Os modelos da segunda geração trazem melhor aproveitamento de espaço interno
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Os modelos da segunda geração trazem melhor aproveitamento de espaço interno

Lançado pela Ford do Brasil em 1997, o Ford Ka tinha a missão de ser o modelo de entrada na linha, vinha abaixo do Fiesta , com o qual dividia conjunto mecânico e plataforma. Foi oferecido inicialmente com duas versões: a básica com motor Endura-E 1.0 de 53,5 cv e a CLX, equipada somente com propulsor de Endura-E 1.3 de 58 cv.

Ambas dispunham de para-choques pretos, sem pintura, e tinham acabamento razoável, mas somente a CLX trazia o elegante relógio analógico. Mas na lista de opcionais, esta surpreendia pela inovação à época trazendo travas e vidros elétricos, direção hidráulica, ar-condicionado, CD player e até airbag duplo, algo impensável para os modelos de entrada, mas já no ano seguinte esse recurso de segurança de ser ofertado. Já a 1.0 trazia apenas o básico, tais como cintos de segurança de três pontos para os quatro passageiros (retráteis para os dianteiros) e banco traseiro bipartido.

Em 1999, a unidade 1.0 antiga (que vinha sendo importada da Espanha junto a 1.3) dava lugar ao nacional Zetec RoCam (abreviação de rolling camshaft ou balancim roletado) 1.0 de 65 cv, um novo quatro cilindros que dava mais força e potência ao modelo, além de um menor atrito no comando de válvulas, garantindo mais suavidade de funcionamento.

Junto a 1.0 que ganhou a nomenclatura GL, estreava a versão mais recheada Image com para-choques pintados na cor da carroceria. Na lista de itens de série, vinha direção hidráulica, vidros e travas elétricos e relógio analógico. Em 2000, surgia a série especial Tecno, baseada na GL 1.0, limitada a 800 unidades e vendida apenas na cor prata. Ela vinha com para-choques em tom mais escuro, rodas de liga leve de aro 13, painel de instrumentos com fundo branco e sistema de som integrado compatível com MP3.

Nesta trajetória, a Ford não deixou também de ofertar uma versão voltada para os jovens: a esportiva XR, que se diferenciava por usar propulsor 1.6 de 95 cv, lançada em 2001. Rodas de alumínio de aro 14, spoilers laterais, coluna B com adesivo preto e aerofólio davam mais agressividade ao carro. Entre os itens de série, destaque para o conta-giros que, pela primeira vez, era ofertado no modelo. Junto a esta surgia a série especial Black, tiragem limitada a 1.000 unidades que vinha com os mesmos itens da XR, mais bancos, portas, volante e manopla de câmbio revestidos de couro e detalhes internos em cromo. Além da opção com motor 1.0 litro de 65 cv, havia também a 1.6 de 95 cv.

A primeira reestilização do compacto só viria em 2002. Foi uma mudança polêmica, pois trouxe lanternas verticais que não integravam bem ao para-choque traseiro, A própria tampa mudou e recebeu o nicho para a placa. Na frente, as mudanças foram mais sutis, incorporando apenas novo para-choque e grade maior.

No ano seguinte, viria a Action, configuração que era equipada apenas com motor 1.6 e acabamento básico da 1.0. Esteticamente ele se diferenciava das outras versões pelas calotas exclusivas aro 14 e padronagem de tecidos diferente. Para barateá-lo, itens como direção hidráulica e ar-condicionado eram opcionais. A One surgia logo depois como o modelo de entrada da linha.

Para 2005, era a vez de estrear no mercado as séries especiais Camaleão, (1.0 ou 1.6), que foram inspiradas no bloco de carnaval baiano de Salvador  de mesmo nome, e a MP3 (1.0 ou 1.6) cuja principal novidade era o novo sistema de som com CD player com MP3.

Segunda geração

A segunda geração viria em 2008, mas ainda mantinha a mesma base e portas do modelo antigo. A grande vantagem é que agora possibilita a acomodação de cinco passageiros.

Na motorização, ganhava a tecnologia flexível nas opções 1.0 (72,7/69,3 cv) e 1.6 (110/102 cv). Nesta “safra”, a principal novidade ficou por conta do ressurgimento da série especial Tecno, opção que apresentava o aparelho de áudio My Connection, feita em conjunto com a empresa de tecnologia Visteon, e que integrava celulares, pendrives e tocadores portáteis de música (iPod e similares) via Bluetooth.

Já na linha 2012, veio a esportiva Sport 1.6 que contava com faixas decorativas e a inscrição Sport nas portas. Além disso, vinha de série com rodas de liga leve aro 15 e kit aerodinâmico com spoilers dianteiro e traseiro, saias laterais, aerofólio na tampa do porta-malas e bancos com revestimentos exclusivos.

Espaço interno, desempenho e consumo

Se você é jovem, solteiro, está em busca do primeiro carro e não tem filhos, os modelos da primeira geração poderão te satisfazer. Eles foram homologados para comportar apenas quatro pessoas, mas esqueça o espaço interno na parte traseira. Com diminutos 3,62 m de comprimento, 1,36 m de altura, 1,63 m de largura e 2,44 m de entre-eixos, até pessoas de estatura baixa ficam apertadas. À frente, motoristas com até 1,70 m ainda podem viajar com certo conforto, lembrando que por ser um modelo popular, não traz regulagem de altura do banco nem como opcional.

Falando em desempenho, dê preferência aos carros equipados com motor 1.0 Zetec Rocam. São 65 cv de potência e 8,9 kgfm de torque, números que fazem com que  ele acelere de zero a 100 km/h em 15,5 segundos e alcance velocidade final de 155 km/h.

Quanto ao consumo, as médias são 9,2 km/l na cidade e 15 km/l na estrada. Já o primeiro Ka equipado com o motor 1.0 Endura-E rende 53,5 cv e 7,86 kgfm, rendimento contido que o limita a cumprir a prova de zero a 100 km/h em longos 19 s, além de alcançar velocidade final de somente 142 km/h. Em contrapartida, essa unidade traz um consumo invejável de 12,7 km/l no ciclo urbano e 16,8 km/l no  rodoviário.

Com pouco de sorte, você pode achar as raras versões XR e Black 1.6 de 95 cv e  14,2 kgfm. É um “foguetinho de bolso”! De zero a 100 km/h são gastos apenas 10,8 s e a velocidade máxima é de 186 km/h. O consumo é digno de motor com menor cilindrada: 10,5 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada, lembrando que todos eles bebem apenas gasolina.

As versões flex apareceram a partir da segunda geração, lançada em 2008.  No caso do 1.0, são 72,7/69,3 cv de potência e torque de 9,3/8,9 kgfm (etanol/gasolina), suficientes para chegar a 160 km/h, 5 km/h a mais que o motor a gasolina.

 Por fim, a 1.6 flexível rende 110/102 cv de potência e torque de 15,8/15 kgfm fazendo de zero a 100 km/h em 11,5 s e atingindo a máxima de 178 km/h. Quanto ao consumo, são 7 km/l na cidade e 9 km/l na estrada (etanol) e 9,1 km/l na cidade e 13 km/l na estrada (gasolina).

A vantagem desta “safra” está no espaço interno. Ligeiramente melhorado, ele foi homologado para comportar até cinco ocupantes.  São 3,83 m de comprimento (21 cm a mais do modelo anterior), 1,64 m de largura, 1,42 m de altura (6 cm a mais) e 2,45 m de entre-eixos. 

Pontos que merecem a atenção

Quanto ao acabamento, há relatos de rangidos vindos do painel e portas. Neste último item, as presilhas são frágeis e se soltam com facilidade, o que descola o forro de tecido, principalmente nas primeiras unidades. Para isso, a solução é substituir por outras presilhas mais resistentes. Procure também por riscos na porção metálica das portas, que não são revestidas integralmente. 

Apesar de parecerem detalhes, tais cuidados dão fortes indícios do nível de cuidado que o antigo dono teve. Não se esqueça de verificar também manchas nos bancos e teto.

Em relação aos para-choques, a grande vantagem é que eles são divididos em três seções, de modo que acaba ficando mais fácil e barato o reparo , já que não é necessário trocar a peça inteira. Até 2007, algumas unidades vinham com o acessório sem pintura e, por isso, não é difícil apresentar manchas esbranquiçadas, seja pela ação do sol ou mesmo pela utilização de alguns tipos de produtos químicos. Para corrigir isso, há no mercado alguns produtos que prometem devolver a aparência original e não custam tão caro.

Aproveite também para conferir o alinhamento das três partes que compõem os para-choques, pois qualquer batidinha leve, pode deixar folgas entre a peça de plástico e a carroceria. Outra dica importante é desconfiar de unidades com o para-choque pintado que não seja original de fábrica, no caso dos modelos fabricados até 2007, exceto os mais completos como, por exemplo, o Image e o raro XR que já são pintados de fábrica. Às vezes, estas unidades mais básicas podem ter sofrido alguma avaria e como forma de mascarar acabam pintando os para-choques. No caso das unidades com eles pintados de fábrica, verifique a tonalidade sobre a luz do sol. Se apresentar diferença, há grandes chances de que o carro já tenha sofrido alguma batida ou raspão.

Na parte mecânica, verifique o conjunto da suspensão, passando por ruas de paralelepípedo. Se apresentar ruídos, pode ser de buchas e coxins desgastados. Um problema que aparece com frequência nestes modelos.

Por fim, um item que muita gente acaba esquecendo é o estepe . Preso sob o assoalho, é suscetível a roubo e muita gente só sente falta do item na hora de trocar um pneu. Por isso, verifique com atenção, e não se esqueça de olhar o jogo de ferramentas e o triângulo de segurança.

Melhores e piores versões para comprar

O pequeno da Ford tem vários atributos que enchem os donos de orgulho, tais como o desempenho e a economia no consumo de combustível.  Tanto os modelos equipados com o motor Endura-E ou o Zetec RoCam têm esta vantagem, mas segundo mecânicos consultados, a segunda opção ainda é a mais elogiada pela sua robustez.

Porém, se a decisão tender para a primeira, seja pelo orçamento apertado ou mesmo pela conservação impecável do modelo, não custa fazer uma verificação completa da válvula IAC (idle air control) - peça que regula a marcha lenta e que costuma apresentar defeitos. Para verificar o correto funcionamento, basta dar a partida e, se o carro morrer logo ou mais de uma vez, é sinal de que será necessário substituí-la.  Leve um mecânico de sua confiança para a checagem de itens como suspensão, caixa de direção - que geralmente dá problema nestes modelos fabricados entre 1997 e 1998.

Se por um lado o Endura-E desagrada na questão da robustez, no consumo urbano, por exemplo, ele vence do Zetec RoCam , chegando a fazer em média 13,30 km/l contra 11,22 km/l, nesta mesma ordem. Caso a unidade que você estiver de olho for dos anos 1999 ou 2000, fique de olho no motor, pois ele pode ser o Endura-E ou o Zetec RoCam, dado que ambos chegaram a ser produzidos simultaneamente. Para descobrir, só mesmo abrindo o capô e verificando a descrição que vem no motor.

Dirigibilidade e preços

Partindo das opções 1.0, dê preferência à versão GL, oferecida a partir de 2000, que já conta com a oferta da confortável e direta direção hidráulica que, em conjunto com o câmbio manual de cinco marchas e engates diretos e macios, vão proporcionar mais prazer ao dirigir, especialmente pelos apertados centros urbanos.

Em nossas pesquisas em sites de classificados, é possível comprar uma unidade com estas configurações com preços a partir de R$ 9.500 . Com um pouco mais de R$ 10 mil, em média, você poderá optar pelas 1.0 da segunda geração, uma boa escolha que traz mais espaço interno para passageiros e maior volume do porta-malas: são 263 litros contra 186 litros da primeira geração.

Se a intenção é ter mais agilidade, o competente 1.6 flexível é a melhor escolha, pois, além de oferecer melhor desempenho, ainda possibilita optar pelo combustível mais conveniente. Além do mais, as versões flexíveis são mais fáceis de vender e têm melhor valorização. Em nossa apuração em diversos sites de classificados, encontramos boas ofertas com unidades em boas condições e bem equipadas com direção hidráulica, vidros e travas elétricas e ar-condicionado, quase todas com valores que começam em R$ 18 mil . Se você se animou, vá em frente e boa escolha na sua nova aquisição! 


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