Os restos de rico parecem opções muito atrativas no mercado de seminovos. Ao preço de um carro zero km, é possível encontrar unidades de modelos de luxo com uma quilometragem mais elevada. Mas será que os restinhos de rico valem a pena? A Mobiauto tentou responder essa pergunta.
A pesquisa da Mobiauto reuniu 104 modelos usados e seminovos com preços entre R$ 50 mil e R$ 100 mil e ano-modelo variando entre 2003 e 2017.
Segundo o estudo, os "restos de rico" apresentaram depreciação média de 4,06%. “Imagine que você adquire um SUV de R$ 80 mil, como um BMW X3. E ele perde cerca de R$ 4 mil em um ano. É um valor bem aceitável”, afirma Sant Clair de Castro Jr, economista e CEO da Mobiauto .
Há modelos que se valorizaram no mercado. O Volkswagen Golf Variant 2016 aumentou seu preço em 6,99%. Surpreendendo, modelos como Land Rover Freelander 2011, BMW X5 2006 e X3 2006 valorizaram 5,98%, 5,77% e 5,69%, respectivamente.
Na contra-mão, a Land Rover também é campeã na desvalorização. O Discovery 3 2008 perdeu 17,56% de setembro de 2022 para setembro de 2023 e custa, em média, R$ 65.862.
Mas será que a compra de um "resto de rico" vale a pena? Saint Clair ressalta a necessidade de um cuidado elevado para comprar esses veículos:
“Se eu tiver que responder pragmaticamente, direi: são negócios que demandam muita pesquisa e atenções adicionais. Mas podem se tornar ótimas compras”, afirma o consultor da Mobiauto.
O principal cuidado para se tomar ao comprar um "resto de rico" é o custo das peças de manutenção. Por serem importados, os componentes mecânicos originais são cotados em moedas estrangeiras, o que, somado aos impostos, encarece os valores.
Por isso, é recomendado tomar cuidado com o histórico de manutenção da unidade e também procurar oficinas especializadas nesses veículos.
“Um carro com 100 mil km rodados já exige uma revisão preventiva que, no caso de modelos high end como esses, pode passar de R$ 5 mil. Isso se não houver um componente mais caro para ser substituído”, alerta o consultor.
Sant Clair ainda mostra um exemplo prático:
“Por isso mencionei que demandam atenção extra. Você gasta R$ 80 mil no carro e, na sequência, mais R$ 7 mil ou R$ 8 mil de manutenção. Esse valor não será recuperado numa futura venda. Mas não se pode desprezar o fato de que o produto em si é superior a qualquer veículo nacional da mesma faixa de preços”, argumenta. E lembra que, mais do que em qualquer outro segmento, a compra de um "resto de rico" precisa ser acompanhada por um mecânico de confiança a fim de evitar sustos maiores na hora de fazer a manutenção.
Em alguns casos, em que o comprador possui o conhecimento necessário, esses carros podem ser bons negócios, já que oferecem muito mais conforto que os automóveis 0 km de preço equivalente.
Outro argumento para comprar esses modelos é a potência mais elevada. Geralmente, veículos de um segmento mais superior possuem motores maiores e com mais cavalaria, o que beneficia quem procura uma tocada mais esportiva.