
O mercado brasileiro de veículos eletrificados caminha para uma transformação expressiva. Segundo o estudo "Jornada de Compra de Veículos Eletrificados no Brasil", elaborado pela Dados X para a Abeifa, o país deve ter um crescimento ainda mais acelerado neste segmento a partir do final de 2026.
A pesquisa, baseada no modelo de difusão de inovações de Everett Rogers, indica que o Brasil já superou a fase dos "inovadores" e avança entre os "adotantes iniciais", que representam aproximadamente 13,5% do mercado potencial para novas tecnologias.
O ano de 2024 registrou mais de 177 mil unidades emplacadas, contribuindo para um total acumulado de cerca de 400 mil veículos eletrificados circulando no país. Este número, porém, representa apenas o começo de uma curva ascendente de adoção.
Entre o quarto trimestre de 2026 e o primeiro de 2027, as projeções apontam que o Brasil ultrapassará a marca de 1 milhão de unidades vendidas, inaugurando a fase da "maioria inicial", que corresponde a 34% do mercado consumidor.
Barreiras em queda
A transição para uma fase de adoção mais ampla está sendo impulsionada por diversos fatores que reduzem as resistências iniciais. A expansão da infraestrutura de recarga pelo território nacional figura entre os principais catalisadores deste processo.
A redução gradual dos preços, aliada ao aumento da produção local, também contribui significativamente para tornar os veículos eletrificados mais acessíveis ao consumidor brasileiro, ampliando o potencial de mercado.
O estudo identifica ainda que o nível de informação e confiança dos consumidores vem aumentando, enquanto a variedade de modelos disponíveis se expande, oferecendo mais opções para diferentes perfis e necessidades.
Esta combinação de fatores está eliminando os principais bloqueios para a adoção em massa, preparando o terreno para que os veículos eletrificados deixem de ser vistos como novidade e se integrem à rotina dos brasileiros.
A próxima onda de compradores terá um perfil mais pragmático, valorizando economia, confiabilidade e praticidade, em contraste com os primeiros adotantes, que priorizavam a inovação tecnológica em si.
O comportamento deste novo consumidor inclui a comparação detalhada de custos entre veículos a combustão e eletrificados, consideração do impacto ambiental e busca por modelos com melhor relação custo-benefício.
Outro fenômeno identificado pela pesquisa é o "efeito rede de confiança", no qual o aumento do número de usuários de carros elétricos transmite segurança aos indecisos, criando um ciclo de reforço positivo para a adoção da tecnologia.
De acordo com o modelo de Rogers, após a "maioria inicial", o mercado ainda passará pelas fases da "maioria tardia" (34%) e dos "retardatários" (16%), completando o ciclo de difusão tecnológica que transformará definitivamente a mobilidade no Brasil.