EX20, no entanto, podemos imaginar que a versão base deve se valer de algo parecido com a opção de 231 cv do XC40 de motor único .
Nessa caso, a tração deve ser dianteira, embora nada impeça que o novo SUV receba opção integral, basta um segundo motor na traseira para garantir isso. As maravilhas da eletrificação. É algo mais do que desejável em vários mercados, incluindo aí a nevosa Suécia.
Entre tantos planos, um deles não está no horizonte brasileiro: a chegada dos elétricos da Polestar , uma operação que é tratada como algo separado.
Parece que não são apenas os super veleiros da Ocean Race que estão voando baixo no Brasil.