Carros blindados: a procura por eles vêm crescendo mais e mais, conforme o aumento constante dos índices de violência
Charles Silva Duarte/ O Tempo - 25/07/2003
Carros blindados: a procura por eles vêm crescendo mais e mais, conforme o aumento constante dos índices de violência

Como parte da série de mudanças impostas pelo exército brasileiro, quanto às normas de regulamentação de carros blindados (estabelecidas em junho do ano passado), uma das principais novidades é que o teto solar precisa ser obrigatoriamente composto por uma peça única e fixa, com o mesmo nível da blindagem aplicada nas demais partes do veículo. A medida gerou muita polêmica e desagradou a muitos, não só porque não se pode mais abrir o teto solar, mas também devido ao aumento do custo total da blindagem em cerca de R$ 4 mil reais. Entretanto, segundo Floriano Guimarães, consultor da GR Blindados, “essa é uma mudança muito importante, pois serve para reforçar a segurança dos usuários de carros blindados”.

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Proveito do carro versus segurança. É um questionamento que você deve se fazer ao cogitar um carro blindado
Divulgação
Proveito do carro versus segurança. É um questionamento que você deve se fazer ao cogitar um carro blindado

Segundo Guimarães, a decisão de fixar o teto solar aumenta a eficácia da blindagem dos veículos no Brasil. “Muita gente ignorava a importância do travamento do teto solar por questões estéticas ou de gosto pessoal, ignorando que a movimentação desse vidro poderia causar riscos à sua segurança. Enquanto o vidro original do teto pesa cerca de 6kg, a versão blindada pode chegar a até 40 kg. Os mecanismos de abertura e fechamento do teto solar dos carros não foram projetados para suportar o peso extra. Assim, isso podia gerar acidentes, pois o material  poderia se desprender do carro em movimento”. O especialista afirma, ainda, que a regra é vigente apenas para carros que foram blindados depois do mês de agosto do ano passado. Logo, os carros blindados anteriores a esse mês, que abrem o teto solar, não precisarão se readequar.

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O que mudou além do teto solar

Antes das normas, o proprietário de veículo blindado não precisava ter o Certificado de Registro (CR), apenas a empresa de blindagem. Para cada modelo, a blindadora pedia uma autorização para o exército antes de começar o procedimento. Hoje, o proprietário precisa tirar o CR, por meio de preenchimento de formulários, entrega de documentos e emissão de certidões na Justiça Federal, Militar e Criminal. Floriano Guimarães atribui a nova exigência à melhoria do controle sobre os fins dos carros blindados, que são impedidos de pertencer a indivíduos com histórico criminal e outras restrições civis. Se quiser ou tem um carro blindado e ainda não está regulamentado, você tem até agosto para se acertar com as normas.  A taxa do CR é de R$ 100, mas despachantes e blindadoras cobram em torno de R$ 850 para pessoas físicas e R$ 1.250 para empresas (pessoas jurídicas) para fazer todo o processo.

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Além disso, o aumento da burocracia pelo exército fez com que o tempo de espera para a autorização da blindagem aumentasse de 3 dias para 30 dias, até a emissão do CR. Entretanto, a parte boa é que o CR vale por 3 anos, então o proprietário não precisará refazer e pagar novamente caso queira blindar mais veículos; basta inserir os dados no Sicovab.

Por fim, outra mudança que veio foi a proibição da autoclavagem, procedimento que trata a delaminação dos vidros blindados. Hoje, caso o dono queira eliminar as bolhas de ar nos vidros, o exército obriga a troca da peça toda. Se antes o custo de reparo partia de aproximadamente R$ 700, para vidros pequenos, indo até R$ 1.500, no caso de delaminação no para-brisa ou outros vidros grandes, os valores hoje são, respectivamente, R$ 3.000 e R$ 6.000, na troca da peça. A justificativa para isso é a de que, dependendo do estado da delaminação, idade do vidro e o cuidado da blindadora durante o procedimento, o material poderia ter sua eficiência comprometida.

Como é a blindagem fora do Brasil

Níveis de blindagem e calibres. Acima de III-A, o uso é restrito a membros das Forças Armadas e chefes de Estado
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Níveis de blindagem e calibres. Acima de III-A, o uso é restrito a membros das Forças Armadas e chefes de Estado

Tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, você precisa de uma boa justificativa para comprar e fazer carros blindados. Por isso, a prática não é comum a cidadãos que não sejam autoridades, políticos, grandes empresários ou celebridades. Além disso, os próprios custos também servem de “peneira”, pois lá, partem de R$ 65.000. Bem salgado se comparado com os R$ 45.000 iniciais que você precisará desembolsar para blindar um carro por aqui.

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