Fiat Uno Mille passou por diferentes reestilizações
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Fiat Uno Mille passou por diferentes reestilizações

O Fiat Uno é um dos carros mais emblemáticos da montadora italiana e, assim como outros modelos, o pequeno hatch inovou em alguns aspectos e ditou moda para a concorrência. Uma delas foi a volta do conceito de carro popular, um segmento que foi criado no início dos anos 1990. Tudo bem que o termo já havia sido usado no Brasil no começo de 1960, com o VW Fusca Pé de Boi, Renault Gordini Teimoso, DKW-Vemag Pracinha, o Simca Profissional e até mesmo o Ford Galaxie Pé de Camelo , que era simplificado pela ausência da direção hidráulica e outros detalhes.

No entanto, o termo voltou com pompa três décadas depois, após o Ministério da Fazenda criar uma nova alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos com motores de até 1.000 cilindradas , que reduzia a alíquota para 20% enquanto que, para os veículos com cilindrada maior, permaneceria em 32%.

A Fiat não marcou bobeira no ponto e tratou de aproveitar o a ntigo motor Fiasa do pequeno 147, um pequeno quatro cilindros de 1048,8 cm³, e adaptou-o ao seu sucessor, o Uno. A única peça nova para o propulsor foi o virabrequim de nova dimensão, modificação que reduziu o curso dos pistões em 3 mm (57,8 para 54,8 mm), o que fez a cilindrada ser reduzida para 994,4 cm³. Passou de ano por pouco.

Assim, em 1990, veio o Uno “Mille” (“mil”, em italiano), em referência ao motor 1.0. As primeiras unidades tinham apenas 48 cv e 7,4 kgfm e eram desprovidas de encosto de cabeça dianteiro e espelho retrovisor do lado direito. No ano seguinte, viria o Mille Brio com carburador de corpo duplo, mudança que aumentou o rendimento para 56 cv e 8,2 kgfm na opção a etanol. 

Com o advento da ignição eletrônica, veio a versão Electronic , em 1992, que substituiu o ultrapassado platinado. As coisas estavam evoluindo para o tão espartano carrinho. Foi nesse mesmo ano que chegou a opção de quatro portas. 

A injeção eletrônica viria em 1994 junto com a frente reestilizada. Batizado de Mille ELX , foi o primeiro carro popular a ganhar itens de conforto e conveniência até então não oferecidos entre os 1.0, tais como vidros elétricos nas portas dianteiras e até ar-condicionado. Para o próximo ano, chegou a injeção eletrônica para toda a linha. Assim, o Mille Electronic passava a se chamar Mille i.e ., enquanto o Mille ELX dava lugar ao Mille EP (Extra Power ), nome que chamava atenção para o ganho de força, passando para 58 cv e 8,2 kgfm. 

A maior mudança mecânica na linha talvez seja a partir de 2005, ano em que surgiu o Mille Fire 1.0 Flex, o primeiro que pode ser abastecido com gasolina, etanol ou a mistura dos dois. Dotado de injeção multiponto de combustível, o motor 1.0 saltava para respeitados 66/65 cv e 9,2/9,1 kgfm. O kit Way veio logo em seguida e se diferenciava pela suspensão elevada em 4,4 cm, além de molduras nos para-lamas que remetiam a um “crossover”. 

Com a sua trajetória prestes a terminar, em 2007, ainda houve a oferta do Pacote Celebration , opcional que contava com um item inédito na gama: a tão esperada direção hidráulica. Em 2008, surgiu o Mille mais econômico de todos: o Economy , variante que tinha quinta marcha mais longa, pneus de baixa resistência à rolagem e econômetro. Em 2013, chegou o fim da linha do Mille, que recebeu a valorizada edição Grazie Mille, limitada a dois mil unidades.

Espaço Interno, desempenho e consumo

O conforto é conveniado ao excelente espaço interno, graças às suas linhas bem angulosas - um projeto de autoria de Giorgetto Giugiaro – muito bem distribuídas nos seus 3,69 m de comprimento, o que torna qualquer baliza em vagas mais apertada uma tarefa mais doce, sobretudo nos modelos com direção hidráulica. Já a largura de apenas 1,54m dá folga apenas para dois passageiros dianteiros ou traseiros viajarem com suficiente conforto e, por fim, a altura de 1,44 m possibilita que pessoas de estatura alta (até 1,80 metro) fiquem confortavelmente alojadas.

O melhor desempenho é notado com mais nos modelos fabricados a partir de 2005, ano em que estreou a tecnologia bicombustível. Com ela, ajudada pelo sistema de injeção eletrônica multiponto de combustível, o motor 1.0 saltava para respeitosos 66 cv de potência e 9,2 kgfm de torque, se abastecido com etanol. 

Com gasolina, os números caiam ligeiramente para 65 cv e 9,1 kgfm. Nessa mesma versão, a aceleração de zero a 100 km/h é feita em 14,2 segundos, o que não é nada mal para um carro com propostas menos exigentes. A velocidade máxima declarada é de mais do que suficientes 156 km/h. Para a ideia de um popular, ele vai te atender muito bem, principalmente se for um carro de rodízio e que você o use sem abarrotá-lo de bagagens, dado que o seu porta-malas tem apenas 290 litros. Nada que rebater o banco traseiro não resolva.


Pontos que merecem a atenção

Como na vida nem tudo são flores, o Fiat Uno Mille também compartilha essa filosofia. E a mais preocupante é, sem dúvida, o seguro. Como é um modelo fabricado em enorme quantidade, o comércio alternativo de peças é abastecido com peças oriundas de carros furtados ou roubados, o que obriga o dono a recorrer ao seguro completo ou contratar um plano de rastreamento veicular. As apólices costumam ter valores desproporcionais ao valor do hatch.

Outro ponto bastante criticado são os ruídos oriundos das forrações de portas, bancos e painéis, às vezes de simples solução com o reaperto dos parafusos e o uso de feltro adesivo nas partes que geram barulho. O tampão traseiro (ou bagagito) , por exemplo, com o tempo costuma envergar por conta da ação do sol, podendo até trincar, o que causa bastante barulho. As dobradiças e travas do encosto do banco traseiro também costumam ser fonte dos indesejados rangidos. 

Ainda falando de barulhos, a suspensão traseira costuma ser alvo de reclamações também. Chegue todos os componentes, tais como buchas e bandeja. A recomendação é trocar a bandeja completa cujo valor para os modelos da primeira geração (1984-2013) você vai pagar em torno de R$ 420 (marca Nakata) o par, de acordo com as nossas pesquisas em sites e lojas especializadas.

 Melhores e piores versões para comprar

O hatch compacto teve opções carburadas (Mille e Mille ELX), injetadas monoponto (EP, SX, EX e Smart) e injetadas multiponto (a partir da versão Fire, que substituiu o antigo motor Fiasa) e flexíveis (Fire de 66/65 cv).

A dica é pegar modelos a partir dessas variantes com motores flex, lançados, inicialmente, em 2005. No caso delas, as opções de compra são mais vastas e você pode equipar por carros mais completos, tais como os equipados com o kit Celebration, que foi oferecido a partir de 2007, e composto por ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros e travas elétricos, limpador e desembaçador traseiro, entre outros pormenores. 

A partir das linhas 2008 e  2009, você pode pagar mais de R$ 20 mil , mas terá acesso às versões Economy, que oferecem até 10% a mais de economia de combustível do que os carros anteriores . Segundo dados técnicos de época, são 8,8 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada com etanol e 12,4 km/l na cidade e 14,6 km/l na estrada com gasolina.

Dirigibilidade e preços

O Uno é um daqueles carros que você compra sem medo. A sua direção é suficientemente firme e precisa, sobretudo nas versões equipadas com a assistência hidráulica . A espuma bem desenhada e de densidade mais dos estofados propiciam um conforto superior ao dos concorrentes. Na verdade, somente os vacilantes freios podem causar estranhamento. Porém, não é para dirigi-lo como se houvesse uma escada no teto.

Com um orçamento de até R$ 20 mil, você pode levar para a casa as versões fabricadas até 2009. Após isso, você pode juntar mais uns R$ 5 mil e R$ 8 mil e levar a mais as versões mais equipadas com o kit Celebration, no caso o Mille e o Mille Way, respectivamente. Aliás, o último modelo é a saída mais honesta para as castigadas ruas de terra e de desnível acentuado. Se é o caso das ruas onde você costuma trafegar, não pense duas vezes nesta escolha. Boa compra!


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