
A Polícia Federal (PF) apreendeu ao menos oito veículos de luxo durante a Operação Sem Desconto, deflagrada nesta terça-feira (23), contra um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
De acordo com apuração do Portal iG, a frota confiscada inclui automóveis e motocicletas de alto desempenho, avaliados, em conjunto, em quase R$ 15 milhões.
Apreensão de carros e motos
Entre os carros apreendidos, destacam-se:
- Rolls-Royce Spectre 2024, o primeiro modelo 100% elétrico da fabricante britânica, avaliado em cerca de R$ 6 milhões
- Ferrari 812 GTS 2023 com valor estimado em R$ 5,5 milhões
- Dois modelos da Porsche: um Taycan 2021, elétrico de alto desempenho, e um Cayenne S Coupé 2024
- um veículo da BMW, de modelo não especificado
No segmento de duas rodas, foram recolhidas três motocicletas de categoria premium:
- Suzuki Hayabusa 2023
- Triumph Tiger 1200 XCX 2020
- BMW S 1000 RR 2024, todas com características voltadas para alta performance.
As apreensões ocorreram durante o cumprimento de 211 mandados judiciais em 14 estados e no Distrito Federal. A maior parte delas foi realizada no Ceará, porém, algumas não foram detalhadas pela PF.
Investigação e bloqueio de bens e valores
Segundo a corporação, os veículos estão registrados em nome de investigados suspeitos de envolvimento em um esquema de cobrança irregular de mensalidades associativas diretamente nos benefícios previdenciários de milhões de aposentados e pensionistas.
De acordo com as autoridades, os automóveis e motocicletas de alto valor representam possível prática de lavagem de capitais, com aquisição de bens de luxo para dissimular recursos vindos da atividades ilícitas. A operação resultou no bloqueio de bens e valores que somam mais de R$ 1 bilhão.
A investigação teve início após auditoria da Controladoria-Geral da União( CGU), que identificou a realização de descontos não autorizados nos contracheques de segurados do INSS, entre 2019 e 2024. O total desviado pode superar R$ 6,3 bilhões, segundo o órgão.

Além das apreensões, seis servidores públicos foram afastados das funções que ocupavam. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também foi removido do cargo por decisão judicial, após indícios de omissão diante dos alertas sobre o crescimento das irregularidades.
Para a PF, o uso de veículos de luxo como forma de escoamento dos recursos ilícitos confirma o alto grau de sofisticação da organização investigada. As marcas envolvidas, com forte apelo simbólico, representam um padrão de consumo associado a rendimentos incompatíveis com a origem funcional e institucional de parte dos suspeitos.
O caso segue sob investigação. Os veículos apreendidos serão encaminhados para perícia e devem ser incorporados ao processo judicial como provas materiais de enriquecimento ilícito.