
Mary Barra, CEO da General Motors (GM), iniciou a carta aos acionistas divulgada na quinta-feira (1º) com um gesto raro: agradeceu publicamente ao ex-presidente Donald Trump pelo apoio à indústria automotiva nacional.
A mensagem, no entanto, não tardou a expor a tensão que atravessa o setor. A mesma política comercial que impulsiona investimentos também traz incertezas, com exposição tarifária estimada em até 5 bilhões (R$ 28,15 bilhões na cotação atual) à montadora.
A GM, maior fabricante de automóveis dos Estados Unidos, se encontra entre a valorização dos resultados recentes e o risco de uma virada no cenário macroeconômico.
Com o avanço nas vendas de veículos elétricos e aumento de 2% na receita trimestral, a empresa destacou a consolidação da Chevrolet como a marca de elétricos que mais cresce no país — atrás apenas da Tesla em volume de vendas.
O risco invisível do otimismo institucional
Enquanto as marcas de luxo recuam — casos da Audi e da Jaguar Land Rover — e grupos como a Stellantis suspendem operações no México e no Canadá, a GM mostra um tom diplomático e o diálogo contínuo com o governo.
Nos bastidores, busca preservar margens, manter o diálogo com a Casa Branca e reforçar alianças estratégicas com empresas como LG Energy, Samsung SDI e Honda.
Mesmo diante das incertezas comerciais, a empresa aposta em adaptação e crescimento. A imprevisibilidade das decisões políticas pode comprometer não apenas os lucros, mas o planejamento de longo prazo da indústria.
Na carta, Mary Barra não admite publicamente o desconforto, mas sugere o que se desenha nos bastidores: a estratégia da GM, ao menos por ora, é resistir — com paciência e pragmatismo.