Falta de chips ameaça montadoras e mais de 1 milhão de empregos

Crise global entre China e Holanda pressiona produção nacional

Chips semicondutores
Foto: Divulgação
Chips semicondutores

Mais de 1,3 milhões de emprego estão em risco por falta de chips semicondutores na indústria nacional. O problema também é percebido em outros países ao redor do mundo.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) enviou nota ao Portal iG alertando para o risco de paralisação na produção de veículos no Brasil.

A entidade afirmou que a nova crise dos chips já ameaça a indústria automotiva mundial e pode atingir o país em breve.

Segundo a associação, a escassez de componentes resulta de disputas geopolíticas entre China e Holanda.

O governo holandês assumiu o controle da fabricante Nexperia, subsidiária de um grupo chinês, e Pequim reagiu impondo restrições às exportações de semicondutores.

A Anfavea pediu que o governo brasileiro adote medidas urgentes para evitar o desabastecimento.

Setor em alerta e risco para empregos

Na nota encaminhada ao iG, a Anfavea afirmou que a falta de chips pode afetar operações fabris “em questão de semanas” e causar impactos semelhantes aos vividos durante a pandemia.

Segundo a entidade, cada veículo moderno usa entre 1.000 e 3.000 semicondutores, essenciais para o funcionamento de sistemas eletrônicos, freios ABS e airbags.

“Com 1,3 milhão de empregos em jogo em toda a cadeia automotiva, é fundamental que se busque uma solução em um momento já desafiador, marcado por altos juros e desaquecimento da demanda”, disse o presidente da Anfavea, Igor Calvet.

A entidade informou ainda ter comunicado o governo federal sobre a gravidade da situação e pediu “medidas rápidas e decisivas para evitar um colapso na indústria”.

Crise internacional pressiona montadoras

De acordo com a Reuters, montadoras europeias como Volkswagen, BMW e Mercedes já soaram o alarme sobre possíveis paralisações se o impasse entre China e Holanda não for resolvido.

A agência informou que a Volkswagen mantém sua principal fábrica em Wolfsburg, na Alemanha, operando normalmente nesta semana, mas com incertezas a partir da próxima.

Fontes do setor disseram à Reuters que a troca de fornecedores é possível, mas exige tempo por causa de processos de aprovação.

A Nexperia produz chips considerados simples, mas em grandes volumes, amplamente usados nas indústrias automotiva e de eletrônicos.

A maioria é fabricada na Europa e embalados na China, o que agrava a dependência logística.

Reflexos esperados no Brasil

A Anfavea afirmou que acompanha os desdobramentos internacionais e teme que as restrições de exportação atinjam o abastecimento de montadoras instaladas no país.

O setor emprega cerca de 1,3 milhão de pessoas e representa uma das principais cadeias produtivas da indústria nacional.

Além da fabricação de veículos, a crise pode impactar fornecedores de autopeças e empresas de logística, com risco de redução de turnos e paralisações pontuais.

A entidade reforçou que “a mobilização institucional se faz necessária para evitar um colapso na indústria” e classificou a situação como de “urgência evidente”.