A Jaguar confirmou uma transformação radical em seu modelo de negócios, abandonando a estratégia de competir com BMW para focar exclusivamente no mercado de luxo. A mudança representa uma virada de 180 graus na direção da marca britânica.
Rawdon Glover, diretor-geral da empresa, admitiu que até 85% dos compradores atuais não retornarão após a reinvenção da marca. A estimativa considera o novo posicionamento voltado para veículos elétricos com preços na casa dos seis dígitos.
A companhia, controlada pelo grupo indiano Tata Motors, encerrou a produção de todos os modelos exceto o SUV F-Pace. Este último também será descontinuado em breve, marcando o fim da era dos motores a combustão na Jaguar.
Type 00 inaugura nova filosofia da marca
O primeiro modelo da nova era será o Type 00, um grand tourer elétrico com lançamento previsto para ainda este ano. O veículo representa o conceito de "Modernismo Exuberante" adotado pela marca em sua nova identidade visual.
Martin Limpert, diretor global da Range Rover, definiu a nova Jaguar como exuberante, moderna e progressiva. Segundo ele, a marca busca atrair pessoas ligadas às artes, música moderna e ambientes progressivos, mirando uma audiência mais jovem.
O chefe de design Gerry McGovern afirmou que a transformação representa um retorno aos valores originais da marca, adaptados para uma audiência contemporânea. A nova direção abandona o histórico slogan "Grace, Space, Pace", utilizado desde os anos 1960.
Glover explicou que compradores dispostos a gastar mais de 100 mil dólares (R$ 555 mil) priorizam design e interior dos veículos. Segundo o executivo, a motorização ocupa apenas a 13ª posição na lista de prioridades desse público específico.
A empresa desenvolve um SUV elétrico para rivalizar com o primeiro modelo eletrificado da Bentley. O projeto faz parte da estratégia de competir diretamente no segmento de veículos de ultra-luxo, abandonando definitivamente o mercado premium tradicional.
A nova identidade da Jaguar foi apresentada em novembro, enfatizando características imaginativas, ousadas e artísticas. A transformação marca o fim de décadas de ambição em competir com marcas alemãs no segmento premium convencional.