As décadas de 70 e 80 foram muito interessantes para o Brasil. O período, compreendido de 1976 a 1990, foi marcado pelo fechamento das importações. Com essa medida, o governo buscou fortalecer a indústria nacional, estimular a produção de riquezas e o aumento de capital. Sabemos que existe uma controvérsia nisso, já que o mercado acabou ficando menos competitivo.
No segmento dos automóveis, o reflexo foi a tecnologia de fora que deixou de chegar ao nosso país. Tivemos projetos mundiais como, por exemplo, o Chevrolet Monza , o Ford Escort e o Volkswagen Santana , porém, algumas tecnologias presentes nas versões estrangeiras destes modelos demoraram a serem aplicadas por aqui. Um bom exemplo é a injeção eletrônica.
Por outro lado, a questão positiva foi o surgimento de uma indústria própria de veículos, os chamados foras-de-série, modelos que mostravam que a criatividade nacional estava em alta como jamais vimos em outro período histórico. Pequenos fabricantes surgiram, especialmente no sul e sudeste, tendo a missão de produzir algo diferente e atraente para um público que podia pagar pela exclusividade.
O esportivo Bianco foi um deles. Idealizado e produzido por Toni Bianco , um carrozziere (da tradução, carroceiro) italiano que havia imigrado para o Brasil, o modelo teve inspiração nos bólidos de corrida europeus. Assim como outros foras-de-série nacionais, ele também utilizava originalmente o chassi e mecânica Volkswagen. Mas também teve versões mais famosas de pista que utilizaram diferentes tipos de mecânica, tais como Alfa Romeo, Lamborghini e BMW.
Inspirado pelo design avançado do Bianco, o engenheiro Marcelo Aparecido Camargo, da Engine Motors , resolveu criar a sua própria receita que homenageou tanto o criador, quanto a criatura.
Ele desenvolveu um chassi tubular para abrigar o coração da máquina: um motor V8 de 4,2 litros doado por um Audi A8. O oito cilindros aspirado chega aos 340 cv com ajuda da injeção eletrônica programável. Ele adaptou nesse conjunto a carroceria de um Bianco original com as respectivas mudanças técnicas para abrigar as rodas de 18 polegadas e o robusto conjunto de freio.
O resultado ficou excepcional, começando pelo ronco grave e bem ajustado . Na prática, rodar com ele é sinônimo de diversão, com destaque para as torcidas de pescoço pelas ruas. Após os 3.000 giros o carro “acorda”, o barulho se torna estridente e ainda mais divertido. Na matéria em vídeo, contamos todos os detalhes do projeto. Até a próxima semana!