A Apple e a BYD trabalharam juntas por quatro anos no desenvolvimento de baterias avançadas . A informação foi revelada por fontes ligadas à agência Bloomberg , expondo uma colaboração até então desconhecida.
A parceria, que se estendeu de 2017 a 2021, focava na criação de baterias de fosfato de ferro e lítio com alta segurança, durabilidade e eficiência energética. O objetivo principal era viabilizar o especulado AppleCar, um projeto ambicioso da gigante de tecnologia americana.
Detalhes da colaboração
Durante o período de cooperação, a Apple compartilhou seus conhecimentos sobre pacotes avançados de baterias e gestão de calor, questões importantes para o desenvolvimento de veículos elétricos. Por sua vez, a BYD contribuiu com sua expertise no uso de matérias-primas e fabricação de baterias, áreas em que a empresa chinesa é reconhecida como líder global.
O projeto teve início quando a Apple buscava tecnologias inovadoras para seu veículo elétrico. Nesse contexto, executivos da BYD apresentaram as primeiras versões da bateria Blade aos americanos. O produto aparentemente agradou à equipe da Apple, que viu potencial para personalização e adequação aos padrões exigentes da empresa.
A colaboração visava personalizar o produto para atender aos ideais do projeto da Apple, que buscava a eficiência energética como característica principal de seu futuro veículo. Esta parceria representava uma fusão única entre o know-how tecnológico da Apple e a experiência automotiva da BYD.
O veículo da Apple, conhecido internamente como projeto Titan, teve início em 2014, muito antes da colaboração com a BYD. Estimativas da indústria apontam para um investimento de 10 bilhões de dólares na tentativa de viabilizar o projeto.
Inicialmente, a visão da Apple era desenvolver um modelo elétrico e totalmente autônomo. O conceito incluía uma cabine semelhante a uma limusine, com funcionamento principalmente através de comandos de voz.
Conforme o projeto evoluiu e enfrentou desafios, a Apple considerou uma abordagem mais conservadora. A empresa passou a contemplar um veículo "mais simples", equipado com pedais e volante, abandonando a ideia de direção totalmente autônoma.
Apesar dos esforços e ajustes, o projeto enfrentou uma série de problemas. O lançamento, originalmente previsto para meados da década de 2020, foi adiado para 2028. No entanto, em fevereiro de 2024, a Apple cancelou o projeto Titan.
Assim, os cerca de 2.000 funcionários envolvidos no desenvolvimento do AppleCar foram demitidos ou realocados para a área de inteligência artificial, um setor que tem recebido atenção especial da Apple recentemente.
Desdobramentos e controvérsias
Em 2021, mesmo antes do cancelamento oficial do projeto, a Apple já havia começado a reavaliar sua estratégia. A empresa deixou o projeto conjunto com a BYD em segundo plano e buscou outras parcerias no setor automotivo, como a Hyundai.
A revelação da parceria entre Apple e BYD levantou questões sobre o impacto dessa colaboração no desenvolvimento das baterias Blade, atualmente utilizadas pela BYD. A Bloomberg sugeriu que essas baterias podem ter evoluído significativamente a partir do conhecimento adquirido com os engenheiros da Apple durante o período de colaboração.
No entanto, a BYD contestou a afirmação. Em resposta oficial, a empresa chinesa declarou que todos os direitos pelo desenvolvimento das baterias Blade são reservados exclusivamente à BYD. A companhia disse que seus engenheiros criaram e aprimoraram o sistema de forma totalmente independente, sem influência externa.