
O Brasil entrou na fase final das obras do maior terminal de recarga para ônibus elétricos do país, instalado no BRT de Goiânia. A estrutura reunirá carregadores de alta potência e um sistema móvel de armazenamento de energia, tecnologia inédita no transporte coletivo nacional.
O projeto, conduzido pela Nansen no Eletroposto Oeste da Metrobus, integra o pacote de modernização do corredor metropolitano. A potência total instalada alcança 6 MVA e permitirá a operação de veículos totalmente elétricos, o que reduz custos operacionais e emissões.
O terminal contará com 23 carregadores de 240 kW, cada um com dois conectores, o que habilita o carregamento simultâneo de 46 ônibus. A adoção desse porte aproxima Goiânia de cidades que já operam sistemas elétricos em larga escala, como Shenzhen, Oslo e Barcelona.

A instalação foi projetada para atender picos de demanda de forma contínua, sem afetar a estabilidade da rede local. O desenho elétrico inclui redundâncias para evitar interrupções na operação diária da frota.
Segundo a Nansen, o objetivo é garantir previsibilidade e segurança energética ao sistema, apoiando a transição para veículos elétricos com infraestrutura robusta e planejamento de longo prazo.
Armazenamento móvel estreia no país e impacta operação
Além dos carregadores fixos, o projeto introduz o primeiro BESS móvel de uso comercial em um corredor de transporte no Brasil. A unidade tem capacidade de 50 kWh e potência de 60 kW, e pode atuar em recargas emergenciais quando houver falhas de abastecimento ou instabilidade na rede.

A solução foi projetada para permitir deslocamento rápido da bateria por diferentes pontos da garagem, ampliando a autonomia do sistema e garantindo suporte a eventuais interrupções no fornecimento tradicional.
O terminal integra o Projeto Nova Anhanguera, que revisa o modelo de circulação do corredor metropolitano, reorganiza linhas e substitui gradualmente a frota movida a diesel. A expectativa é de redução de emissões e menor custo por quilômetro rodado.
A recarga rápida deve permitir maior rotatividade dos veículos, reduzindo o tempo ocioso em garagem. A Metrobus estima que a operação elétrica resulte em economia energética ao longo do ciclo de vida dos ônibus.
Como funciona o BESS no transporte
O BESS, sigla para Battery Energy Storage System, é um sistema de baterias de alta capacidade que armazena energia para uso controlado. Ele permite suavizar oscilações da rede, otimizar o consumo em horários de menor tarifa e reforçar a estabilidade do sistema de recarga.
Ao reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diminuir emissões de CO₂, o BESS fortalece estratégias de descarbonização urbana. A tecnologia também facilita a expansão de frotas elétricas em áreas com limitações na rede, evitando obras de grande porte para reforço externo.
Com a nova estrutura, Goiânia se posiciona entre as cidades brasileiras que avançam mais rapidamente na adoção de ônibus elétricos. A experiência deve orientar projetos semelhantes em outras capitais, especialmente em corredores onde a demanda supera a capacidade da rede atual.