A Volkswagen está implementando uma estratégia acelerada para o lançamento de seu carro elétrico acessível, provisoriamente chamado de ID.1. O projeto tem como meta um desenvolvimento em tempo recorde de 36 meses, com estreia prevista para 2027, visando enfrentar diretamente concorrentes como o BYD Dolphin Mini .
O engenheiro-chefe Thomas Kamla lidera a transformação estrutural necessária para viabilizar essa redução no ciclo de desenvolvimento, que tradicionalmente levaria 50 meses. A abordagem inclui revisão completa dos métodos decisórios da empresa e a criação de um ambiente de trabalho mais colaborativo, com etapas executadas simultaneamente.
A montadora alemã busca equiparar seu ritmo de inovação ao das fabricantes chinesas como BYD e Neta, que conseguem desenvolver veículos elétricos do zero em aproximadamente três anos. Parte dessa agilidade virá do aproveitamento da plataforma MEB revo, já utilizada no ID.2, outro modelo compacto planejado para 2026.
Tecnologia digital revoluciona processo de desenvolvimento
Um dos pilares da nova estratégia é a adoção intensiva de ferramentas digitais e inteligência artificial desde as fases iniciais do projeto. Simulações virtuais substituirão parte significativa dos testes físicos, permitindo tomadas de decisão mais rápidas e reduzindo a necessidade de protótipos completos.
Mesmo assim, a Volkswagen utilizará veículos de teste ("mulas") derivados do ID.2 para validar componentes específicos. O modelo também estreará a arquitetura eletrônica centralizada da Rivian, refletindo o esforço da montadora em modernizar sua base tecnológica para acompanhar concorrentes nascidos na era digital.
A transformação nos métodos de trabalho representa uma ruptura com práticas tradicionais da indústria automotiva europeia, que envolvem múltiplas camadas de aprovação e longos ciclos de validação. Segundo Kamla, em entrevista à revista Automobilwoche, a Volkswagen precisa "pensar como uma startup" para acompanhar o novo ritmo de inovação.
Especificações técnicas do futuro compacto elétrico
O ID.1 será configurado como um hatchback compacto com tração dianteira, carroceria de cinco portas e 3,88 metros de comprimento. Embora a Volkswagen o posicione no segmento A, suas dimensões o aproximam do segmento B, oferecendo espaço interno para quatro ocupantes e porta-malas de 305 litros.
A motorização consistirá em uma unidade elétrica de 95 cv (70 kW), associada a uma bateria com química LFP (lítio-ferrofosfato). Esta tecnologia, já implementada em outros modelos do grupo como o CUPRA Raval e o Skoda Epiq, prioriza durabilidade e custo acessível.
O veículo terá autonomia superior a 250 quilômetros no ciclo WLTP e velocidade máxima limitada a 130 km/h. Estas especificações posicionam o modelo como uma alternativa competitiva no crescente mercado de elétricos acessíveis, atualmente dominado por fabricantes chineses.
A indústria automotiva europeia enfrenta pressão crescente da China, que avança rapidamente com modelos elétricos de baixo custo. O BYD Dolphin Mini, principal rival do futuro ID.1, já é sucesso de vendas na Ásia e será produzido também na Europa, na nova fábrica da BYD na Hungria.
Embora o nome comercial do modelo ainda não esteja definido, especula-se que a Volkswagen possa reviver denominações já conhecidas como Lupo, Fox ou up!. Esta estratégia facilitaria a identificação do público com o novo veículo, especialmente no mercado europeu, onde esses nomes têm histórico comercial estabelecido.