O mercado de veículos de luxo não sofre tanto abalo das crises econômicas que o país enfrenta, muitos desses veículos, por conta do alto valor acabam sendo blindados para proporcionar mais segurança aos seus passageiros. Segundo a Abrablin (Associação Brasileira de Blindagem), entre 2021 e 2022 a blindagem de veículos no país bateu recorde, passando de 20.024 para 25.916 unidades.
Conversamos com Marcelo Fonseca , líder do segmento de defesa da DuPont para a América Latina para responder algumas questões sobre blindagem.
“Os veículos hoje são mais fortes que antigamente, mas não é comum carros populares sendo blindados, mas hoje em dia, vários sedans médios já são blindados, é muito difícil ver um carro de segmento de entrada ser blindado, mas não há restrição.”
“Quando se usava apenas aço na blindagem, ela era muito pesada. Hoje temos os materiais sintéticos à base de fibras como o Kevlar, e o peso foi bastante reduzido. Por exemplo, um sedan médio leva cerca de 180 kg de blindagem e aproximadamente 2/3 desse peso é só de vidro, e a parte opaca da blindagem, que fica atrás dos acabamentos, nesse caso seria de 60 kg.”
A cada ano que passa a venda de carros elétricos e híbridos aumenta, algumas marcas Premium já nem ofertam mais veículos a combustão no Brasil. Marcelo explica os cuidados que as blindadoras e os profissionais precisam ter ao realizar esse procedimento em um veículo eletrificado .
“Os veículos elétricos ou híbridos demandam mão de obra especial. O profissional que irá desmontar e montar novamente um carro elétrico durante o processo de blindagem deve ficar atento para desenergizar e energizar o carro novamente. Uma das vantagens de usar o Kevlar em blindagens é que ele serve até como isolante, aumentando a segurança de baterias, motores e cabos.”
Atualmente o nível de blindagem mais alto permitido para civis no Brasil é o III-A , que permite proteção contra armas pequenas como revólver , pistola e até submetralhadoras . Para quem precisa, até existe proteção contra armas maiores, mas o uso é restrito e depende de autorização especial do exército.
“Já temos tecnologia para blindagens mais robustas, para resistir armas como fuzis, por exemplo, mas teria que aumentar a quantidade de material em quatro, cinco vezes, e dependendo do projétil, os traçantes por exemplo, precisam ainda de muito mais material.”
Em um caso de blindagem de nível acima do III-A , segundo Marcelo Fonseca, o peso da parte opaca poderia ser seis vezes maior, o que comprometeria a performance do veículo por conta do peso e também o acabamento , já que demandaria muito mais material.
Na última semana, um tema que chamou atenção foi a denúncia de que blindadoras estavam sem trabalhar por conta de uma falha na interpretação do decreto presidencial que mudava a regulamentação armamentista no país.
Segundo o Presidente da Associação Brasileira de Blindagem , Marcelo Silva, o que houve foi uma má interpretação do novo decreto e que a blindagem de veículos está regularizada novamente.
Para Marcelo Fonseca, executivo da DuPont, esse problema ocorrido de janeiro não deverá causar impacto muito forte no segmento
“Acho que esse decreto não irá afetar tanto, pois foi corrigido a tempo. Os números desse ano devem ser bons, mas o crescimento não deve ser igual de 2021 para 2022, deve ser manter estável. O crescimento deve vir da blindagem de viaturas policiais.” Conclui Fonseca.