BMW R18 modelo custom é um dos mais tradicionais da marca alemã sediada em Munique
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BMW R18 modelo custom é um dos mais tradicionais da marca alemã sediada em Munique

Sei que quando vocês estiverem lendo esta coluna, muito já se falou sobre a nova motocicleta BMW R 18. Como a nova custom da marca alemã foi lançada oficialmente na Europa já há mais de dois anos e ainda vai demorar um pouco até chegar por aqui, vamos cutucar a história da BMW no segmento custom.

Depois de ver a BMW R18 por fotografias, mostrando que, diga-se de passagem, a nova motocicleta é bastante fotogênica – dá vontade de ter uma mesmo antes de experimentá-la – a vi de perto, pessoalmente, em uma grande festa que a BMW proporcionou nesta semana aos adeptos da marca e futuros interessados no modelo.

Entre eles, eu, mas imaginando, de antemão, que seu preço seria algo meio restritivo. Acertei – e não. Chutei R$ 140 mil e errei por uma notinha azul: o preço da moto , no final da festa, foi anunciado por R$ 139.900. Muito dinheiro? Sim, mas dentro das expectativas de quem gosta das melhores motocicletas disponíveis em nosso país.

Há várias histórias para uma BMW custom . Em 1996, ou seja, há mais de 26 anos, a notícia de que a marca alemã estaria preparando uma motocicleta para brigar no segmento das Harley-Davidson chocou os puristas da marca.

James Bond e a BMW R 1200 C de 1997 em uma das cenas de ação com o ator Pierce Brosnan
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James Bond e a BMW R 1200 C de 1997 em uma das cenas de ação com o ator Pierce Brosnan

Só que esses puristas já estavam calejados com esse tipo de heresia, com a nova (na época) família K , que tinha motores de três e quatro cilindros refrigerados a água e montados longitudinalmente. Ou mesmo a mais popular família F, montada na Itália e com motores monocilíndricos austríacos. E o pior: sem eixo-cardã.

A nova motocicleta era a BMW R 1200 C , nota 10 em estilo e tecnologia mas que passava de ano “raspando”, em termos de dirigibilidade. Os puristas deveriam ter reclamado menos, já que a nova motocicleta mantinha a tradição do motor dois cilindros boxer refrigerado a ar. Experimentei e avaliei essa motocicleta em 1997, não achei lá grande coisa mas dediquei a ela uma capa de corpo inteiro na minha revista mensal. Merecida.

A BMW R 1200 C não foi um sucesso de vendas, mesmo contracenando heroicamente com o James Bond, no filme O Amanhã Nunca Morre (Tomorrow Never Dies, 1997), mas isso ajudou para que ela tenha se tornado um modelo cult e, atualmente, altamente colecionável. Melhor assim, não?

A história mais antiga de uma BMW custom, no entanto, começou há quase 100 anos, lá em 1923, com a primeira motocicleta produzida pela empresa, que até então só fabricava motores para aviões. Era a BMW R 32, já com motor longitudinal de dois cilindros opostos (boxer) e refrigerado a ar.

Não podemos atribuir a essa motocicleta um estilo custom, já que, naquela época, esses conceitos ainda não existiam, mas comparando a primeira BMW R 32 com a novíssima BMW R 18 , que poderia negar que elas têm a mesma concepção?

Assim foi com todas as motocicletas BMW até um passado recente, inclusive quando a minha história com motocicletas começou, em 1968. Claro que já contei várias vezes essa passagem, mas aqui ela adquire um aspecto histórico contextual.

Foi nessa época que meu pai, que até então só pilotava automóveis , pelo menos na minha visão de criança (depois fui conhecer sua história anterior com as motos), voltou às duas rodas e chegou em casa com uma nova motocicleta . Nova?

Não, era uma BMW R 51/3 de 1951, preta, novíssima, mas com um estilo já não adotado pelas europeias mais recentes e também pelas recém-chegadas japonesas que começavam a ficar populares. Mas isso não importa, foi a primeira motocicleta em que eu andei. Na garupa, logicamente.

BMW R 25 de 1953 é um dos raros modelos que fazem parte da história da fabricante alemã
Arquivo pessoal
BMW R 25 de 1953 é um dos raros modelos que fazem parte da história da fabricante alemã

Não poderia dizer, naquela ocasião, que aquela BMW R 51/3 era uma motocicleta custom, mas certamente tinha uma condução bem mais tranquila que as Ducati Mark 3 e a inesquecível HRD Vincent Rapide de 1951 que passaram a compartilhar a nossa garagem. Explicado também, talvez, a razão de eu também ser um admirador da nova BMW R 18, mesmo antes de pilotar uma.

A BMW bem que tentou se afastar dessa arquitetura tradicional, visto que algumas das melhores motocicletas do mundo são dessa marca e não têm motores boxer. Veja lá a BMW S 1000RR , ou mesmo as GS com motores bicilíndricos em linha.

Não digo o mesmo para as mono. O velho e confiável boxer, no entanto, foi se adaptando à tecnologia e está aí, vendendo como água nas enormes R 1250 GS e suas derivadas. Ouço também rumores de que a R 18 poderia ter uma parceira, a R 12 com o motor da GS. Bem vinda também, mas assunto para um papo futuro.


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