
Áreas que escapam à visão do condutor, conhecidas como pontos cegos, representam uma das principais causas de acidentes em vias urbanas e rodovias.
Segundo o soldado do Corpo de Bombeiros Higor Fraga, ao Portal iG, o ponto cego é "a área ao redor do veículo que o motorista não consegue visualizar diretamente, mesmo utilizando os espelhos retrovisores ou a visão periférica".
Veículos de grande porte, como caminhões, ônibus e utilitários esportivos, apresentam pontos cegos mais amplos.
"Todos os veículos possuem áreas de ponto cego, mas caminhões, ônibus e utilitários grandes (como SUVs) apresentam pontos cegos mais amplos, aumentando o risco de acidentes graves", afirmou Fraga.
Perigo no trânsito
O soldado explica que a dificuldade de visualização contribui de forma significativa para a ocorrência de acidentes no trânsito:
"O ponto cego pode provocar colisões laterais e atropelamentos, principalmente durante mudanças de faixa, conversões ou manobras, quando o motorista não enxerga outros veículos, ciclistas ou pedestres", pontuou.
Entre os cuidados essenciais para minimizar riscos, Fraga destaca a necessidade de "ajustar corretamente os espelhos retrovisores laterais e internos", realizar a "verificação de ombro" antes de mudar de faixa e manter atenção redobrada em áreas de trânsito intenso.

Como contornar o problema?
Técnicas específicas também podem ser aplicadas no dia a dia. Segundo o bombeiro, regular os espelhos laterais de modo que apenas uma pequena parte da traseira do próprio veículo fique visível, mover a cabeça para verificar ângulos mortos e utilizar o "método dos três espelhos" — alternância constante entre o retrovisor interno e os espelhos laterais — ampliam significativamente o campo de visão.
Fraga relatou um caso atendido que ilustra a gravidade do problema:
"Em um atendimento, um caminhão parou em um semáforo, logo atrás da faixa de pedestres. Um motociclista se aproximou pela lateral e parou a motocicleta sob a dianteira do caminhão, fora do campo de visão do motorista. Quando o sinal abriu, o caminhoneiro arrancou sem perceber a presença da moto, derrubando o veículo e passando parcialmente sobre ele, ferindo o condutor".

A tecnologia dos veículos modernos oferece recursos para mitigar os riscos dos pontos cegos. Equipamentos como sensores, câmeras 360°, câmeras de ré com ângulo ampliado, espelhos convexos auxiliares e sistemas de aviso de mudança de faixa (LDW – Lane Departure Warning) se tornam aliados importantes da segurança.
Além dos motoristas, a responsabilidade preventiva se estende a ciclistas e motociclistas. O Corpo de Bombeiros recomenda "evitar permanecer no ponto cego (principalmente nas laterais e traseira de caminhões e ônibus)", manter distância segura lateral e traseira, sinalizar todas as manobras com antecedência e evitar ultrapassagens pela direita, especialmente em corredores e cruzamentos.
Fraga lembra ainda a importância de "compreender as limitações de visibilidade dos condutores de veículos grandes e adotar comportamento preventivo no trânsito".