
A Scania anunciou planos de investir R$ 2 bilhões no Brasil para iniciar a produção local de veículos elétricos pesados. A informação foi divulgada por Christopher Podgorski , CEO da empresa no país, durante sua participação no podcast "De Frente com CEO", da Exame.
O aporte bilionário integra a estratégia de eletrificação da marca no mercado brasileiro, que considera o segmento de transporte pesado como elemento fundamental para a descarbonização da mobilidade. A montadora enxerga o Brasil como polo estratégico para a transição energética no setor automotivo.

Segundo Podgorski, o potencial brasileiro para geração de eletricidade a partir de fontes renováveis, como solar e eólica, foi determinante para a decisão. O projeto prevê a nacionalização parcial da produção de caminhões e ônibus elétricos na unidade de São Bernardo do Campo, onde a Scania já mantém operações.
O investimento será distribuído ao longo dos próximos anos, com foco inicial em três pilares: infraestrutura produtiva, desenvolvimento da cadeia de fornecedores locais e capacitação técnica das equipes. "A transição energética é uma jornada. A eletrificação dos veículos pesados será um processo gradual, mas irreversível", afirmou o executivo.
Brasil como plataforma exportadora
Um dos objetivos estratégicos do projeto é transformar o país em base de exportação para veículos eletrificados da Scania. Podgorski destacou que o investimento posiciona o Brasil em papel relevante dentro da estratégia global da montadora sueca para redução de emissões de CO₂.
A Scania já comercializa modelos elétricos na Europa, como o caminhão Scania 25P, voltado para distribuição urbana, e o ônibus Citywide, desenvolvido para transporte público. Estas tecnologias devem servir como referência para os veículos que serão produzidos ou montados no Brasil.
A empresa ainda não detalhou quais serão os primeiros modelos a sair da linha de montagem brasileira. A expectativa é que os primeiros resultados concretos do investimento comecem a aparecer na segunda metade desta década, incluindo testes de campo, homologações e possíveis pré-vendas.
Durante a entrevista, o CEO também abordou seu histórico de mais de 25 anos na Scania e o papel da liderança no avanço de pautas sustentáveis. Podgorski enfatizou que os investimentos incluem parcerias com clientes, operadores logísticos e fornecedores de energia para viabilizar a adoção em larga escala.
Além da eletrificação, a Scania mantém interesse em outras tecnologias sustentáveis, como o biometano, que também deve integrar seu portfólio de soluções no Brasil. "Não existe uma única resposta para a descarbonização. Teremos múltiplas soluções", explicou o executivo.
A montadora já atua no mercado brasileiro com veículos movidos a gás natural e biometano, tecnologias que representam etapas anteriores de sua estratégia de sustentabilidade. A eletrificação surge agora como próximo passo no planejamento de longo prazo da empresa para o país.