Completamos um ano sem a Ford do Brasil, sem suas fábricas em São Paulo e na Bahia e seus produtos nacionais. Agora, a fabricante está limitada a oferecer apenas importados, como Bronco Sport, Maverick, Ranger e o Mustang, todos importados. E como anda a vida dos donos dos carros nacionais?
Será que a situação de mercado, de manutenção e o cotidiano dos proprietários de Ka , Fiesta , EcoSport (entre outros), se mantêm? Ou seguiu o padrão do mercado nos tempos de pandemia? Ou será que ficou mais complicada?
Com essas dúvidas levantadas, entrevistamos três proprietários de Ford. Uma senhora, dona de um EcoSport (SP), um senhor, dono de Ford Ka (CE), e de um jovem (BA), dono de um Fiesta Sedan . Ouça no podcast a seguir.
Fátima Barros (SP): Ford EcoSport
Começamos pela Fátima Barros, de São Paulo, dona de um EcoSport 2018/2019, e que foi a primeira dona e gestora de oficinas em SP, lá em meados de 1985. Por trabalhar atualmente com comércio de roupas, acha legal que o carro é capaz de acomodar bem as mercadorias, ainda que não seja um carro tão espaçoso.
Ela é apaixonada pelo SUV , que é um dos únicos que conseguiram convencê-la a não comprar um sedã ou algum carro grande, que são categorias que mais a agradam.
Ela gosta do campo de visão do utilitário esportivo e, principalmente, do fato de que ela tem boa resposta do acelerador. Segundo ela, o único porém é que costuma fazer um consumo de 7 km/l na gasolina, quando ela está ao volante.
Ela relata ao iG Carros que não apresentou qualquer problema mecânico e que não conhece seu valor de mercado, uma vez que não pretende vender sua EcoSport. Após algumas pesquisas, vemos que o modelo segue o mesmo patamar dos rivais (como Chery Tiggo 2 , JAC T40 , Hyundai Creta , VW T-Cross , entre outros).
Juarez Gomes (CE): Ford Ka
Migrando para o Ceará, entrevistamos Juarez Gomes, dono de um Ka 1.0. Ele diz que na época que ele escolheu o carro, ele comparou o modelo com outros 1.0, para ver qual tinha mais desempenho e uma potência mais razoável. E o Ka foi o vencedor desse comparativo que ele realizou.
Ele diz que, apesar de 1.0, o carro tem uma resposta muito boa e que traz equipamentos que superam muitos dos concorrentes. Nas palavras do próprio Juarez, o carro passeia muito bem, flutua no asfalto como um Landau , com sua suspensão macia e direção elétrica extremamente leve.
Inclusive, diz que se o carro não tivesse saído de linha, o trocaria por outro Ka. E que, já que deixou de ser produzido, vai trocá-lo por um EcoSport seminovo, uma vez que, ainda segundo ele, estará igualmente atendido e até melhor, inclusive podendo ter câmbio automático e mais equipamentos.
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E ele ressalta que não costuma levar o carro em autorizadas para fazer manutenção, optando por um mecânico de confiança. Não teve muito problema de manutenção , mas sim, apenas substituiu o básico: filtros, pastilhas e fluidos.
Fora que ele não detectou nenhum encarecimento nas peças de reposição. Além disso, relata que acompanha o mercado do carro, e que se o vendesse, recuperaria o valor do carro, mais 15 ou 20% de lucro.
Antônio Murilo (BA): Ford Fiesta Sedan
Indo para a Bahia, conversamos com Antônio Murilo, dono de um Ford Fiesta Sedan 2015. Seu pai comprou o Fiesta novo na época, e até 2019 fez todas as revisões nas concessionárias. Desde este ano, está com o carro, e realiza os serviços apenas em oficinas de confiança. Mas Antônio faz questão de utilizar apenas componentes genuínos Ford nas manutenções.
Ele fala que a manutenção sempre foi tranquila. Não nota diferença de orçamento e de preços depois da saída de linha do carro. Os consertos que já precisaram ser feitos se limitaram à troca dos amortecedores traseiros com 16 mil km, mas coberto pela garantia. Também foram trocados atuadores do ar-condicionados, que estavam fazendo bastante barulho no interior, além do encosto de lombar do motorista, que cedeu.
E depois de 5 anos com a garantia expirada, teve que trocar o eletroventilador que ganhou uma folga e começou a vibrar. Mas o serviço completo, com peças e tudo mais, custou apenas R$ 350. Mais um fato interessante é que, segundo ele, o carro compartilha muitos componentes com o Ka , e que, por isso, fica bem servido com a oferta de componentes no mercado de autopeças.
A única ressalva que ele fez, foi que teve uma vez que ele precisou de acabamentos internos do carro, que o levou às concessionárias para procurá-los. Mas encontrou bastante dificuldade para encontrar.
Ainda assim, comenta que está extremamente satisfeito com o carro, e até estuda a troca por outro modelo. Mas acredita que não compensa vendê-lo e comprar outro, pois todos estão muito caros e poucos conseguem manter o nível de acabamento e de outros atributos que Antônio preza tanto. Segundo ele, o carro subiu de preço em uns 18 pontos percentuais nos últimos tempos, depois de alguns anos estagnado em valor de mercado.
O que podemos concluir disso tudo é que um ano fora do mercado não foi o bastante para comprometer a situação dos donos de Ford nacionais . Talvez isso continue não acontecendo dentro dos próximos 4 a 5 anos, quando termina a obrigatoriedade legal de produção de peças para reposição.
O que fica mesmo é a saudade de quando havia mais opções no mercado dos compactos e populares. Os Ford Ka e EcoSport tinham dirigibilidade bem equilibrada, mecânica eficiente, e podiam vir bem equipados.