Bruxelas , considerada a capital da União Europeia , reafirmou suas intenções de impor restrições a motores de combustão ao bloco a partir de 2035 . De acordo com o portal Financial Times , a UE não pretende reverter sua decisão de proibir a venda de novos veículos movidos por combustíveis fósseis.
Essa legislação, que foi anunciada em 2021, enfrentou críticas das montadoras europeias. Elas lidam com uma queda nas vendas de veículos elétricos e uma concorrência crescente de fabricantes chineses. Este ano, todas as grandes montadoras europeias, exceto a Renault, emitiram preocupações sobre seus lucros.
Pressões sobre a indústria automotiva
A Volkswagen, a maior empregadora do setor privado na Alemanha, está considerando fechar fábricas pela primeira vez em sua história de 87 anos. Além disso, a associação da indústria, Acea, alertou que o setor poderá enfrentar multas significativas com a implementação de regras mais rígidas no próximo ano. Essas regras têm como objetivo reduzir as emissões totais de carros na Europa em 15% em relação a 2021.
Diversos países, como a Itália, solicitaram à Comissão Europeia que adie a proibição. A França busca maior "flexibilidade" na aplicação das regras, enquanto o governo da Alemanha defende a continuidade dos motores a combustão para veículos que utilizem combustíveis alternativos.
Adolfo Urso, ministro da Indústria da Itália, expressou preocupações sobre a proibição de 2035, alertando para uma possível "crise" na fabricação de automóveis na Europa.
Visão dos líderes europeus
O comissário europeu de clima, Wopke Hoekstra, sustentou que as novas regras criam "previsibilidade para investidores e fabricantes". Ele argumentou que essas medidas são essenciais para que o bloco atinja suas metas de redução de emissões de CO₂ e para fortalecer a competitividade da indústria automotiva na União Europeia.
Julia Poliscanova, diretora sênior do grupo de ONGs Transport & Environment, destacou que não haveria incentivos para construir fábricas de baterias se a proibição fosse adiada. Ela sugeriu que as montadoras deveriam focar em maneiras de ajudar a construir uma indústria competitiva de veículos elétricos.
Leonore Gewessler, ministra do Clima e Energia da Áustria, afirmou que "o futuro da indústria automotiva é elétrico". Ela enfatizou que a Europa não pode ficar para trás nessa tecnologia, comparando a situação atual com a perda de relevância em relação a smartphones.
A pressão por mais flexibilidade nas regras ocorre em meio a preocupações sobre a implementação da ambiciosa legislação do Green Deal, que visa reduzir as emissões do bloco em 55% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
Recentemente, Bruxelas anunciou a intenção de adiar sua polêmica lei sobre desmatamento por um ano, em resposta à pressão de parceiros comerciais e governos da UE. Um diplomata sênior da UE declarou que o bloco precisa ter "discussões honestas" sobre a capacidade dos países em atingir as metas de 2030.
A proibição dos motores a combustão ainda deve dar o que falar nas audiências no Parlamento Europeu antes que a nova equipe de comissários assuma seus cargos.