Emmanuel Macron visitou o Salão do Automóvel e comentou sobre o mercado automotivo
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Emmanuel Macron visitou o Salão do Automóvel e comentou sobre o mercado automotivo


O Salão do Automóvel de Paris , que encerra no próximo domingo, tenta recuperar o prestígio dos anos anteriores. O evento foi interrompido em 2020 pela pandemia de Covid-19 , retornando em 2022 com a participação de poucas marcas europeias. A edição de 2024 conta com um número significativo de montadoras chinesas , que ampliaram sua presença com o aumento da produção de veículos elétricos .

A primeira edição do Salão de Paris ocorreu em 1898 , quando o evento marcou o início da história do automóvel na Europa. O continente, que hoje possui uma frota de 260 milhões de veículos, enfrenta a concorrência crescente da indústria automobilística chinesa. A China passou da produção de veículos a combustão para dominar o mercado de carros elétricos, após o lançamento de seus primeiros ônibus elétricos em 2012.

Desafios enfrentados pela indústria europeia

Dois fatores contribuíram para o crescimento da indústria de veículos elétricos na China: subsídios financeiros e a construção de uma vasta rede de recarga, que conta hoje com 15 milhões de estações. A necessidade de reduzir a poluição também impulsionou o uso de veículos eletrificados, resultando na criação de uma frota de 25 milhões de veículos elétricos no país. Os índices de poluição das grandes metrópoles chinesas foram significativamente reduzidos.

No Salão de Paris de 2024, centenas de modelos chineses são expostos, destacando a imposição tecnológica e de design. O evento revela que as marcas europeias estão sob pressão, com a presença de fabricantes como a BYD, que apresenta modelos como o Sea Lion, Dolphin e Seal.

Na abertura do evento, em 13 de outubro, o presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou os veículos elétricos franceses, como o Renault Embleme. Esse modelo, um SUV de luxo, combina um motor elétrico com um gerador de hidrogênio, oferecendo mais de 1000 quilômetros de autonomia.

Macron critica subsídios chineses

Durante sua visita ao salão, Macron expressou preocupações sobre a crescente presença das marcas chinesas no mercado europeu. Ele destacou a necessidade de uma competição justa, argumentando que os subsídios governamentais chineses estão criando uma disputa desequilibrada. O presidente pediu ao Parlamento Europeu que imponha tarifas de importação mais altas para nivelar o mercado.

Macron também pediu que as montadoras europeias se unam para desenvolver veículos elétricos competitivos, comparáveis aos modelos chineses de baixo custo. O presidente enfatizou que os carros elétricos chineses custam menos do que os modelos de entrada produzidos na Europa, o que dificulta a competitividade das marcas locais.

A Volkswagen, por exemplo, tem enfrentado dificuldades no mercado chinês, perdendo terreno para as montadoras locais. A marca alemã também enfrenta pressões internas de sindicatos que se opõem à eletrificação, temendo o impacto no emprego.

A Stellantis, no entanto, já encontrou uma solução para a competitividade no mercado de veículos elétricos. A empresa firmou uma parceria com a Leap Motor, uma marca chinesa, para vender modelos como o TO3 na Europa. Esse veículo, que custa cerca de 18 mil euros, deve estar disponível em mais de 500 concessionárias europeias até o final de 2025.

** Jornalista formado pela PUC-SP, atuando como repórter do IG Carros. Já atuou também nas editorias de esportes e ESG.

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