A promoção servirá mais para limpar estoques do que aumentar a produção
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A promoção servirá mais para limpar estoques do que aumentar a produção

A Medida Provisória 1.175/2023 decreta R$ 500 milhões em isenção de impostos para veículos leves de até R$ 120 mil . Apesar do plano não trazer de volta os carros de fato populares da mesma maneira que ocorreu nos anos 90, ele deve aumentar as vendas no período vigente.


A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) queria um plano mais longo , para aumentar a produção de veículos e consequentemente aumentar a quantidade de empregos em toda a indústria, mas não foi o caso.

As próprias fabricantes esperam que a mudança dure apenas um mês , já que algumas exibem os preços promocionais com a indicação que eles valem somente até o fim de junho.

De acordo com o consultor Paulo Roberto Garbossa, as medidas não devem ter um impacto positivo na indústria . Essa era a ideia inicial da Anfavea, estimular a indústria, mas é provável que o projeto cause apenas um impacto momentâneo: 

“A ideia da Anfavea é que o plano teria duração de um ano, aí sim você poderia aumentar a produção e criar novos empregos. Como o projeto é mais voltado para veículos de carga e ônibus, em um mês, mais ou menos, retoma os valores normais. Vai alavancar as vendas de maio, que ficaram represadas, mas logo volta ao número normal”, projeta Garbossa.

“Segundo a Anfavea esses preços baixos durarão questão de semanas. As montadoras estão com muito estoque, já que fizeram produção antecipada pensando em um plano maior. Já tem montadora prevendo layoff e férias coletivas", completa.

Segundo a Fenabrave, o mês de maio registrou 166.361 emplacamentos de automóveis e comerciais leves . Um aumento em comparação com o mês de abril, mas uma queda de 8.561 unidades em relação a maio de de 2022.

Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, projeta um mês de junho otimista, superando as 165.470 unidades emplacadas em junho do ano passado: “As montadoras já têm os novos preços. Deve acontecer uma recuperação das 15 mil unidades perdidas no mês passado. Junho está seguindo no ritmo previsto, e deve terminar com cerca de 186, ou 190 mil unidades vendidas”, estima o consultor.

Apesar do texto da MP 1.175/23 priorizar os caminhões, não irá, necessariamente, causar um impacto muito grande na mudança da frota brasileira , afinal, o mercado ainda possui juros muito elevados, e os proprietários dos caminhões mais velhos, não irão conseguir crédito.

“Aí é que tá o problema. Para comprar dentro do plano, você precisa sucatear um modelo com mais de 20 anos. As grandes transportadoras que possuem dinheiro para comprar modelos novos, teriam que comprar os usados para fazer a troca. Só o tempo vai dizer como os mercados vão se comportar”, conclui Garbossa.

São situações bem diferentes das vivenciadas no último abatimento histórico de impostos. Implementado em 1990, o programa de carros populares incluiu a diminuição da taxação de modelos com motor de até 1 litro , o que criou o fenômeno dos automóveis 1.0 e impulsionou o mercado. Passados mais de 30 anos, o Brasil ainda investe em carros com esse tipo de propulsor, uma mudança que está longe de ser apenas uma promoção.

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