O mercado de veículos elétricos no Brasil está em expansão, registrando crescimento de 89% nas vendas entre 2023 e 2024. Porém, algumas barreiras ainda impedem a adoção em massa, especialmente em cidades menores.
Especialistas destacam a necessidade de melhorar a infraestrutura de recarga e consideram os veículos híbridos uma alternativa viável para facilitar a transição rumo a uma mobilidade mais sustentável.
Atualmente, o Brasil possui cerca de 12.100 postos de recarga para veículos elétricos, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).A expansão da rede de estações de carregamento é essencial para o crescimento dos veículos elétricos no país.
Essas estações estão concentradas em grandes cidades, limitando o acesso em regiões interioranas. Isso cria desafios para viagens longas, onde a disponibilidade de recarga é incerta e pode desestimular o uso de carros elétricos.
Edson Wanabe, membro do IEEE, destaca a importância de desenvolver uma infraestrutura de recarga mais abrangente. "Sem uma rede confiável de estações de recarga, os motoristas podem hesitar em adotar veículos elétricos", explica Edson. O desenvolvimento dessa infraestrutura é fundamental para o sucesso da mobilidade elétrica.
Para viabilizar essa expansão, é necessário um investimento significativo em infraestrutura elétrica, não apenas nas cidades, mas também em rodovias e áreas rurais. O tempo estimado para essa expansão é de cinco a 15 anos, dependendo do apoio governamental e do setor privado.
Comparação com outros países europeus
Os países europeus, como a Alemanha e o Reino Unido, têm uma infraestrutura de recarga muito mais desenvolvida. Por exemplo, a Alemanha tinha mais de 60.000 postos de recarga em 2023, enquanto o Reino Unido contava com mais de 35.000 postos.
Esses países investiram em políticas públicas para incentivar a adoção de veículos elétricos, incluindo subsídios para compradores e investimentos em infraestrutura de recarga.
Soluções híbridas como alternativa viável
Os veículos híbridos, que combinam motores elétricos e de combustão, são vistos como uma solução prática para o Brasil. Eles oferecem uma transição mais suave para os consumidores, aproveitando a infraestrutura existente de abastecimento de etanol e gasolina. Alguns modelos permitem o uso de etanol, ampliando a autonomia dos veículos de forma sustentável.
Edson observa que os veículos híbridos podem complementar a transição para a eletrificação total. "Eles oferecem flexibilidade de combustível, o que é vantajoso enquanto a rede de recarga ainda está em desenvolvimento", comenta. Isso ajuda a aumentar a aceitação entre os consumidores, especialmente em locais onde a estrutura de carregamento ainda não é tão robusta.
Incentivos fiscais e políticas públicas no Brasil
No Brasil, os incentivos para veículos elétricos são limitados, mas incluem:
Isenção de impostos: Alguns estados oferecem isenção de impostos sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) para veículos elétricos.
Incentivos para empresas: Existem programas para incentivar a adoção de veículos elétricos em frotas corporativas.
Projetos de lei: Há propostas em tramitação para reduzir impostos federais sobre veículos elétricos.
No entanto, esses incentivos são menos robustos do que os encontrados em países europeus.
Exemplos de políticas bem-sucedidas de outros países
Noruega: Oferece isenção de impostos sobre veículos elétricos, além de benefícios como acesso a faixas exclusivas em rodovias.
Alemanha: Implementou um programa de subsídios para compradores de veículos elétricos e investiu pesadamente em infraestrutura de recarga.
Reino Unido: Tem um plano para banir a venda de veículos a combustão até 2030 e oferece subsídios para a compra de veículos elétricos.
Infraestrutura de recarga em áreas rurais e rodovias no Brasil
A infraestrutura de recarga no Brasil está concentrada principalmente nas regiões Sul e Sudeste, com pouca cobertura em áreas rurais e rodovias. Existem projetos para expandir a rede de recarga em rodovias, como a iniciativa da Vibra para instalar pontos de recarga em postos de combustível ao longo de 9 mil quilômetros de rodovias até 2025.
No entanto, a falta de infraestrutura elétrica adequada em áreas rurais é um desafio importante para a expansão da rede de recarga nessas regiões.