É uma tremenda responsabilidade substituir um produto que, apesar de estar há 24 anos no mercado, ainda é o líder de vendas. Estamos falando da Strada — há duas décadas, o veículo comercial mais emplacado no país.
Da Fiat Strada antiga, derivada da plataforma do Palio, conhecíamos a robustez e as sensações (quase esportivas) ao volante. Será que a segunda geração estragaria tudo? É algo muito comum de acontecer na indústria automobilística...
Recebemos duas Strada 2021 para avaliação no dia a dia: primeiro uma cabine simples (chamada pela Fiat de “cabine plus”) na versão intermediária Freedom, de R$ 69.490 e, semanas depois, a cabine dupla topo de linha Volcano (R$ 80 mil), ambas com motor 1.3 Firefly, que rende 109cv de potência e 14,2kgfm de torque.
De fora, a impressão inicial é que a nova Strada é a filhote da Toro — seria a bezerrinha? Abre-se a porta e o que se vê é o volante, o quadro de instrumentos (com conta-giros minúsculo) e o painel herdados dos Mobi e Uno, com sutis diferenças. Sob a nova pele, toda a estrutura dianteira da picape é derivada de Mobi e Uno.
A posição de dirigir é bem mais alta do que antes, o que nos trouxe um certo temor de que a segunda geração não fosse tão gostosa de dirigir.
A “cabine plus” incorpora um vidrinho nas colunas traseiras e tem o dobro de espaço atrás dos bancos do que a antiga “simples”. Há lugar para levar, em segurança e abrigadas de sol e chuva, uma mochila ou sacolas de compras.
Aí, a boa surpresa: o conjunto mecânico agrada logo de cara. O motorzinho 1.3 Firefly (de Uno e Argo) está longe de ser uma máquina de guerra, mas as relações bem curtas da primeira e da segunda marchas fazem com que a picape dê um pulo à frente — é aquela divertida sensação de agilidade e leveza que tivemos ao dirigir uma Strada pela primeira vez, há mais de 20 anos.
O desempenho, aliás, melhorou em relação ao da Freedom de antes, que vinha com o motor 1.4 Fire de 88cv (este foi mantido na Strada Endurance, a versão básica da nova geração). Com 1.092kg, a recém chegada é até ligeiramente mais leve (21kg) que a antecessora.
Ainda que fosse possível dirigir com olhos vendados, você saberia que está num Fiat, em especial por causa do câmbio de cinco marchas (C513) com curso longo e engates meio esponjosos que acompanha os carros de Betim desde 1996. É como voltar ao Palio. De mais recente há a assistência elétrica da direção.
Gostamos muito da suspensão justinha da cabine simples (perdão... “plus”). A parte traseira, com eixo rígido e mola semi-elíptica de lâmina única, vem da Fiorino — a impressão é de que nunca vai dar problema, por maiores que sejam os buracos pelo caminho.
Outro destaque é que, apesar de o comprimento total da picape Strada cabine simples não ter mudado muito, a caçamba está mais profunda e 3cm mais comprida. Se você for carregar uma cama desmontada, não precisa nem tirar a toda a capota marítima — basta levantar a extremidade e apoiar a pontinha do estrado na tampa da caçamba.
A Fiat Strada Volcano cabine dupla
Duas semanas depois, recebemos a Volcano. Agora com quatro portas, a Strada de cabine dupla está próxima de ser um carro de passeio com enorme porta-malas (são 844 litros até a borda da caçamba). Além do acesso facilitado, tem cinco lugares, contra os quatro de antes. Não espere muito espaço para quem vai no banco traseiro — um passageiro de 1,70m atrás de um motorista de 1,70 estará no limite do conforto. Para crianças, ótimo.
O acabamento interno é bom, mas não difere muito do que encontramos na Freedom. Achamos o banco do motorista um tanto estreito.
O motor 1.3 Firefly sofre mais para levar essa picape de 1.174 quilos — o negócio é mantê-lo acima de 2.000rpm. Lembramos então que a antecessora Adventure tinha um motor 1.8 16v com 132cv e 18,9kgfm... A parte boa é que o consumo urbano ficou em 10,5km/l de gasolina.
Quem quer comprar essa Volcano como substituta de um carro de passeio terá de se acostumar à suspensão durinha. Mesmo com esses senões, gostamos muito da nova Strada — uma picape honesta, à altura de sua antecesora.
Fichas técnicas
Strada Freedom 1.3 cabine simples
Origem e preço: Brasil; R$ 69.490
Motor: Firefly flex, quatro cilindros, oito válvulas, 1.332cm³, potência de 101cv/109cv (a 6.250rpm) e torque de 13,7kgfm/14,2kgfm (a 2.500rpm) gasolina/álcool
Você viu?
Transmissão: manual de cinco marchas. Tração dianteira
Suspensões: McPherson na frente; eixo rígido atrás, com molas semi-elípticas de uma lâmina
Freios e pneus: a disco na dianteira e a tambor na traseira; 195/65 R15
Dimensões e peso: 4,47m (c), 1,73m (l), 1,60 (a) e 2,73m (e.e.); 1.092 quilos
Caçamba e tanque: 1.354 litros ou 720 quilos; 55 litros
Desempenho: 0-100km/h em 11s e máxima de 168km/h (Fiat)
Consumo: 12,8km/l (cidade), 14,2km/l (estrada), com gasolina
9km/l (cidade), 9,8km/l (estrada), com gasolina (medições do Inmetro)
Strada Volcano 1.3 cabine dupla
Origem e preço: Brasil; R$ 80 mil
Motor: Firefly flex, quatro cilindros, oito válvulas, 1.332cm³, potência de 101cv/109cv (a 6.250rpm) e torque de 13,7kgfm/14,2kgfm (a 2.500rpm) gasolina/álcool
Transmissão: manual de cinco marchas. Tração dianteira
Suspensões: McPherson na frente; eixo rígido atrás, com molas semi-elípticas de uma lâmina
Freios e pneus: a disco na dianteira e a tambor na traseira; 205/60 R15
Dimensões e peso: 4,48m (c), 1,73m (l), 1,59 (a) e 2,73m (e.e.); 1.174 quilos
Caçamba e tanque: 844 litros ou 650 quilos; 55 litros
Desempenho: 0-100km/h em 11s2 e máxima de 168km/h (Fiat)
Consumo: 12,1km/l (cidade), 13,3km/l (estrada), com gasolina
8,4km/l (cidade), 9,4km/l (estrada), com gasolina (medições do Inmetro)