A preferência do consumidor brasileiro pelos utilitários esportivos atingiu um novo patamar em abril de 2025. Segundo dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), os SUVs representam 51,5% das vendas de automóveis de passeio e comerciais leves no mês.
O avanço dos SUVs não é uma tendência recente, mas o dado de abril representa uma virada simbólica: em 2015, essa categoria representava apenas 13,44% do mercado — em comparação com relatório do mesmo mês.
A evolução confirma o reposicionamento estrutural do mercado, em que os utilitários esportivos se consolidam como o novo “carro da família brasileira”.
Crescimento mês a mês e no quadrimestre
Em comparação com março de 2025, as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram 7,07%, um salto de 184.058 para 197.076 unidades.
A participação dos SUVs, embora levemente menor que os 52,5% registrados em março, se manteve dominante e superou com folga os hatches pequenos (25,7%) e os sedãs (14,8%) — somados compactos, pequenos, médios e grandes.
No acumulado de 2025, os SUVs já somam 53,8% das vendas de automóveis, frente aos 47,1% registrados no mesmo período de 2024 — um crescimento de 6,7 pontos percentuais em apenas um ano.
Os SUVs mais vendidos de abril de 2025
1) Volkswagen T-Cross – 8.114 unidades
2) Toyota Corolla Cross – 6.232
3) Honda HR-V – 5.259
4) Hyundai Creta – 4.905
5) Fiat Fastback – 4.676
6) Jeep Compass – 4.542
7) Chevrolet Tracker – 4.297
8) Nissan Kicks – 4.006
9) Volkswagen Nivus – 3.615
10) Jeep Renegade – 3.380
Com exceção do Corolla Cross e do Compass, todos os modelos do top 10 têm versões abaixo de R$ 150 mil, onde é possível ver o esforço das montadoras em ampliar o acesso ao segmento por meio de modelos compactos e com bom pacote tecnológico.
O impacto nas demais categorias
Esse avanço tem provocado perdas significativas em outras categorias. Hatches e sedãs seguem em trajetória de retração.
Os hatches perderam quase 6 pontos percentuais em comparação com 2024, quando respondiam por 29,8% das vendas. Já os sedãs recuaram de 14,68% para 14,35%.
As picapes, por outro lado, mantêm desempenho estável e forte penetração regional, especialmente no interior e nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde a funcionalidade do veículo pesa na escolha do consumidor.
Enquanto os automóveis de passeio e comerciais leves cresceram 3,4% no acumulado do quadrimestre (714.785 unidades em 2025 contra 691.291 no mesmo período de 2024), os caminhões registraram queda de 0,7% e os ônibus avançaram 24,6%. Já as motocicletas seguem aquecidas, com alta de quase 9% no ano.
O que impulsiona o fenômeno SUV?
Especialistas apontam uma combinação de fatores: maior altura do solo e visibilidade, maior espaço interno e design robusto. Além disso, o avanço tecnológico permitiu oferecer versões mais econômicas e com recursos de segurança e conectividade em faixas mais acessíveis.
Com o cenário de crédito mais acessível e novas gerações de SUVs elétricos no país, a tendência é que o segmento mantenha a expansão. Enquanto isso, os hatches e sedãs precisarão se reinventar — ou seguir com a perda de terreno.